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Livros de 2014: retrospectiva.
Como já se tornou tradição aqui no blog, a minha listinha
dos livros mais legais do ano que passou não poderia faltar. Desta vez farei um
pouco diferente: a resenha será brevíssima, com poucas linhas para apresentação
geral do livro e complementarei com algum trecho da obra.
Alguns livros relacionados são difíceis de serem encontrados
– como Henry Miller e Stephen Nachmanovitch – e os interessados na leitura
terão melhores chances procurando em sebos pela internet ou da cidade.
Vamos à lista:
- Pesadelo Refrigerado,
de Henry Miller. O autor de “Trópico de Câncer” e da trilogia “Crucificação
encarnada” apresenta nesta obra relatos de viagem pelos cafundós dos Estados
Unidos e reflexões sobre a sociedade americana, valores de vida, artes, carros e mecânicos.
“O homem gordo, pretensioso, de cara
amarrada, de quarenta e cinco anos, que ficou assexuado, é o maior monumento da
futilidade que a América criou. Ele é um ninfomaníaco que não realiza nada. É
uma alucinação do homem paleolítico. É um feixe estatístico de gordura e nervos
abalados para o corretor de seguros transformar em uma tese assustadora”.
- Deuses sem homens, de Hari Kunzru. O
cenário é o deserto da Califórnia, onde encontrarmos um casal em busca do filho
autista de 4 anos desaparecido, um rock star entediado, uma seita alienígena,
um engenheiro de aviação da 2ª Guerra mundial... e tudo isso se passa em
capítulos com histórias divididas em estrutura não-linear – saltamos de 1958,
1970 para 2008 sem perder o fio da meada.
“Na cidade todos reclamavam. Nas rochas,
as moças se empoleiravam a 10 metros do chão, os seios nus balançando para
frente e para trás enquanto elas batiam com os martelos em alguma porca ou
parafuso. ‘Nosso trabalho’, confidenciou Montanha um dia, ‘é reconectar a Terra
à corrente de impressões espirituais’. ‘Por que?’ ‘Porque estamos cercados de
energia negativa, e ela está começando a alterar o eixo da Terra’.”
- O complexo de Portnoy, de Phillip Roth. Sem papas na língua e principalmente sem nenhum pudor, “O complexo de Portnoy” nos apresenta Alexander Portnoy, um judeu americano que descreve sua relação com a mãe, neuroses e sobretudo seus impulsos e vícios sexuais de forma muito aberta a um psicanalista. Divertido, insano, provocador.
- O complexo de Portnoy, de Phillip Roth. Sem papas na língua e principalmente sem nenhum pudor, “O complexo de Portnoy” nos apresenta Alexander Portnoy, um judeu americano que descreve sua relação com a mãe, neuroses e sobretudo seus impulsos e vícios sexuais de forma muito aberta a um psicanalista. Divertido, insano, provocador.
“Pare de ficar ruborizado, pare de se
envergonhar, você não é mais um filhinho da mamãe levado da breca! No que diz
respeito a seus apetites, um homem de mais de trinta anos só presta contas a si
próprio! Essa é que é a grande vantagem de ser adulto! Você quer pegar? Então
pegue! Seja um pouco transviado, pelo amor de Deus! PARE DE SE PRIVAR DO QUE
VOCÊ DESEJA! PARE DE NEGAR A VERDADE!”
- Dez mulheres, de
Marcela Serrano. De leitura fluida e em tom confessional, o livro da
escritora chilena Marcela Serrano apresenta histórias de noves mulheres de
idades e personalidades diferentes relatando experiências de vida em temas
ligados ao amor, luto, separações, política, solidão, identidade.
“Muito humilhada, resolvi parar de beber. Essa época foi um pesadelo. Eu enganava a mim mesma. Jurava intenções que não cumpria. Escondia garrafas. Tudo o que os filmes dizem sobre alcoólatras é verdade. O problema era como enfrentar minha maternidade estando sóbria. Ou melhor, como aceitar que tinha sido estuprada por três soldados em guerra no meu país de origem. E que o resultado desse ato era um filho.”
“Muito humilhada, resolvi parar de beber. Essa época foi um pesadelo. Eu enganava a mim mesma. Jurava intenções que não cumpria. Escondia garrafas. Tudo o que os filmes dizem sobre alcoólatras é verdade. O problema era como enfrentar minha maternidade estando sóbria. Ou melhor, como aceitar que tinha sido estuprada por três soldados em guerra no meu país de origem. E que o resultado desse ato era um filho.”
- A irmandade da uva,
de John Fante. Sou suspeito para falar sobre Fante, pois sou fã do estilo
rápido e objetivo do autor que, segundo Bukowski, “não tem medo da emoção”.
Este livro não ombreia com os fantásticos “Pergunte ao Pó” e “Sonhos de Bunker
Hill”, mas é John Fante puro, trazendo a história de Henry Molise voltando à
cidade natal para uma convivência difícil com o pai Nick – alcoólatra, jogador
compulsivo, temperamental.
“Tal pai, tal filho. Ah, Dostoiévski! Fiodor poderia ter surgido entre a neblina e colocado a mão em meu ombro e aquilo nada significaria. Como era possível um homem viver sem seu pai? Como poderia acordar pela manhã e dizer a si mesmo: meu pai se foi para sempre?”
“Tal pai, tal filho. Ah, Dostoiévski! Fiodor poderia ter surgido entre a neblina e colocado a mão em meu ombro e aquilo nada significaria. Como era possível um homem viver sem seu pai? Como poderia acordar pela manhã e dizer a si mesmo: meu pai se foi para sempre?”
- Este lado do paraíso, de Scott Fitzgerald. É sempre um prazer ler Fitzgerald! Embora este primeiro romance do autor (com toques autobiográficos) não se compare ao magistral “O grande Gatsby” ou “Os belos e malditos”, já encontramos elementos típicos da literatura de Fitzgerald: personagens nascidos em berço de ouro e sempre em busca do prestígio social.
“As pessoas, atualmente, se empenham tanto em acreditar em líderes, mas assim que dispomos de um reformador popular, um político, um soldado, escritor ou filósofo – um Roosevelt, um Tolstói, um Wood, um Shaw, um Nietszche -, a contracorrente da crítica procura destruí-lo. Meu Deus, nos dias de hoje nenhum homem pode manter-se numa situação de destaque. É o caminho mais seguro para a obscuridade. As pessoas enjoam de ouvir o mesmo nome repetidas vezes.”
- Diários de Adão e Eva, de Mark Twain. Samuel Langhorne Clemens, mais conhecido como Mark Twain, é um dos escritores presentes em minha formação literária. O título diz tudo: a vida de Adão e Eva em forma de diário escrito pelos próprios – e bem ao estilo do sr. Clemens: satírico, bem humorado e muito criativo.
“Passei a semana na cola dele, para nos conhecermos melhor. Eu é que tinha que ficar puxando conversa porque ele era tímido, mas não me importei. (...) Ele fala bem pouco. Talvez seja porque não é muito inteligente e, como é muito sensível em relação a isso, tenta disfarçar.”
- A elegância do
ouriço, de Muriel Barbery. Em um prédio de bairro elegante e chique de
Paris, encontramos uma zeladora filosófica, uma adolescente reflexiva e uma
gama de personagens peculiares. O romance, bem escrito, é recheado de filosofia,
literatura e bom humor.
“Quando me angustio, vou para o refúgio. Nenhuma necessidade de viajar; ir juntar-me às esferas de minha memória literária é suficiente. Pois existe distração mais nobre, existe mais distraída companhia, existe mais delicioso transe do que a literatura?”
“Quando me angustio, vou para o refúgio. Nenhuma necessidade de viajar; ir juntar-me às esferas de minha memória literária é suficiente. Pois existe distração mais nobre, existe mais distraída companhia, existe mais delicioso transe do que a literatura?”
- O país dos cegos e
outras histórias, de H.G. Wells. Herbert George Wells dispensa maiores
apresentações: se você já leu ou assistiu filmes como “A máquina do tempo”, “o
homem invisível” e “A guerra dos mundos”, já foi apresentado ao mundo
fantástico de Wells. Este volume compreende 18 contos do imaginativo autor
britânico.
“Durante catorze gerações aquelas pessoas tinham vivido na cegueira, isoladas do resto do mundo que era capaz de ver; os nomes de todas as coisas relativas à visão tinham se esmaecido e mudado.”
- Ser criativo – o poder da improvisação na vida e na arte, de Stephen Nachmanovitch. Trata-se de uma leitura acadêmica, mas o livro é delicioso: Nachmanovitch entrelaça elementos da música, arte, psicologia, filosofia oriental e literatura para trazer ótimas reflexões sobre o processo criativo e como ele brota em cada um de nós. “O que temos que expressar já existe em nós, é nós, de forma que trabalhar a criatividade não é uma questão de fazer surgir o material, mas de desbloquear os obstáculos que impedem seu fluxo natural.”
“Durante catorze gerações aquelas pessoas tinham vivido na cegueira, isoladas do resto do mundo que era capaz de ver; os nomes de todas as coisas relativas à visão tinham se esmaecido e mudado.”
- Ser criativo – o poder da improvisação na vida e na arte, de Stephen Nachmanovitch. Trata-se de uma leitura acadêmica, mas o livro é delicioso: Nachmanovitch entrelaça elementos da música, arte, psicologia, filosofia oriental e literatura para trazer ótimas reflexões sobre o processo criativo e como ele brota em cada um de nós. “O que temos que expressar já existe em nós, é nós, de forma que trabalhar a criatividade não é uma questão de fazer surgir o material, mas de desbloquear os obstáculos que impedem seu fluxo natural.”
- Amar ou depender,
de Walter Riso. À primeira vista parece um livro de autoajuda; no entanto
vai além disso: é sobre inteligência emocional, relações humanas e equilíbrio.
Confira a resenha que escrevi AQUI.
“O amor é que o somos. Se você for
irresponsável, sua relação amorosa será irresponsável. Se for desonesto, se
unirá à outra pessoa com mentiras. Se for inseguro, seu vínculo afetivo terá
ansiedade. Mas se você for livre e mentalmente saudável, sua vida afetiva será
plena, saudável e transcendente.”
-Elvis economiza
gasolina em cinco marchas, de Ana Cecília Romeu. Primeiro livro da
escritora gaúcha, Ana Cecília nos brinda com a leveza de crônicas primorosas sobre
diversos temas do cotidiano. Confira a resenha que escrevi AQUI.
“Se estamos vivos é para vivermos, reserva em excesso pode não ser recomendando, e nossos dias, ainda que protagonizados por única personagem, exigem mais atores para o roteiro. O ser humano não sobrevive de monólogo, e nunca, jamais, um vinho é bom com a garrafa fechada. Não interessa a safra ou procedência: vinho é para ser bebido.”
- Demian, de Hermann Hesse. Há livros que a cada releitura sempre descobrimos algo novo, diferente. E “Demian” é um livro que merece a(s) releitura(s) porque parece dialogar com nosso “eu” em busca do autoconhecimento através da história de Emil Sinclair e Max Demian.
“Que consigamos, tu, eu e alguns outros, renovar ou não o mundo é coisa que em breve se verá. Mas, dentro de nós mesmos, temos que renová-lo a cada dia.”
“Se estamos vivos é para vivermos, reserva em excesso pode não ser recomendando, e nossos dias, ainda que protagonizados por única personagem, exigem mais atores para o roteiro. O ser humano não sobrevive de monólogo, e nunca, jamais, um vinho é bom com a garrafa fechada. Não interessa a safra ou procedência: vinho é para ser bebido.”
- Demian, de Hermann Hesse. Há livros que a cada releitura sempre descobrimos algo novo, diferente. E “Demian” é um livro que merece a(s) releitura(s) porque parece dialogar com nosso “eu” em busca do autoconhecimento através da história de Emil Sinclair e Max Demian.
“Que consigamos, tu, eu e alguns outros, renovar ou não o mundo é coisa que em breve se verá. Mas, dentro de nós mesmos, temos que renová-lo a cada dia.”
E você? Quais foram as suas leituras preferidas
de 2014?
Jaime, meu caro!
ResponderExcluirVolto para ler com mais tranquilidade. Neste momento, apenas te agradeço pela referência ao meu livro e fiquei muito feliz por você tê-lo incluído entre suas leituras preferidas de 2014!
Obrigada por tudo!
Beijos e um feliz 2015!
Uma das leituras mais prazerosas de 2014, Ana Cecília! :-) Um beijo e grato também! Que 2015 seja de muito êxito!
ExcluirAcho que, pela primeira vez, não li nenhum desses livros que vc indicou :O Mas pelo menos já li alguns dos autores rs. Vou anotar pra ler no futuro! abração e vivam as tradições dos blogssss!!!
ResponderExcluirNão deixemos certas tradições acabarem, né, Cris? rs :-) Grande abraço!
ExcluirJaime, eu adoro esse tipo de postagem, pois é uma maneira de descobrir novos livros. Eu anotei uns três para ler. Legal! Beijinhos.
ResponderExcluirQue legal, Aline! Espero que você goste das leituras! :-) Beijinhos!
ExcluirPassando para agradecer a sua doce visita e, também, para desejar uma bela semana. Beijinhos.
ExcluirNunca sei se fico frustrada ou entusiasmada quando vejo um post literário onde não há quase nenhum livro que eu conheço. Dessa vez me são familiares Henry Miller e Mark Twain. Vou procurar este do Miller primeiro porque é sobre um tema que eu gosto muito.Depois vou procurar "O país dos cegos e outras histórias".
ResponderExcluirSempre bom ver indicações pela blogosfera.
Belo 2015, Jaime!
Abraço
Luria, quem dera se eu pudesse ler também todos os livros que eu pudesse...rs Por isso também gosto de indicações. Espero que o seu 2015 seja de ótimas leituras! E tudo de bom pra você! :-) Um abraço!
ExcluirGostei do post, como foto e resenha dos vários livros; ficamos com uma boa sinopse e imagem do que aconselha :)
ExcluirObrigadão, amigo, e um abração imenso :)
Obrigado, Daniel! Bom que tenha gostado! Grande abraço!
ExcluirQue dez Jaime dos que você indicou eu só li da Ana Cecília, diga de passagem, uma ótima escritora.
ResponderExcluirAh, eu também amo fantoches, tanto que tenho um baú, cheio deles, para as minhas contações. rs..
GrANDE BeIJo!
Um grande beijos
Oi, Rute! Sim, a Ana Cecília é mesmo ótima escritora - assim, o livro dela é uma leitura agradabilíssima! Fantoches são legais, eu gosto. rsrs Beijos!
ExcluirOlá Jaime!
ResponderExcluirÓtima sua lista! Também amo ler, cada livro é uma viagem! Já li Hermann Hesse e gostei da sua lista! Adoro rock dos anos 60 e 70! Bem legal o seu blog! Adorei conhecê-lo e fiquei feliz com sua visita em meu blog, esta interação só nos faz evoluir e aprendermos uns com os outros. Seja sempre bem-vindo! Tenha um Feliz 2015! :)
Abraço
Olá, Bia! Muito obrigado por sua vista e gentis palavras. Seja bem-vinda também e fique à vontade! Feliz 2015! Abraço!
ExcluirJaime,sempre generoso!
ResponderExcluirObrigada por compartilhar sua 'listinha' de livros com seus leitores.As resenhas são brevíssimas,porém te insere perfeitamente dentro da história.Espero ter a oportunidade de ler algumas das obras aqui indicadas...Tenho que ler 'Elvis economiza gasolina em cinco marchas', de Ana Cecília Romeu...Tinha prometido,então será o primeiro da lista.rsrsrs Também espero ler assim que eu puder 'O país dos cegos e outras histórias',achei interessante a temática.
Beijão,Jaime!
Dani.
Oi, Dani! Ah, espero que você goste do livro da Ana Cecília - é uma leitura prazerosa, sem dúvida! E o livro de H.G.Wells é um prato cheio para fãs de ficção científica - e da boa literatura em geral. :-) Beijo!
ExcluirGostaria de ter lido mais em 2014, é algo que quero mudar nesse ano. Leituras por prazer mesmo, não aqueles que temos de ler. Espero conseguir.
ResponderExcluirAnotando já nomes da tua lista ;))
Beijoo'o
Oi, Simone. Ah, leitura por obrigação realmente não motiva ninguém, não é mesmo? Espero mesmo que você consiga realizar suas leituras prazerosas em 2015. :) Beijo!
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