CHINESE DEMOCRACY ( finally!!!) STARTS NOW!

Peço licença aos corajosos 3 ou 4 leitores deste tosco blog para tratar de um assunto banal desta vez, mesmo com discussões sobre cotas para afro-descendentes e para alunos de escolas da rede pública estarem na pauta de vários veículos e serem infinitamente mais importantes do que será tratado aqui.

Mas é que o ano de 2008 foi – e continua sendo - estranho. Estados Unidos e Inglaterra estatizando bancos, Eurico Miranda deixando a presidência do Vasco, terremoto em São Paulo, polícia x polícia, José Serra aclamado como “líder carismático”, a morte da Dercy Gonçalves e por aí vai. Quando pensamos que nada mais surpreendente poderia acontecer, eis que Axl Rose resolve lançar o lendário Chinese Democracy, já disponibilizado para audição no MYSPACE.

O álbum que vem sendo prometido há mais de uma década e que consumiu a fábula de US$ 15 milhões ao longo dos anos finalmente é lançado de forma oficial no último dia 23. De forma oficial, pois diversas músicas (mesmo em suas versões “demo”) do álbum já “vazaram” pela internet nos últimos anos e davam uma idéia do que poderia ser Chinese Democracy.

IRREGULARIDADE
É o que marca o novo álbum do Guns n’ Roses, que agora se resume a Axl Rose e um punhado de (bons) músicos. Na verdade, talvez esse seja o problema de Chinese: é um álbum que leva o nome do Guns n’ Roses e não do remanescente, o egocêntrico Axl Rose.

Quando se fala em Guns n’ Roses logo vem à mente grandes canções como Welcome to the Jungle, Sweet Child O’ Mine, Rocket Queen, You Could be Mine e mais uma coletânea de músicas com riffs certeiros e solos de guitarra envenenados. Cortesia dos ex-guitarristas Slash e Izzy Stradlin, base de quase tudo de bom que o Guns já lançou até hoje. Slash deixou a banda justamente pelo motivo do vocalista querer “mudar a direção e buscar novas sonoridades”, fascinado com Nine Inch Nails e seu rock industrial.

Ao ouvir Chinese..., a primeira coisa que qualquer fã ou simpatizante da banda faz é comparar este álbum de 2008 com qualquer outro que o GN’R tenha feito anteriormente. Quem fizer isso vai chegar à conclusão que o disco é ruim; mas quem ouvir Chinese e comparar com o que vem sendo atualmente no cenário rock, pode até chegar à conclusão de que o disco tem suas virtudes, podendo até ser classificado como bom.

Claro, há bons momentos: a faixa-título, a despeito de sua longa e cansativa introdução “repleta de suspense”, traz um bom riff de guitarra e é bem pesada; a música “Better” tem refrão ganchudo, boas guitarras e uns rococós eletrônicos que Axl tanto perseguiu ao longo dos anos para tentar soar “moderno”. Estes mesmos rococós acabam soando exagerados e desnecessários em músicas como “Shackler’s Revenge” (que soa como um Nine Inch Nails embolorado) e “If the World”.

“If the World”, falando nela, é uma das músicas mais singulares do álbum e até mesmo do que ouve-se por aí. Uma guitarra flamenca, uma base funkeada (não confundir com o batidão carioca!), os rococós eletrônicos aqui e ali. E a voz esganiçada de Axl temperando tudo. A música é uma herança do estranho e genial guitarrista Buckethead, que deixou o GN’R em 2005. Quem ouve os trabalhos solo do guitarrista não se surpreende com esse tipo de som. É incomum. Não é ruim, pelo contrário, mas a voz de Axl não “casou” com esse estilo.

Continuando com os bons momentos, eles reaparecem em “There Was a Time”, “The Street of Dreams” (que já era tocada ao vivo desde o Rock in Rio 2001 com o nome “The Blues e é uma belíssima canção, talvez a que mais lembre o Guns n’ Roses da época dos álbuns “Use your Illusion”) e “Madagascar” (outra velha conhecida dos fãs e uma música bastante interessante).

Há boas idéias que foram desperdiçadas por excesso de produção. “Catcher in the Rye” é uma música de altos e baixos que começa muito bem, mas torna-se uma confusão de solos e a voz do Axl da metade pra frente, deixando-a cansativa; “Sorry” é outra balada que tem potencial, mas a introdução nada inspirada acaba comprometendo o resultado; “IRS” era bem melhor e mais pesada nas versões “demo”.

Nota-se em outras baladas do álbum ( Prostitute e This I Love) toda a influência que bandas como Queen , Electric Light Orchestra e o cantor Elton John exerceram em Axl Rose. Infelizmente são músicas descartáveis, assim como as pesadas “Rhiad and the Bedouins” ( apesar dos bons solos) e “Scraped” ( o coral de vozes sobrepostas de Axl na introdução mata a música).
AXL ROSE SÉCULO XXI
Chinese Democracy vai tocar nas rádios e será sucesso comercial (já bateu recordes de execução no myspace: em 48 horas foram 1,3 milhões de execuções). Como disse o guitarrista Zakk Wilde ( ex-Ozzy Osbourne), Axl Rose é um cara muito esperto. A lenda de Chinese Democracy e suas jogadas de marketing quase deixaram a música em segundo plano. As demos “vazadas” na internet para o público se acostumar ao “novo GN’R”, sem Slash e cia...
Chinese Democracy entrou para a história, mais pela lenda e marketing do que pela música em si. Ao contrário do que dizem, Axl soube adequar-se a estes tempos onde tudo é fugaz e descartável. 15 anos sem gravar nada inédito é suicídio para qualquer artista. Mas Axl conseguiu manter fãs ávidos por um novo material durante esse tempo todo e provavelmente consiga mais alguns com essas novas músicas. Pra quem já falou que a Internet parecia uma "lata de lixo", Mr. Rose saiu-se muito bem.

Com tudo isso houve um superdimensionamento do álbum. Expressões como "o mais aguardado de todos os tempos" e "o lançamento mais desejado da história da música" estão aí. Não é revolucionário, não é um Apettite for destruction e tampouco um volume de Use Your Illusion. Não é ótimo, mas também não é péssimo e nem ruim. É apenas um álbum muito bem produzido com algumas boas músicas de rock e experimentalismos. Diante do que temos atualmente, está até bom demais.

4 comentários:

  1. Em fase de testes:

    http://grooeland2.wordpress.com

    Mas já tem um texto tosco lá.

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  2. eu achei o ultimo album do guns uma grande merda coisa totalmente produzida pra radios =/
    quemera fã se decepcionou

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  3. Concordo plenamente com você. Em vista dessas bandinhas emos coloridas, o Chinese Democracy é praticamente a trilogia Led Zeppelin. Parabéns pelo seu blog!

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  4. Achei por aqui uma postagem mencionando o Axl... como curto Guns pra caramba, vim dar uma espiada. Comprei o Chinese e não achei ruim... só é totalmente diferente do que me acostumei quando Guns foi me apresentado através de álbuns como Appetite for Destruction, Use Your Illusion I e II, enfim... o fato é que sempre considerei o Axl um artista extremamente talentoso e quis acompanhá-lo nessa nova produção... mas não chegou a ser marcante como as músicas antigas que ainda insisto em escutar seguidamente e que pra mim representam o melhor do nome Guns N' Roses...

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