Roberto Ferreira, Diva Guimarães e Helley Abreu Batista. Não
se tratam de nomes badalados nas mídias, não são famosos. Mas são dois nomes
que merecem ser lembrados e admirados. Em comum, a profissão: professores.
Roberto Ferreira é o professor que procurou acalmar seus
pequenos alunos com música enquanto um tiroteio acontecia no entorno da escola,
no Rio de Janeiro; Diva Guimarães é a professora aposentada que contou sua
trajetória na Feira Literária de Paraty (RJ) e emocionou a todos; Helley Abreu
é a professora que tentou impedir um criminoso de jogar álcool e atear fogo em
seus alunos em uma creche de Minas Gerais. O professor Roberto está aí para
contar para contar sua história, bem como a professora Diva fez em Paraty. Infelizmente, a professora Helley teve 90% do
corpo queimado e não resistiu.
Estes exemplos demonstram que ainda podemos ter
esperança na humanidade, apesar do trágico desfecho com a professora mineira.
Os tempos atuais estão áridos, os noticiários apresentam fatos e notícias desanimadoras todos os dias e manifestações de ódio dão o tom principalmente nas redes sociais, onde o passatempo preferido de muitos internautas aparentemente é agredir uns
aos outros e descarregar todas as ignorâncias e preconceitos possíveis. Tudo isso nos exaure emocionalmente e aos poucos acontece o pior: simplesmente deixamos de nos importar. Admitimos que "é assim mesmo", naturalizamos e incorporamos toda a aridez destes tempos.
O que os professores e as professoras fazem, ao menos boa
parte deles, é manter a esperança viva através da Educação, apesar de inúmeras
dificuldades. Não é preciso repetir o quanto a profissão docente é
desvalorizada no Brasil – todos sabemos. Mesmo assim, os professores não
desistem. Há alguns anos estive em uma palestra voltada para administradores e
gestores e o palestrante afirmou que o perfil do funcionário do século XXI é
aquele que reúne características como flexibilidade, dinamismo, criatividade,
espírito de liderança e trabalho em grupo. Imediatamente pensei nos
professores, que reúnem todas essas características. Sim, há problemas quanto à
formação docente, mas é preciso falar também das qualidades destes
profissionais que estão sempre em busca do melhor para suas aulas e alunos.
Quem é professor sabe como funciona: um filme ou uma música durante o momento
de lazer pode se transformar em plano de aula; até a estampa de uma camiseta em
um aluno vira aula e das boas – por exemplo, a camiseta com o símbolo do
Capitão América para explicar a origem do herói e contextualizar com a 2ª
Guerra Mundial e a entrada nos Estados Unidos no conflito. Eu já fiz isso e foi ótimo.
Tudo o que eu falei até agora tem a ver com a parte
pedagógica da profissão, mas vai além de conteúdos de inglês, matemática,
história, português: quantas vezes os professores não fizeram as vezes de conselheiros,
incentivadores, ouvintes de alunos que carecem apenas de um pouco de atenção?
Quantas vidas não foram modificadas através de um professor ou professora que
dedicou alguns minutos do seu tempo para aconselhar sobre caminhos tortuosos,
para incentivar algum talento, para ouvir histórias de vida que fornecem pistas
sobre o desinteresse nos estudos e baixo rendimento de alunos? A visão
pragmática sobre Educação que tem como argumento “professor tem que ensinar somente
o conteúdo e nada mais” não se sustenta diante do que encontramos todos os dias
nas escolas.
Como já afirmei, estes tempos estão áridos para todos. Os
professores também sentem isso através da violência (o Brasil é um dos países que mais agridem docentes), do desprestígio social/profissional e problemas de
saúde decorrentes da profissão, sem contar uma marcha delirante, perigosa e que
visa cercear a autonomia docente como o projeto “Escola Sem Partido”. Poucos jovens querem seguir a carreira de professor e precisamos mudar a forma como tratamos a Educação. Diante de tantos
problemas e tamanho descaso, a pergunta que sempre surge é: como os professores
resistem e continuam nesta profissão?
Uma boa resposta vem do filósofo e professor Mario Sérgio
Cortella: “Nós acreditamos numa coisa incrível: que gente foi feita para ser
feliz e que esse é o nosso trabalho”. Longe de recorrer a clichês de autoajuda
ou apelando para o senso comum que atrela o magistério ao sacerdócio, qual é o
professor que não se alegra ao ver o desenvolvimento de seus alunos? Em tempos
raivosos e turbulentos, termos como “esperança” e “sonho” podem parecer
ingênuos e até tratados como bobagem, mas se resistimos é porque ainda
acreditamos que a Educação é transformadora e libertadora.
Certamente é o que move o professor Roberto, a professora
Diva e o que movia a professora Helley. É o que me move e também a muitos
colegas pelo Brasil, professores que não abandonam a esperança e o sonho e
procuram compartilhá-las os seus alunos. Em tempos de negatividade, ignorâncias ostentadas e apatia, não podemos esmorecer - e não iremos.
Boa tarde Jaime, querido!!
ResponderExcluirParabéns pelo dia do Professor, tarefa esta típica de guerreiros que dão o sangue e a fibra para a educação de seus alunos.
Não é uma profissão fácil, é muito árdua, precisa de muito amor e responsabilidade e nos dias atuais, também perigosa e sofrida.
Me emocionou demais o caso da Professora Helley Batista, que salvou muitas crianças de serem mortas brutalmente por um lunático. :( Até quando né amigo? O mundo está doente mentalmente, pois as agressões estão por todos os lados. E até em um ambiente, teoricamente seguro, não existe mais paz.
Meu pai também foi professor, aposentou-se há mais de 20 anos e até hoje ainda não perdeu o entusiamo de ensinar, praticando atualmente junto ao neto...rsrs
Meu tio também foi professor, mas aposentou-se vítima de "TOC" em razão da difícil tarefa de ensinar alunos adolescentes problemáticos... :(
Por isso digo amigo, jamais desista!! É a profissão cerne, a profissão mais linda que existe!
Deixo desejos de força, admiração e parabéns!!
Linda semana amigo!! :)))
Beijos!!
Boa noite Jaime!
ResponderExcluirParabéns pelo dia do Professor, tenho muito respeito e admiração pela profissão. Estou atrasada mais é de coração.
Que bonita homenagem a esses educadores. A Professora Helley Batista foi muito corajosa, uma heroína, mostrou que estava ali realmente pra proteger todas aquelas crianças, não teve medo, perdeu sua vida pra salvar aquelas crianças. Ser professor é, muito antes de ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor. O aluno é como se fosse um solo fértil, onde o professor semeia suas melhores sementes com amor e sabedoria para que se produzam belos frutos.
O que seria do maior de todos os seres se não existisse o professor, onde estariam os médicos, engenheiros, diplomatas, enfim todos que são bem sucedidos na vida, do menor ao maior.
O dia do professor deveria ser um feriado nacional em agradecimento a quem tanto faz para o bem da humanidade. Não é fácil ser professor nos dias de hoje. A violência em sala de aula está aumentando a cada dia. Assisti ano passado uma entrevista de uma professora que parou de lecionar porque ficou com a síndrome do medo. Os educadores trabalham em situações extremas de nervosismo, medo e angústia. Preparam aulas maravilhosas e não conseguem colocar em prática. Não é possível produzir se o ambiente e as condições não são favoráveis, o resultado é a baixa qualidade do ensino e não está pior porque muitos não desistem. A maioria é consciente de suas responsabilidades: transformar vidas, mudar a realidade caótica de muitas crianças e adolescentes, prepara-los para serem cidadãos críticos, conscientes, responsáveis e com uma formação moral e ética por uma sociedade melhor. O professor muitas vezes não tem direito de chamar atenção do aluno porque corre o risco de ser ameaçado, até mesmo espancado. A relação professor/aluno deve ser cultivada e respeitada, pois um depende do outro e assim os dois crescem e caminham juntos.
Eu não sei por que tanto ataques dentro de escolas, aconteceu mais uma tragédia dia (20) onde dois alunos morreram e mais quatro ficaram feridos em colégio de Goiânia.
A coordenadora que convenceu o adolescente de 14 anos a parar de atirar foi muito corajosa, arriscou a própria vida. Se ela não tivesse agido rápido a tragédia teria sido maior. Na minha família tem vários professores que exerce a profissão por amor, porque gosta do que faz, mesmo sabendo do risco que corre todos os dias. Tem muitas salas de aula que os adolescentes colocam banca, querem mandar, e o professor pra não correr o risco, silencia. Ninguém quer ser professor com o salário que ganha e com as condições de trabalho oferecidas nas escolas.
Penso que se nada for feito na educação brasileira, daqui alguns anos não vai ter mais educadores em salas de aulas. Triste, mais é a realidade.
Boa semana Jaime!
Um beijo e um sorriso!
Lindo texto, enaltecendo a nossa profissão sem deixar de refletir!
ResponderExcluirSomos semeadores de sonhos, criadores de amanhãs. Por isso não desistimos!
Ah, parabéns atrasado, ehehhe.
Abraços!!!!