Demagogias na educação


É bastante curioso constatar que a Educação figura sempre no topo das prioridades em discussões quando relacionadas ao “desenvolvimento do país”. Pena que fique apenas nos discursos – sobretudo no já famoso “Educação é fundamental” -, na politicagem partidária e em algumas propostas demagógicas.

Recentemente a presidente Dilma Rousseff afirmou ser favorável à educação em período integral nas escolas públicas. No novo Plano Nacional de Educação uma das metas é chegar até 2020 com 50% das escolas públicas de ensino básico oferecendo Educação em tempo integral; já o Ministro da Educação, Fernando Haddad, sugere o aumento de dias letivos nas escolas – de 200 para 220 dias, além de aumentar também a carga horária dos estudantes.

Educação nunca é demais. E educação em período integral é algo defendido, estimulado e experimentado há muito tempo – basta lembrarmos de Anísio Teixeira. Mas observem bem esta foto* ao lado. Você não está enxergando mal: isso é uma escola, localizada no bairro de Pau da Lima, em Salvador.

Tentem imaginar crianças e adolescentes passando o período integral em uma escola como esta, que eu gostaria de acreditar que está desativada e os alunos transferidos para uma outra unidade escolar em melhores condições no bairro. O educador Paulo Freire já alertava em sua fundamental obra Pedagogia da Autonomia sobre a “pedagogicidade indiscutível na materialidade do espaço”. Ou seja, o espaço e a estrutura física de uma escola são componentes pedagógicos que também propiciam melhor aproveitamento na relação ensino-aprendizagem e no respeito ao bem público: “Como cobrar das crianças um mínimo de respeito às carteiras escolares, à mesa, às paredes se o Poder Público revela absoluta desconsideração à coisa publica?

Não é difícil encontrarmos escolas como esta pelo Brasil - na verdade é até corriqueiro. Os programas jornalísticos na TV exibem com relativa frequência reportagens sobre prédios escolares em péssimas condições e alunos de séries diferentes dividindo o mesmo espaço. É muito difícil ensinar e bem mais difícil aprender em ambientes assim. Educação em período integral em escolas que são desrespeitadas em seu espaço – para utilizar outra afirmação de Freire – não irá acrescentar avanços na educação brasileira.

Outro fator que apenas acrescenta quantidade e não qualidade é o aumento de dias letivos na escola. Para o ministro Haddad o número de dias letivos no Brasil é inferior ao de demais países. Será que é mesmo? O Brasil tem menos dias letivos do que a Indonésia ( 253 dias para o ensino fundamental I), a Coréia do Sul ( 220 dias) e o Japão ( 201 dias). Empata com México e Dinamarca ( 200 dias) e supera países como Espanha ( 176 dias), Finlândia ( 188 dias), Alemanha ( 193 dias) e a vizinha Argentina ( 170 dias). O que fica claro é que não se trata de esticar o tempo que os estudantes passam na escola, mas sim conferir qualidade a este tempo.

As perspectivas para a melhoria da educação em um cenário onde muitas escolas funcionam de modo precário e do qual professores precisam entrar em confronto com policiais e promover greves de 100 dias para fazer valer o direito de receber um mísero piso salarial com pouco mais de mil reais não são promissoras. Qualquer proposta para o setor que não contemple com seriedade a questão salarial, carga horária e formação continuada de professores, além da estrutura física e o resgate da escola como espaço lúdico e de difusão do conhecimento soa como demagogia ou reles discurso político partidário.

*Créditos da foto: Jornal da Metrópole, ed.170, 30/09/2011

* Dados dos dias letivos pelo mundo: SINPRO

26 comentários:

  1. O grande problema da educação, ao meu ver, é que para que ela receba a devida importância, ela precisa envolver TODA a sociedade:
    - os políticos para poderem fornecer infra-estrutura física, materiais didáticos, merenda e um salário decente ao professor,
    - dos pais para incentivar os seus filhos e juntar-se à causa,
    - dos alunos que precisam ser educados sobre a importância de uma educação de qualidade para o seu sucesso pessoal e profissional (ou não).

    Todo esse crescimento econômico do Brasil que vem sendo exaltado pelo governo, pode ser interrompido se não tivermos mão-de-obra qualificada. Vamos fazer o quê para evitar a estagnação na expansão econômica, trazer gente de fora do País? Então seria bom para os empresários se eles pressionassem o governo a investir mais em educação e na formação de profissionais qualificados, do contrário, viraremos uma espécie de China sul-americana onde as transnacionais são as grandes empregadoras e nós somos apenas mão-de-obra barata.

    E os pais têm que fazer alguma coisa ao invés de simplesmente mandarem os seus filhos para as escolas públicas mais próximas. Não é só uma questão de preocupar-se com o futuro deles, mas é uma questão também de que eles se tornem independentes mais cedo, sem que precisem morar com eles e tornarem-se "Tucos-da-vida" (A Grande Família feelings) com 30 anos na cara, sem emprego e dependentes dos pais. Eles devem procurar uma escola pública de qualidade (sim, ainda existem, como os Institutos Federais) ou então apelar para as particulares. As escolas públicas não têm estrutura para preparar os alunos para tirarem uma nota boa no ENEM e universidades federais, por isso poucos são aqueles que ingressam no ensino superior.

    Acho que talvez a valorização da educação dependa mais do interesse do povo do que dos interesses políticos e empresarias.

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  2. Kid Jaiminho,
    este é um comentarinho, só para te avisar que assim que der vem o comentariãoooo, tá bom?
    Feliz dia dos professores! E muitíssimo obrigada pelo comentarião por lá, sempre muito bem vindo!
    Beijinhos e inté :)

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  3. Olá Jaime! Antes de tudo agradeço seu comentário em meu blog. Apesar da minha revolta com a educação tenho muito que comemorar hoje. Realizei meu concurso em 2000 e demorou 5 anos pra ser chamada. Em meu município, se vc não tem parentesco na prefeitura, pode tirar a melhor nota do mundo que não é chamado. Eu tive a sorte do prefeito, que havia acabado de assumir, querer mostrar simpatia pela classe e chamar todos do último concurso. Durante esses 5 anos trabalhei em uma escola particular, monitora de recreação no parque da Monica ,duas lojas grandes de brinquedos que exigiam que seus funcionários tivessem magistério, uma loja de joias, e por fim fui proprietária de uma loja de presentes importados Gosto muito do que faço e sei que faço bem, mas como qualquer profissional adoraria ser valorizada. Apesar estar a 7 anos lecionando, ganho menos que qualquer pessoa que entre no concurso atual. Mas quanto a sua reflexão, é incrível como nossos políticos não conhecem o país que eles governam. Nossa presidente não sabe como estão as escolas para querer implantar período integral. E como o P Florindo relatou no final de seu comentário, a valorização da educação depende mais do interesse do povo e a grande maioria não valoriza as escolas que possuem. Na escola que trabalho, a educação em uma das melhores do município, mas os moradores preferem colocar seus filhos nas escolas do centro mesmo que tenham que pagar transporte. Quase todo mês, a diretora é chamada para prestar contas das reclamações recebidas na ouvidoria por coisas idiotias como: meu filho perdeu a borracha, a professora não dá beijos nos alunos, briga que nem se passou na escola, e assim vai. Nas reuniões sempre falo para os pais, que se eles não valorizam a escola da comunidade, quem vai fazer isso? As pessoas tbm se deixam influenciar muito fácil pela mídia. Como no caso do jornal nacional que passou aqueles salários dos sonhos e muitas pessoas acham que todo professor ganha aquilo! As propagandas do governo que mostram todas aquelas obras e projetos que nunca chegam, mas os pais cobram! Dentro de uma escola somos obrigados a exercer funções que não são nossas e nem temos formação. Quando quebra algo solicitamos à prefeitura que envie alguém para fazer manutenção, mas demoram. Porém, quando acontece algum acidente, diretor e professores são quem respondem mesmo que manutenção e contratação sejam responsabilidades da prefeitura. Mas um dia tudo isso muda, espero que para melhor, e como dizem meus alunos todos serão felizes para sempre. Abraços

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  4. Boa noite, querido amigo Jaime.

    Adorei o seu documentário.
    Há tanto tempo que já vêm atrapalhando o ensino, que acho que qualquer melhoria irá demorar muito para fazer a diferença.

    A qualidade do ensino parece ter sofrido um terremoto. Seria bom, que os autores de tantas reformas ridículas, tivessem os seus nomes na mídia.

    "Em time que está ganhando não se mexe".
    Mas mexeram tanto, que a alfabetização ficou cada vez mais distante das crianças.

    Sobre as greves fica difícil opinar, porque onde há direitos há deveres.
    OS ALUNOS VIRAM REFÉNS.

    Tenha uma linda semana abençoada.

    Beijos.

    (Tenho um filho que é professor)

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  5. Cara, adorei! Parabéns pela reflexão crítica e com senso de ética bastante apurado. Um ótimo domingo.

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  6. Jaime, Jaiminho,
    voltei!
    Meu amigo, que horrível essa foto. parece uma pegadinha, admito... achei que era uma pegadinha tua! :)
    Mas, infelizmente não é.

    E o que dizer daquelas salas de aula dentro de containers? (é assim que se escreve?), em pleno calor de 40 graus e as crianças e a professora assando lá dentro!

    As condições gerais beiram ao caos.
    Estudei minha vida toda, com exceção da universidade, em escola pública, mas conclui meus estudos secundários em 86 (tá bom, não fica calculando minha idade... rsrs), mas sério, lembro-me de greves homéricas aqui no RS, uma de quase 2 meses, o pessoal que estava no terceiro ano, só sendo gênio para passar no vestibular.

    Mas recordo-me também de professores que traziam material de casa, pois no colégio estava estragado o mimiógrafo (lembra dele?).

    Minha mãe foi professora primária, hoje aposentada, sei o que passa um professor trabalhando em escolas sem estrutura,são os caras mais criativos que conheci, superam, muitas vezes, profissionais da publicidade, entre outros que vivem da criatividade!

    Quando a Argentina e Uruguai, que posso te dizer melhor, pois tenho primos uruguaios, morei por lá, e tenho amigos na Argentina. É fato que eles tem menos dias letivos, no entanto, mais carga horário. Na maioria das escolas, os alunos vão pela manhã, almoçam por lá, e algo em torno de 15 a 16h é que são liberados. E é estudo e estudo, nada de gandaia! A estrutura é toda mais forte e o número de analfabetos nesses dois países é quase zero! E leem muito também!

    Jaiminho, se me lembrar de mais alguma coisa, volto!

    Beijinhos e ótima semana :)

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  7. Peterson,

    de fato há muito o que se fazer. A escola assume muitas responsabilidades e acaba "perdida" em vários processos. Há algum tempo que políticas educacionais vêm "atirando para todos os lados" na esperança de acertar algum alvo, ter algum norte ou respaldo para e com o que trabalhar. Há progressos até mesmo neste cenário - sempre se acerta um tiro - mas é preciso que outros atores entrem em cena também! :)


    ***

    Tane,

    eu que agradeço ao seu comentário e depoimento aqui no meu blog, obrigado! :)

    E para complementar tudo o que você disse, notamos claramente que há professores em desvio de função. Ora, eu já vi professores na cantina da escola para garantir a merenda dos alunos - ou então os produtos estragariam no depósito. Já vi professores fazendo a limpeza das salas e do pátio quando não há funcionários - por estarem em greve ou pela secretaria não enviar. E isso acontece MUITO em escolas particulares, onde muitos casos são "abafados" para que o marketing de "educação de qualidade" que muitas propagam permaneça. E quando é uma estagiária, minha nossa, até banheiro ela precisa limpar. Recusou? Adeus.

    Situações assim em outras empresas renderiam um belo processo. Mas no setor da educação fica tudo por isso mesmo. Muitos professores têm medo de denunciar porque poderiam ficar com o nome "queimado" na praça. Isso é comum, infelizmente.

    Abraço! :)


    ***

    Amapola,

    Que bacana o seu filho ser professor! Sabe, eu acho que ainda há o que comemorar - embora muito pouco - neste dia. Há sempre os alunos que surpreendem. Se eu mantenho alguma motivação para entrar em uma sala de aula, deve-se a alguns alunos.

    E saber o que é, Amapola? Nestes tempos em que as tecnologias da comunicação e informação estão presentes, é preciso mesmo adaptá-las ao ensino. Mas o tradicional não é ruim. E muitos acham que é, é algo a ser abolido. Alguns tradicionalismos na educação ainda valem e rendem bons resultados - note que citei alguns rs

    Beijo e obrigado! :)


    ***

    Adê,

    obrigado! :) Vez eu quando eu acerto uma, né? rs Volte sempre que quiser :)


    ***

    Cissa, Cissinha,

    Eu que agradeço pelas palavras e pelo comentariãããão aqui! rs

    Mimeógrafo? Sei de escolas que ainda usam! Ano passado mesmo, em uma escola onde leciono, tivemos que quebrar o galho com um mimeógrafo para "rodar as provas". Eu já tirei do próprio bolso várias e várias "cópias xerox" de assuntos e temas para as aulas, já levei aparelho de DVD de casa para a escola, rádio, enfim, eu também passei por dificuldades quanto aos materiais que não foram fáceis - e quando montei todo o aparato, constato que a tomada não funcionava. Que cenário! rs

    Olha, Cissa, isso o que você sobre professores serem criativos é a pura verdade; em um curso de formação para professores em que eu ministrei uma oficina, falei um pouco sobre como o professor é um profissional talhado para o século XXI a partir de uma observação que ouvi em uma palestra de administração de empresas: o funcionário do século XXI precisa ser flexível, dinâmico e criativo. Pensei: "É um professor!"

    Pois é, Cissa, no caso da Argentina e Uruguai, creio que a estrutura de muitas escolas seja melhor do que a que temos aqui. Esse modelo de escola foi tentado por aqui algumas vezes - a Escola Parque, de Anísio Teixeira e Darci Ribeiro aqui na Bahia e os CIEPS, no Rio de Janeiro. Não deram certo porque entrou em cena outro componente: a politicagem, do tipo que precisa destruir tudo o que o governo anterior fez só pelo fato de ser um governo oposicionista ou algo parecido.

    Até em Cuba, com todos os problemas que atingem a ilha, consegue bons resultados na educação.

    Vixe, Cissa, eu ia escrever outra coisa importante aqui, mas esqueci, vê se pode! rsrs Se eu lembrar de mais alguma coisa, também escrevo aqui :) E você também, volte! rs

    Beijinhos e uma ótima semana! :)

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  8. Jaime, Jaiminho!
    Voltei!
    Recém li teu comentário-agradecimento por lá!
    Tomei Coca Zero e tô com insônia e ainda trocou o horário, como tu falaste, então...

    Quando fiz o comentário anterior, coloquei "MIMIógrafo", mas é mimeógrafo, descobri hoje. Sorte que não disse "iscola", mas explico, estava com meu gato Lito no colo quando fiz o outro comentário MIMI... entendeu? Por isso rsrs Colou a desculpa.
    Mas Jaime, fiquei de cara por aqui,nossa! Imprimir provas com mimeógrafom século XXI, Buck Rogers, lembra? Como era o século 21 dele? Lembra? o cara congelado que acordava no século 21...

    Bem, se tu és da minha mesma geração, faz as contas... acabei meu segundo grau em 86! Xiii... calcula... comecei a primeira série com 5 anos! Ah A propósito, outra coisa, hoje em dia começam com 6 anos, é isso? Teve uma época que a garotada começava com 7, é isso? Daí se tem uma pré-escola em tese forte, onde o pessoalzinho já entra praticamente sabendo escrever, e como é essa primeira série de hoje? Passa todo mundo?
    As perguntas não são simples efeito da Coca Zero/insônia, mas dúvidas mesmo, até porque ninguém esclarece.

    Essa da tomada, Jaiminho, ri muito por aqui, não me aguentei, humor tragicômico!!!

    Não repara minha troca de perfis, onde lê-se "Romeu", sou eu, tá bom? Atenção, Jaiminho, não é "Julieta", é Romeu, tá bom?

    Beijinhos e ótima semana! Te cuida também! :)

    PS.: Até porque a incidência de violência por parte de alunos em professores está maior. Outra coisa interessante de abordar!
    ... então te cuida mesmo!!! rsrs

    Mais beijinhos! :)

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  9. "mimeógrafom", foi erro de digitação lá em cima, ou culpa da Coca Zero. Opção 3: um novo tipo de copiadora, sei lá!

    Beijosssss

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  10. Jaime..

    Muito se fala e pouco se faz.
    Chocante a imagem desta escola que voce postou acima.
    ( perdao pela falta de acento grafico na minha escrita. este computador e da minha filha e eu fugi da escola rs nao sei como colocar ).
    Pos bem... nao creio que aumentar o tempo do aluno
    na escola resolva a problema de educacao.
    Talvez resolva o problema de certas das familias que deixando seus filhos na escola acabam delegando a funcao de educar para escola.
    Penso que a funcao de educar e da familia.
    A escola e a familia tem que caminhar e maos dadas.
    Os professores em nossos pais, principalmente em
    escolas de periferia sao verdaeiros herois.
    Nao querendo ser preconceituosa, so constatanto.
    Escolas depredadas, carteiras quebradas..
    Complicado mesmo...

    E o salario do professor entao?????
    Que motivacao ele tem alem do amor a arte de educar?
    Amor enche barriga?

    E as greves..... resolvem? apesar de ser um direito legitimo...

    Fico com pena da parte mais fragil deste ele que sao os alunos.

    Que perdem o ano.. e mais..os conhecimentos referente ao tempo perdido com as greves.

    Ai vem outro assunto relacionada..as cotas...
    sera justo??

    Dificil..tudo muito dificil.

    Enquanto a sociedade nao sair de sua zona de conforto e comecar a exercitar o voto consciente e
    exigir mais as promessas feitas por nossos politicos.



    Bj....boa semana.......

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  11. Como tudo aqui no país, as condições das escolas públicas apenas pioram.
    Alunos armados, desinteresse coletivo (com a porcaria da Wikipedia, qualquer semi-analfabeto acha que abe de tudo), condições de trabalho precárias...
    E quando acontece algo com algum aluno irresponsável, a culpa é do professor.
    Trabalhar por amor é uma necessidade neste meio, mas acontece que, neste caso as pessoas exageram e obrigam os professores a atuarem além dos limites da sensatez.
    Pior para o país, que continua na mesma situação.
    Abraço, Jaime.

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  12. Muito bom o texto e a charge.
    A educação apesar de todos os discursos continua sendo vista como um ato de ensinar a decodificar letras e números e que para isso um giz e cadeiras são mais que suficiente.
    (...)
    Sempre teremos a ideia de que precisamos de mais, porém atualmente estamos exigindo apenas dignidade.

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  13. Poderia apostar que essa escola é um imóvel alugado e que o dono do imóvel tem ligações com alguém do governo baiano, mas desconheço a realidade daí pra fazer tal afirmação. Por aqui era (?) assim até pouco tempo. Havia algumas escolas (municipais) que funcionavam em casas alugadas. Casas sem nenhum tipo de adaptação (fora uma proteçãozinha nas escadas dos sobrados). Mudado o governo, os contratos de locação foram cancelados, algumas escolas foram construídas e outras continuam em prédios alugados (desta vez em imóveis pertencentes a denominações evangélicas que apoiaram o prefeito ou algum vereador "graúdo").

    Sua charge lembrou uma conversa que tive anteontem. Nesse período sempre algum telejornal exibe uma reportagem com uma velinha que se sacrifica pra dar aula, de alguém que dá aula em baixo de uma árvore em São Distante de Tudo e por aí vai. Tudo isso para mostrar que tem gente que leciona por amor. Ah, o amor! As concessionárias de água/luz/telefone/gás, o comércio, os autônomos, ninguém aceita amor como forma de pagamento pagamento.
    E tem tbm os políticos. Um governador que faz discurso dizendo que a mãe era professora, um Zezinho das Couves falando sobre a importância da valorização dos professores sem nunca ter feito grandes coisas pela educação. Do que nega plano de cargos e salários ao que oferece aumento de 6%, todos aparecem para dizer o quanto consideram o professor um profissional ~importante~.
    Enfim, eu acho que todos vcs são é corajosos.

    Bjohnny!

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  14. Em se tratando de educação, faz tempo que muito se fala e pouco se faz aqui no Brasil. As escolas tem suas estruturas comprometidas e o setor de 'politicagem' age como se isso não fosse relevante, como se não comprometesse o ensino.

    Que tipo de motivação o aluno encontra hoje em um colégio público de subúrbio? Que tipo de motivação os professores tem para lecionar plenamente?

    A situação é crítica e por mais que ocorram movimentos e venham as boas intenções em estender horário de aulas ou dias letivos, há urgências a serem definidas nesse meio. Não basta levar o aluno à escola se esta não pode acolhê-lo adequadamente.

    Até, Jaime!

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  15. Cissa, Cissinha!

    É, é mimeógrafo mesmo. Eu sei disso porque ainda tem na escola onde trabalho e ele quebra um galho quando a "máquina de xerox" dá problema rs É, século XXI, tamos aí! Lembra de uma velha anedota(?) que falava de um sujeito congelado no inicio do século (passado) e acordou em nosso tempo e viu tudo diferente, menos a escola? Pois é.

    Eu não farei contas pra descobrir sua idade não rsrs Até porque sou ruim de matemática - por que acha que fui cursar Letras? Mas sou EXTREMAMENTE JOVEM, isso eu garantcho, morou? Então, primeira série não "reprova" mesmo: os alunos são promovidos automaticamente, independente de desenvolverem as habilidades mais básicas de leitura e escrita. Na verdade, Cissa, é uma "bola de neve" que gera um problemão que vemos hoje: alunos do Ensino Médio com sérias dificuldades de interpretação de textos mais simples. A base foi ruim. É esse também um dos motivos que eu sou contra essa política de cotas nas universidades - na verdade muda muito pouco, a base e a escola pública continuam com problemas. Uma escola pública, ao menos aqui em Salvador, majoritariamente negra. A luta, ao meu ver, deveria ser pela educação básica. Claro, sem deixar de lado o ensino superior... mas eu falei isso certa vez para um pessoal ligado a um certo "movimento" e fui rotulado como "racista". Não é com radicalismos que resolveremos as coisas.

    Tá bom, Cissa Romeu, o seu perfil varia de acordo com o humor causado pela Coca Zero? Vixe, eu não vou tomar isso aí não...se eu tomar suco de uva integral já causa (d)efeitos, imagina Coca Zero: até ressuscito uma personagem fanático pelo Santos, o Ministro Veiga, abduzido pelos plutonianos há algum tempo e nunca mais deu notícias, coitado!

    Olha, é verdade, a violência nas escolas é demais. Felizmente eu nunca sofri agressão física - agressões verbais, várias. Meu carrinho também levou uns riscos, essas coisas. Ou seja, nada anormal na rotina de professor rsrs :P

    Besitos, Cissa! E gracias! :)

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  16. Oi, Ma!

    Sem problemas, eu também tenho lá minhas dificuldades quando surgem novidades em termos de teclado rsrs

    Mas você foi no ponto: essa história de "escola em tempo integral", no modelo que as escolas encontram, vai agradar principalmente àqueles pais que delegam as responsabilidades para a escola, o que já é algo comum, infelizmente: qual a função da escola, hoje? É uma instituição da qual TODOS depositam suas fichas e POUCOS tomam partido. Por falar em partido, é isso que muitos políticos querem: uma plataforma para atrair eleitores! "Olha que legal, o menino vai ficar o tempo todo na escola, pelo menos assim aprende alguma coisa e me dá sossego". Certeza que muitas pessoas pensam assim.

    Bjs e obrigado! :)


    ***

    Jacques,

    o amor é importante, sem dúvida. E há quem utilize este "mote" para justificar baixos salários e condições precárias de trabalho - como o governador do Ceará recentemente afirmou, professor tem que trabalhar "por amor".

    O desinteresse e a falta de curiosidade, Jacques. Não de forma geral, claro, mas em níveis assustadores. Eu adorava ler uma HQ que trazia referências históricas e procurar na Enciclopédia. Acho que essa curiosidade é fundamental.

    Abraço!


    ***

    HBMS,

    é o que Paulo Freire tanto condenava: a "educação bancária", ou seja, a simples transferência de informações. O mundo transformou, se para melhor ou pior é outra história, mas a escola parece continuar a mesma (sob alguns aspectos) de 40, 50 anos atrás.

    Abs! :)


    ***

    Olá, Moça Cabofriense!

    Olha, a aposta não é distante, não: eu sei que algumas escolas da rede municipal funcionavam nesse esquema - a rede estadual não sei dizer, mas não duvido desta prática. Claro, em se tratando de governos e poder público, não se duvida de nada, pelo contrário.

    É, neste período surgem reportagens como esta que você citou e elas são utilizadas até mesmo por alguns colegas como "exemplo de persistência e de amor". Sei...acho que isso enfraquece um pouco qualquer "luta" que tenhamos - sem adotar discurso sindicalista,pois odeio isso. É admirável, sem dúvida, mas daí a ser um "exemplo"...acho discutível.

    Zezinho das Couves sobe em um palanque para dizer que a mãe era professora e o pai era médico, então ele sabe o que fazer para valorizar os profissionais desta área que são como seu pai e mãe e bla bla bla

    Bjks!


    ***

    Oi, Bárbara!

    É, é justamente isso. O que falta é qualidade. Quantidade já temos "pra mais de metro": salas de aula superlotadas, carga horária excessiva para professores... falta muita seriedade para se tratar a educação no Brasil, apesar de reconhecer que há, sim, alguns avanços. Mas isso é outra história...

    Até! :)

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  17. Jaime,
    Enquanto lia seu artigo, também olhava a foto e me perguntava o que era aquilo, pensei que fosse uma banca de jornais e revistas, depois pensei que fosse uma mercearia. Nós que moramos no Estado de São Paulo ainda não vemos essas coisas, pelo menos na minha cidade as escolas estão em bom estado, merenda boa, mas imagino em outros estados onde a miséria está mais presente. Quanto aos professores eu fiz um poema e publiquei no dia dos professores, e fala justamente da desvalorização dos educadores. Excelente seu artigo. Um grande abraço.

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. Em um País q se paga para o aluno frequentar a escola, o professor só pode ser desvalorizado!

    Abraços meu amigo, adorei o texto!

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  20. Oi Jaime!

    Caramba, isso é uma escola? Está pior do que aquelas escolinhas de cursos meia-boca...
    Isso é muito revoltante...com um país que nas campanhas políticas enche a boca para falar de educação pode permitir uma coisa dessas?
    Imagino q vc sendo professor, deve sentir-se indignado com isso.

    Sobre as cosplayers..a que vc falou que parecia a Mulher -Gato é a mesma da segunda foto...ela eu acho que foi a que mais ficou parecida com a personagem.
    Opa eu também vou te seguir no twitter! o/
    bjs

    http://www.empadinhafrita.blogspot.com

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  21. Oi de novo Jaime!

    Obrigada pelos parabens ^^ Fiquei feliz..não importa se foi atrasado, a intenção é o que conta! Ah eu tive um dia bem normal, e a maior parte das comemoraçãoes veio da galera do blog, o que me deixou super feliz ^^.
    HASHASH bom sua área de trabalho de PC deve realmente ser meio caótica...aqui em SP estamos até acostumados com esse horário maluco se bem que no primeiro dia ficamos totalmente perdidos @_@. E sempre temos a falsa ilusão de que saimos mais cedo quando na verdade estamos dormindo menos!

    Nossa, se eu pudesse viver de escritos e do meu blog..seria divino! *.* Trabalhar em casa fazendo o que se gosta seria tudo de bom! Bom, eu não conheço muito a área acadêmica então não posso opinar mas acho que em todo lugar tem seus altos e baixos. Meu sonho de vida é publicar um livro u.u.
    Quem sabe um dia?/ Mas é distante pois minha obra ainda está no começo u.u
    bjs!

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  22. Olá..passei só pra te dar um oizinho...

    Vim do blog da Cissa...
    adoro seus "mini cometários" por lá..

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  23. Ivana,

    alguns lugares mais, outros lugares menos, mas no geral a estrutura das escolas públicas deixa bastante a desejar.

    Muito obrigado, eu passei em seu blog para conferir o poema! E gostei bastante! Um abraço!


    ***

    Prezado poeta Satoru ,

    Você foi professor eventual? Caramba, uma vez entrei nessa roubada aí mesmo em SP, quando terminei a facul...eu tive vários momentos ruins NA VIDA, mas o curtíssimo período em que fiquei como eventual eu classifico tranquilamente com um dos piores, a pior experiência que eu poderia ter. Quase desisti da profissão ali. Faltou muito pouco mesmo.

    :(


    ***

    Laura ,

    e mesmo assim o aluno não está nem aí. Abraço! E obrigado! :)


    ***

    Oi, Tsu!

    Sim, eu fico indignado. Até evito escrever sobre isso e tento me controlar nessas horas. Porque isso tudo envolve a saúde, a nossa saúde, coisa que os governos não estão nem aí. Claro que há péssimos profissionais como em qualquer outro lugar, mas a quantidade de professores que faltam nas aulas por motivo de doença é muito grande. E não é corpo mole, não: síndrome de burnout - esgotamento - é cada vez mais frequente.

    Ah, o que vale é a intenção, né? rs Mas parabéns mesmo. Que bom ter ficado feliz, é bem bacana mesmo! :)

    Minha área de trabalho é algo tão organizado quanto um congestionamento de trânsito rsrs Nem queira saber da pasta "Meus documentos" hahaha. Eu demoro a adaptar-me a este horário de verão. Aí quando já estou plenamente acostumado...pimba! Acabou!

    Sabe, em 2009 mandei uma crônica para um concurso literário na Academia Cachoeirense de Letras, no Espírito Santo. Cachoeiro do Itapemirim é o berço de um grande mestre cronista, o Rubem Braga. Pois bem, meu escrito levou uma menção honrosa, com diplominha e tudo. Isso até me animou, sabe? Quem sabe, um dia? *_*

    Bj!

    ***

    Oi, Ma !

    Obrigado pelo oizinho rsrs

    Ah, meus comentariõesss lá no blog da Cissa...eu tô tentando não exagerar muito rsrs

    Bj e obrigado mais uma vez :)

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  24. Na minha opinião tem uma coisa que alterou o rumo das coisas de forma maléfica, Jaime. A sociedade passou a querer educação a qualquer custo e deixou de exigí-la de qualidade e a participar dos processos de sua construção. Diploma parece bastar para a mioria da população e o resto ficou a cargo do estado (que não tá nem aí a não ser em época de eleições). Acredito que só com a sociedade voltando para a briga é que as coisas vão tomar um outro rumo. Deixar nas mãos do estado, vão acabar de privatizar a educação e ela vai ficar ainda mais seletiva e sem garantias de ser melhor do que a pública. Abraços.

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  25. Estava sapeando pelo seu blog e me deparei com essa postagem… muito me interessou! É incrível como os problemas daí se parecem muito com os daqui. Dei aulas numa escola de período integral, em meu primeiro ano de rede municipal e quase surrei!

    Eu lecionava para uma turma de alfabetização, com 36 alunos, numa escola totalmente sem estrutura, onde as crianças passavam DEZ HORAS por dia, dentro da escola, totalmente jooooogadas! Para mim, o problema ainda era dos menores, pois eu trabalhava pela manhã e ainda recebia as crianças de banho tomado(algumas, claro!) e dispostas(mais ou menos, né!? Pq quando chegava na quarta feira, elas já não aguentavam mais escola…). O grande problema era que a escola, durante a tarde, apesar de ter projetos de oficinas, não funcionava na prática, o que estava escrito na tal teoria… sacomé, né!? CErto dia, fui buscar uns documentos na secretaria, à tarde, quando cheguei ouvi alguns alunos "berrando": "prôzinha Joicy"… qdo olhei adiante, vi um bocado de crianças descabeladas e sujas(era uma escola com mais de 400 alunos e o banheiro sem estrutura nenhuma) correndo em minha direção para abraçar-me. Deu uma pena de esmagar o coração.

    Mas, sabe o que é pior, Jaime? Os pais "estão nem aí" se o filho está jogado, basta para eles que haja um lugar onde o menino possa ficar enquanto eles trabalham(ou não?) e ainda votam no maledeeeeto que incentiva a escolha de tempo integral. Veja bem, não estou culpando a família(totalmente)… sei que o buraco é bemmm mais embaixo(olha Dostoievski aqui de novo). Mas, que é revoltante. Sobre os dias letivos, dia desses assisti a dona secretária da educação dizendo que isso estaria fora de questão… mas, sabemos que ainda voltarão com esse papo outra vez! Enfim… desculpe pelo desabafo! Sei que ficou confuso… rsrs

    Beijos JoicySorciere - Blog Umas e outras...

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