Um bate-papo do outro mundo!


NOTA: Para comodidade de nossos (raros) leitores, o diálogo extra-terreno já está traduzido do Plutoniano para a língua Portuguesa, com alguns termos adaptados ao nosso idioma.

- Como vão as coisas no sistema Zol-Arh, vigilante?
- Tudo normal, senhor. A estrela e os demais planetas do sistema não apresentam alterações, com exceção do planetinha azul Teh-Rah, senhor.
- Ah, o planeta Teh-Rah já é um velho problemático, vigilante. É um planeta muito instável por causa de seus habitantes. Bem, continue com o seu trabalho.
- Senhor, com o devido respeito...na academia aprendemos que os habitantes do planeta Teh-Rar são muito perigosos. Mas não consigo compreender o porquê, senhor. Eles produzem até umas coisas agradáveis, como uns sons que eles chamam de “Muzi-K” e confesso, senhor, até gosto de ouvir alguns sons como o Pagoh-Dhi e o Fan-Ky.
- Vigilante, como você é jovem e novo em sua função, vou te explicar. De fato, os chamados terráqueos são criaturas perigosas. Tem um potencial incrível tanto para a criação como para a destruição. Eles não são como nós, Plutonianos, que desenvolvemos uma alta sensibilidade e entendemos e respeitamos o equilíbrio do planeta e do universo.
- Como assim, senhor?
- Você gostou dos sons produzidos pelos terráqueos, não? Eles tem a capacidade de criar coisas belíssimas como as chamadas Muzi-Kas, mas recomendo que sintonize outra estação de rádio-satélite, meu caro vigilante, pois eles possuem vários estilos de sons muito mais bonitos e inteligentes do que o Pagoh-Dhi e o Fan-Ky. Além da Muzi-Ka, eles possuem alguns dons que poucas criaturas no Universo podem se orgulhar: a chamada Ar-Teh. Se bem me lembro apenas os Titânicos, Zeuzianos e Aasgaordianos possuem essa capacidade de criar belas obras de Ar-Teh. Os terráqueos não sabem, mas cada vez que produzem obras belas, sensíveis e simbólicas acabam se aproximando dos deuses-criadores do universo! Além disso, os terráqueos desenvolveram um sentimento que são poucas as criaturas que surgiram há apenas 150 mil ziclos* conseguiram desenvolver: o Ah-Mor! E o Ah-Mor muitas vezes é o combustível para as belíssimas obras de Ar-Teh que eles produzem!
- Senhor, como criaturas assim podem representar algum perigo, então? E ainda mais tão distantes de nós, eles nem sabem que existimos...
- Lembre-se do que eu falei, vigilante: estes seres possuem potencial tanto para a criação como para a destruição. E eles desenvolveram a coisa mais mortífera já vista pelo universo: a Gueh-Rah!
- O que é Gueh-Rah?
- É um tanto complicado de explicar, vigilante, mas funciona assim: os terráqueos constituem-se em apenas uma raça, chamada Hu-Mana. Mas há variantes: alguns mais claros, outros mais escuros, alguns são chamados “Rih-Kos” e outros “Poh-Brez”. “Rih-Kos” são aqueles que tem valores materiais e, acredite, donos de pedaços do planeta!
- Sério? Como isso é possível?
- Pois é, esses terráqueos são estranhos. Pois bem, os “Rih-Kos” exploram os “Po-Brez”, que já tem muito pouco e às vezes os “Rih-Kos” querem tomar até esse pouco. Então fazem à força. E para isso usam a Gueh-Rah: criam armas poderosas para envenenar os recursos naturais, invadir, dominar e, principalmente, destruir os seus semelhantes!
- Eles destroem seres da mesma raça? Que absurdo! Nunca ouvi falar de uma civilização que faça isso no universo!
- Além disso eles destroem também os frágeis sistemas naturais do planeta, o que vem causando inúmeras tragédias ambientais, matando milhares de terráqueos todos os dias. E destroem porque os “Rih-Kos” querem mais e mais valores materiais e os “Poh-Brez” querem sobreviver. E com isso muitos terráqueos passam fome, sede e necessidades. Acredite, vigilante, é um planeta difícil, são seres perigosos, apesar de ainda haver terráqueos generosos e conscientes por lá.
- Que absurdo! Nós, como seres superiores, deveríamos alertá-los, senhor!
- E tentamos, vigilante. Há dois mil ziclos enviamos um de nossos sábios e ele tentou transmitir mensagens de amor ao semelhante e desapego aos valores materiais.
- E o que aconteceu?
- Ah, os terráqueos primeiro tentaram matar nosso sábio e ele voltou para nosso planeta. Alguns que o seguiam deram inicio a um culto. Hoje, o nosso sábio ainda é lembrado, mas é explorado por alguns terráqueos inescrupulosos que se transformam em “Mili-Oh-Nah-Rioz” ( algo muito parecido com os “Rih-Kos”) e sua mensagem, abandonada. Poucos ainda a seguem, na verdade.
- Mas será que se ele voltasse...
- Esqueça, ele já disse que não bota mais os pés lá no planeta Teh-Rah! Agora, vigilante, volte ao seu trabalho.
- Só mais uma coisa, senhor: eu já compreendi que os terráqueos são perigosos, mas será que um dia eles chegarão aqui, em nosso planeta, e destruirão toda a nossa civilização?
- É difícil, vigilante. Eles estão evoluindo: já fizeram pequenas viagens para o pequeno satélite conhecido como Lu-Ah. E enviam pequeninas naves não tripuladas pelo universo para descobrir outros planetas com condições para o desenvolvimento da vida, além de seres inteligentes como nós. Uma dessas naves chegou próximo ao nosso sistema e eu mesmo a desviei, impedindo que nos descobrissem.
- Perdão, senhor, mas para onde desviou essa pequena nave?
- Para o planeta Ha-Des vigilante!
- Mas o planeta Ha-Des é terrível, senhor. É habitado por seres mesquinhos, invejosos e que gostam de brigar com todo mundo! Além disso faz um calor daqueles...!
- Então, vigilante, é bem adequado aos terráqueos, não? Agora não tire os olhos dessa tela e principalmente deste planetinha azul. Vou tirar um cochilo. E pare de ouvir esses sons como Pagoh-Dhi e o Fan-Ky. Podem afetar suas ondas cerebrais. Até mais, vigilante.

*ziclos = anos

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10 comentários:

  1. oi.
    Somos tão egoístas!
    Eu ri muito com as palavras adaptadas.
    Temos a "capacidade de criar coisas belíssimas",mas podemos destruir o o planeta Teh-Rah aos poucos. Isso realmente é triste, vergonhoso, horrivel.
    Eu boto a mão na conciencia e reflito com esse seu texto, centenas de pessoas vão ler e fazer a mesma coisa. Vamos até fazer uma parte, mas uma pequena parte.
    Porém quem realmente precisa refletir não terá a oportunidade de ler esse texto lindo.
    Boa semana :D

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  2. OI!
    uahuahuahuaa legau seu blog, passa no meu!

    Rsss.

    Muito bom esse texto meu querido, trata de verdades tão verdadeiras q dá medo! Somos mesmo pergiosos!?
    (eu n sou =P)
    Bjao

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  3. A maioria 'daqui mesmo' há muito tempo que não tem sequer a oportunidade de desenvolver o senso crítico.
    Por exemplo: Quando estive em Rondônia (recentemente) pela segunda vez, uma das histórias contadas por educadores de lá é que os próprios professores, diretores de escolas, e pais, ouvem a pior música possível.
    Isso permite (e resulta em) cenas espantosas, como na da escola que tinha mostrado, na sua festinha de fim-de-ano, crianças de 6 a 8 anos dançando e cantando um desses funk's mais barra-pesada que (infelizmente) existem.
    Longe de mim (e dos professores que me contaram a história) o puritanismo; ÓÓÓÓbvio que a questão é outra...
    Papo loooooongo, cujo desenvolvimento não cabe aqui.
    BJS!

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  4. Ah ah ah Ah!!! Jaime, foi muito bom o texto. Mais um texto "caricato" (eu lembro disso). Adorei a perspicácia, principalmente as tiradas inteligentes com as palavras adaptadas. Bem, somos mesquinhos, acho que Ha-des na verdade é a Teh-Ra. Os seres humanos são seres muito esquisitos, o que é fácil, eles transformam em algo complexo. Não deveria existir diferenças para seres que nascem do mesmo jeito. É algo estúpido se formos pensar. Partidos políticos, sistemas economicos, classes sociais, escolaridade... São coisas tão estranhas. Sei que a maioria das coisas são necessárias para se viver em sociedade. Sem ordem não dá. O problema são as formas como os seres humanos vêem a natureza e a realidade. Eles simplesmente... Eles? Nós... rs simplesmente vemos tudo da nossa forma e não queremos acreditar que estamos errado, afinal, é inadmissível o erro. Somos seres imperfeitos desde que nascemos, temos um legado de absurdos gloriosos que deveriam ser apenas lembrados para não repetir o erro ao invés de amá-los e reverenciá-los. Somos apenas seres em evolução, constante, mas o problema que o ser humano é igual ao Brasil. Somos seres sempre do futuro, mas o futuro pra mim é bem diferente do que as pessoas imaginam. Logo logo postarei sobre isso no novo RBO rsrs Mini propaganda and marketing business. Aprendi com o pessoal de Ha-Des rsrs

    Abração e parabéns pelo post está maravilhoso! Crítica certeira e bem vinda.

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  5. Oi Jaime!
    Que forma interessante de mostrar a situação do nosso - inconstante - Planeta Terra.
    Podia desviar a nave para um lugar melhor agora né? Se bem que eu acho que os Terráqueos nem merecem.

    E concordo que o nosso poder de criação é tão grande como o de destruição. Só não podemos esquecer na hora de destruir, que somos HUMANOS.

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  6. Sem dúvida, esse foi um dos melhores textos que você escreveu que eu já li. Gostei da sátira que como a raça humana age e da análise das coisas boas e ruins que ela produz.

    Seu texto me relembrou um tweet de uma amiga que publicou algumas conclusões sobre a raça humana depois de ter assistido ao clássico Avatar:
    "Estamos acabando com o planeta, e se deixarem, vamos acabar com os outros também, afinal a espécie humana destrói tudo."

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  7. Eu me seguerei até final para não atrapalhar a leitura. Mas agora: hahahahaha!!!! Rapaz, você , cada dia mais genial. Meu abraço muito fraterno. Paz e bem.

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  8. Engraçado que eu fiquei lendo o texto como se fosse um robô... kkk no mesmo ritmo. Ter-ha, Musik... Adorei Jaime, ótima crítica a esses seres inteligentes e ao mesmo tempo perigosos e destruidores. Chorei de rir tbm quando o salvador veio duas vezes e disse que não botava mais os pés aqui, afinal nós temos solução?

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