Quem liga para a voz de Axl Rose?
O Guns n´ Roses está de volta ao Brasil
pela 10ª vez para mais uma sequência de shows em cinco cidades. A banda já é de
casa, com passagens memoráveis e outras nem tanto, mas o entusiasmo dos fãs
permanece o mesmo.
E o que também permanece é a polêmica em
torno da voz do vocalista Axl Rose. Caracterizado por notas agudas e potentes nas
décadas de 1980 e 1990, o tempo cobrou com juros o esforço desgastante em
inúmeras turnês ao longo dos anos, o que contribuiu para que a voz do astro
seja comparada, de forma irônica pelos detratores, ao personagem Mickey Mouse.
Além disso, a banda não lança um álbum
com músicas inéditas há quase 20 anos — o último foi o controverso “Chinese Democracy”, um projeto pessoal
de Axl. Com a volta dos membros originais Slash e Duff, o grupo lançou algumas
canções que eram sobras de estúdio, e estas não empolgaram tanto quanto os
clássicos atemporais. Um prato cheio para os críticos denominarem os shows como
“caça-níqueis”.
Com essas credenciais não muito
animadoras, o que explica uma turnê em que o público comparece em peso aos estádios
e os shows são elogiados por gerações de idades tão diversas?
Carisma e autenticidade
Uma das definições para “carisma”,
segundo o dicionário, refere-se a uma qualidade que desperta admiração, encantamento
e fascínio das pessoas. Axl Rose ainda sustenta o carisma dos grandes frontmen da história do rock. Após os 60
anos, o outrora temperamental vocalista parece ter encontrado a paz e um equilíbrio
surpreendente para quem acompanhou os seus rompantes egocêntricos em décadas
passadas.
Há também o apelo da nostalgia, mas não
é só isso. O público lota os estádios e casas de shows em busca da autenticidade de músicas e de artistas reais, que
entregam energia e vitalidade em seus espetáculos, mesmo com imperfeições. Num
mundo em que as pessoas estão se cansando da superficialidade digital e de
músicas produzidas com o objetivo de viralizar nas redes sociais (e logo caírem
no esquecimento), talvez isso ajude a explicar o sucesso não apenas do Guns n´
Roses, mas de tantas outras bandas e artistas veteranos.
Dançando com Mr. Rose e cia.
Assistir a um artista como Axl Rose nos
palcos esbanjando energia aos 63 anos é um fenômeno, sobretudo quando este
possui uma trajetória de vida problemática e de excessos. Recentemente nos
despedimos de grandes nomes do rock como Ozzy Osbourne e Ace Frehley, sem
contar de outros nomes históricos da música que tem nos deixado de uns anos
para cá. É um privilégio ainda conferir apresentações de um Paul McCartney e de
uma Madonna nos palcos. O que assistimos durante os shows não é apenas um (a)
artista com suas limitações físicas naturais da idade, mas um símbolo que
carrega significados para muita gente.
É verdade que há vocalistas mais velhos
seguindo com uma ótima voz — Steven Tyler, aos 77 anos, ainda conserva o seu
vozeirão mesmo após uma grave lesão vocal. Comparações são inevitáveis, mas também
injustas, pois o tempo passa diferente para as pessoas e cada qual com suas
questões.
O fato é que Rose e seus Guns se
apresentam para os fãs, e não para os críticos. E quando assistimos aos vídeos
de shows em Buenos Aires e São Paulo, percebe-se que o público não está
preocupado se a voz do seu ídolo é isso ou aquilo: há uma sinergia entre banda
e fãs, que são levados à cidade paraíso do rock ainda pulsante no coração
daqueles senhores de 60 e poucos anos.
E é isso o que importa. Yowsa!
***
O meu livro de crônicas “Crônicas do Contador do Tempo” dedica alguns textos para refletirmos sobre a passagem do tempo e como o nosso modo de ouvir música, ler livros e tantas outras atividades mudaram com o passar dos anos em consequência do mundo digital. Os textos são leves, mas reflexivos e as ilustrações transitam entre o humor e a crítica social.
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