Dia do professor: o que temos para celebrar?

 


Os dados recentes da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem coordenada pela OCDE apresentam índices preocupantes sobre a Educação, principalmente quanto ao trabalho docente no Brasil.

Chama a atenção o item da valorização profissional: a maioria dos professores (86%) sente a falta de reconhecimento e apenas 14% dos professores brasileiros acreditam que são valorizados pela sociedade. Sem ironia, gostaria de conhecê-los para saber sobre o contexto em que atuam profissionalmente e suas motivações. 

Na mesma pesquisa, os dados sobre a indisciplina dos alunos são assustadores. Mais de 50% dos professores relatam problemas com o comportamento estudantil nas escolas — e gastam cerca de 20% do tempo da aula para manter a ordem no local de trabalho. Creio que tal estimativa de tempo é até modesta diante do que se vivencia diariamente nas unidades escolares.

A verdade é que o modelo de escolarização corrente há muito está em crise e obsoleto. O pós-pandemia acelerou um movimento em que as escolas adotaram como ferramentas de gestão a burocratização empresarial voltada para metas e a impessoalidade no vínculo com a comunidade escolar. O trabalho docente virou um preenchimento de planilhas, relatórios e plataformas digitais, sem falar dos treinamentos e pressões para que os alunos executem provas de avaliações externas.

É curioso: tantas pessoas preocupadas com o avanço da IA e robotização não perceberam a progressiva perda da humanização no ambiente escolar. Não à toa encontramos uma grande quantidade de professores e professoras doentes, desmotivados na permanência da carreira e alunos cada vez mais indiferentes,  indisciplinados e até mesmo agressivos. O ilustre professor português José Pacheco afirma, com propriedade, que não basta desconstruir, mas sim iniciar um ciclo reconstrutor na área educacional.

Em mais um 15 de outubro transbordam mensagens e “homenagens” sobre como professores e professoras são fundamentais para a sociedade e que necessitam de reconhecimento e pelo seu trabalho. Há belas falas e escritos sobre este dia, porém uma das formas de valorizar os docentes é ouvir o que eles têm a dizer sobre o que é realmente necessário para o bom desempenho de seu ofício ao longo do ano.

A valorização deve deixar a esfera do discurso e tomar prática em ações e políticas para que tenhamos, de fato, motivos para celebrar o dia 15 de outubro, uma data que merece melhores registros e histórias mais felizes.  


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O meu livro de crônicas “Crônicas do Contador do Tempo” dedica um capítulo completo à Educação, sobre as vivências escolares e os novos desafios da profissão docente. Os textos são leves, mas reflexivos e as ilustrações transitam entre o humor e a crítica social.


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