Um café literário e duas reflexões

 


É sempre muito bom falar sobre livros e literatura. E falar sobre o próprio livro é uma experiência interessante, ainda mais quando realizada em uma escola diante de alunos interessados e professores comprometidos com a Educação de qualidade.

Foi o que aconteceu no Colégio Estadual Kléber Pacheco na noite de 22 de agosto de 2024. A escola, situada em Salvador, promoveu o Café Literário organizado pelas professoras de língua portuguesa, literatura e inglês, que trabalharam com o meu livro “Relatos Desmascarados: crônicas de uma pandemia” em sala de aula. É gratificante para um autor saber que seus textos são utilizados por professores nas atividades pedagógicas.

A participação dos alunos no Café Literário foi incrível com perguntas inteligentes, ótimas colocações e reflexões sobre as crônicas. Impossível destacar todas, mas uma dessas participações chamou a atenção: no texto “Sobre o que é indispensável” presente no livro eu cito a ansiedade que todos estávamos em retomar os contatos e atividades presenciais durante o longo período de confinamento na pandemia do coronavírus. A aluna Bárbara Reis, respeitosamente, questionou se havia mesmo o desejo desta retomada presencial, visto que as pessoas parecem cada vez mais egoístas e fechadas em si mesmas, afundadas em seus celulares e individualizando a vida.

Gostei bastante desta observação, pois a aluna demonstrou muita sensibilidade e senso de observação. Um dos textos que ficaram de fora do livro trazia como título “Não aprendemos nada com a pandemia” e na verdade era mais um desabafo e retoma a ideia que eu já havia desenvolvido ao longo das páginas e demais crônicas: o desejo de “voltar ao normal” era a volta de uma normalidade problemática e desigual na sociedade, na qual já tínhamos essa individualização que a aluna se referiu. A revolução digital e a pandemia acentuaram estes processos.

Alguns filósofos e estudiosos chamam a atenção para o atual estímulo da competitividade e individualização enquanto ações coletivas que promovem laços e garantem direitos sociais são deixados de lado. Para Byung-Chul Han a internet móvel através dos smartphones e seus aplicativos nos traz a sensação de que podemos alcançar a auto-realização sem precisarmos de mais ninguém. Essa é uma das principais críticas que o filósofo apresenta sobre a lógica neoliberal que prega o individualismo e transforma tudo em mercadoria, inclusive as relações humanas.

Retornando ao Café, a observação de outra aluna foi emocionante. Peço perdão por não ter gravado o seu nome, mas ela se referiu ao meu livro e à minha escrita como uma contribuição importante para que as pessoas pudessem refletir não apenas sobre o período difícil em que passamos durante a pandemia, mas também para a vida. Palavras como essas não apenas aquecem o coração do escritor como também motivam para que continue a escrever e a publicar. Escrevi o livro “Relatos Desmascarados” como uma espécie de memória dos difíceis e desafiadores tempos pandêmicos e é muito bom saber que o livro cumpriu sua missão de ser lido e estimular reflexões e ideias.

E o que mais posso fazer senão agradecer em palavras todo o carinho e momentos incríveis que os alunos do Colégio Kléber Pacheco proporcionaram naquela noite? E os agradecimentos devem ser estendidos às professoras Ana Rita, Kelly e Marenice pelo projeto do Café Literário e à coordenadora pedagógica Cláudia por todo o apoio, bem como a gestão do professor Edmílson por viabilizar os livros que foram sorteados no evento.

No fim, isso é acreditar na Educação, no trabalho em equipe e no resgate dos laços e relações humanas. Como afirma uma das letras da banda Pink Floyd, “juntos, nós resistimos; divididos, nós caímos”. Sigamos juntos, sempre.   

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Um comentário:

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