Artes
charge educação
charge escola
currículo
educação
Educação Física
Ensino médio
escola
licenciatura
Michel Temer
notório saber
professores
reforma do ensino médio
A "reforma" do Ensino Médio
O texto a seguir foi publicado em meu Facebook e trata-se de uma breve reflexão sobre a
reforma do Ensino Médio proposta pelo presidente Michel Temer. Segue na íntegra e sem edições no conteúdo,
com apenas uma nota ao final. A charge também foi publicada na citada rede
social.
***
“A forma do sistema educacional brasileiro até hoje é a do
período colonial, se passa um verniz de modernidade, mas ele continua o mesmo.”
Tião Rocha, educador e antropólogo.
Tião Rocha, educador e antropólogo.
E mais uma camada de verniz foi passada hoje com a chamada
“reforma” do Ensino Médio (EM) via Medida Provisória (MP). O enxugamento
curricular do EM passa pela não obrigatoriedade de disciplinas como Artes e
Educação Física, além de Filosofia e Sociologia – e sob o verniz de
modernidade, entram em ação a Escola em tempo integral, flexibilização
curricular e a ênfase no ensino técnico e profissionalizante.
Basicamente é um retorno ao modelo da pedagogia tecnicista
que vigorou nas escolas brasileiras durante as décadas de 60 e 70, voltadas
para suprir a demanda de mão de obra para o mercado de trabalho – o
instrumental, a prática e o utilitarismo predominavam e não havia abertura para
desenvolvimento do espírito crítico, por exemplo.
Que o Ensino Médio precisa passar por reformas ninguém
discute, porém a presente medida provisória não contempla diversos aspectos que
atestam a precariedade das escolas como infraestrutura física, por exemplo, e a valorização
docente – e neste último ponto abre um precedente perigoso: admitir pessoas e
profissionais a partir do “notório saber” para ministrarem aulas sem formação
específica na área é desestimular de vez a formação de professores em cursos de licenciaturas que já andam praticamente às moscas. Uma das grandes críticas em relação ao Ensino Médio é justamente no fato de muitos professores não possuírem licenciatura nas disciplinas em que dão aulas – isso acontece também pelo
déficit de professores principalmente na área de exatas. Como estamos
retrocedendo nesta área, talvez voltemos aos tempos do mestre-escola do século
XIX.
É uma reforma com foco em quantidade – quantidade de horas
na escola, quantidade de matérias obrigatórias retiradas do currículo – e não
em qualidade. É o maldito utilitarismo que desde cedo condiciona as pessoas a
tratarem a arte, a poesia, literatura, a diversidade musical e expressões
lúdicas como “perda de tempo” e “coisas que não dão dinheiro”. Desta forma,
como diz o educador português José Pacheco, o chamado turno integral não
passará de uma dose dupla de tédio.
Notas:
1 - O presente texto foi escrito no dia
22 de Setembro, anterior ao recuo na Medida Provisória que manteve as
disciplinas de Artes e Educação Física no currículo obrigatório – ao menos por
enquanto.
2 – Citações de Tião Rocha e José Pacheco: A escola e desafios contemporâneos /
organização e apresentação Viviane Mosé. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2013.
Olá Jaime, quanto tempo amigo, há muito não venho por estas paragens!!
ResponderExcluirEstive alguns meses sem blogar (postei um ou outro artigo para não deixar o blog morrer) e pouco fui nos blogs amigos também...
Sabe, a arte de construir uma grande amizade virtual é ir regando paulatinamente para florir não é mesmo? Infelizmente entrei em um período de racionamento de água (literalmente aqui em Vitória, em razão da seca que nos assola) e deixei de visitar os amigos... Mas espero contornar isso o mais rápido possível...rsrs
Bem, explicações à parte, vejo que seu blog continua transmitindo conhecimento e acompanhando a realidade atual!! Também sempre vejo seus quadrinhos no Instagram e noto o seu progresso nos desenhos e nas tiragens!! Está se aperfeiçoando a cada trabalho amigo, parabéns!!!
Quando à reforma na Educação imposta pela medida Provisória ( que pegou a todos de surpresa,pois parece ter sido feita na calada da noite) foi horrorosa para o futuro.
As disciplinas que haviam sido excluídas, de forma inapropriada, são imprescindíveis para o desenvolvimento social dos alunos... Essenciais diria!!
Realmente nossa educação se remete a um período medieval e isso é lamentável...
Se continuar assim, vamos regredir e isso não pode acontecer!!
Obrigada pela reflexão amigo, muito bem colocada!!
Desejo uma ótima semana!
Beijos!! :)))