Qual superpoder você gostaria de ter?



Quem nunca brincou de super-herói na infância? Personagens como Super-Homem, Homem-Aranha, Mulher Maravilha, Thor e tantos outros heróis com superpoderes lutando contra as forças do mal e a injustiça sempre fizeram parte de nosso imaginário. 

Este imaginário não é algo relacionado apenas à cultura pop que transformou bandas de rock, artistas de cinema e personagens histórias em quadrinhos em ícones, sobretudo a partir da década de 60 do século XX – embora o surgimento dos super-heróis dos quadrinhos e sua popularidade tenha origem nas décadas de 20 e 30 do século passado. Ao longo da História podemos acompanhar diversos modelos heroicos em várias culturas. Dentre os mais famosos, os gregos também tinham os seus deuses e heróis com poderes surpreendentes: Zeus, por exemplo, além do poder sobre os raios e trovões, ainda poderia tomar a forma que quisesse – e amante insaciável que era, tirou proveito deste poder para manter relações com deusas e mortais. 

E durante uma conversa sobre os super-heróis das histórias em quadrinhos e seus poderes, a pergunta que surgiu na roda de amigos foi a já clássica “qual poder você gostaria de possuir?”. Um gostaria de ter a supervelocidade do “The Flash” para chegar rapidamente aos compromissos – mas será que o super-herói conseguiria escapar dos congestionamentos das grandes cidades? Outro gostaria de voar como o Super-Homem, um tipo de poder que é quase unanimidade entre aqueles que não têm medo de altura – e traria problemas para os controladores de tráfego aéreo. E, claro, outro superpoder que é quase unanimidade: visão de “raios X”, o que seria muito apreciada por adolescentes apaixonados pela vizinha (e não apenas os adolescentes, sejamos justos) e também pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos e Barack Obama.

Quando chegou a minha vez, não soube o que responder. Pensei como seria legal ter o poder da Tempestade, dos X-Men, a personagem que atua sobre o tempo: levaria chuva para o sertão e os finais de semana seriam ensolarados. Mas isso poderia criar um desequilíbrio ecológico se eu não utilizasse tal poder com sabedoria – ou, como diria Ben Parker, tio de Peter Parker/Homem-Aranha, “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Eis um bom conselho sobre o qual muitos políticos poderiam prestar atenção.   

Fiquei na dúvida quanto ao superpoder, mas eu sempre mantive simpatia pelas “identidades secretas”, como no caso do próprio Peter Parker: o jovem estudante tímido que precisava de fato equilibrar-se no dia a dia com as contas a pagar, com as notas e trabalhos da faculdade, com a preocupação da tia May e, claro, problemas amorosos – e isso sem falar em um patrão esquentadinho. Não é à toa que o “amigão da vizinhança” é uma das personagens mais queridas das histórias em quadrinhos, porque ele é igual a mim, a você e a todos nós com os problemas cotidianos. É claro que um “sentido de aranha” para alertar o perigo ajuda bastante, mas não tenho notícias se isso ajudava Peter Parker a lidar com a TPM de Mary Jane. 

As identidades secretas nos fazem lembrar a humanidade dos heróis por trás das fantasias, das máscaras e dos superpoderes.  Eles também erram, têm suas limitações e nem sempre é possível utilizar seus poderes para resolver alguns problemas.  E justamente por não ser dotado de tais superpoderes dos deuses e super- heróis, o homem teve que recorrer às suas habilidades e competências para superar as adversidades, garantindo sua sobrevivência e evolução tecnológica. E, clichê dos clichês, temos muitos heróis anônimos no dia a dia sem capa, sem máscaras ou uniformes estilosos – e estes heróis não têm superforça ou um anel de poder, mas também não se conformam com injustiças e cultivam virtudes que estão presentes nos super-heróis dos quadrinhos, como ética e coletividade (lembre-se de grupos como X-Men e Quarteto Fantástico trabalhando em grupo e na divisão de tarefas).   

A discussão sobre os poderes continuou e alguém sugeriu que “ler a mente” de outras pessoas poderia ser legal. Não sei, talvez seja melhor não saber o que se passa na cabeça de muita gente, apesar da enorme curiosidade em relação a alguns. O melhor é ficar com as minhas “limitações” de ser humano sem superpoderes magníficos, mas utilizando algumas habilidades e contando com o poder das (aparentes) pequenas intervenções para, quem sabe, ser o herói na vida de alguém – e o melhor de tudo: sem precisar usar um cuecão vermelho sobre um vistoso uniforme collant azul. 

23 comentários:

  1. Muito bom o texto... primeiro fiquei pensando qual super poder eu gostaria de possuir e também fiquei sem saber... mas já me peguei pensando que adoraria ter o poder de me transformar quando alguém me incomodasse muito (tipo, pupilas cor de sangue e caninos afiados, hahahaha... imagina o susto).
    Realmente temos muitos heróis dotados de grande senso de responsabilidade, ética e respeito para com os demais... todos os dias, em meio a esse mundo caótico, recebemos alguma dose de um bom exemplo, que no fim, através de uma atitude simples, tem o poder de mexer um pouquinho na consciência de todos nós.... desde aquele mendigo que devolve uma maleta cheia de dinheiro a quem a perdeu até aquela super atriz de cinema que não tem medo de ir nos países mais pobres fazer um belo trabalho humanitário.

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    1. Este poder que você citou seria interessante, Fernanda. rs E é isso, são estas as virtudes de nossos heróis anônimos por aí, com suas atitudes aparentemente simples, mas de grande significado. Obrigado! :)

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  2. Jaiminho, querido amigo!
    Você sabe que te ler é sempre um momento especial!
    Por aqui, estou mais perdida que barata em festa :) e você sabe...
    retorno, provavelmente, quando postar novamente, aí concentro minhas atenções, tá bom?
    Grande beijo e ótimos dias!

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    1. Muito obrigado, Cissinha! Fique à vontade, é sempre bem-vinda! :) Bjs!

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  3. Post interessante Jaime. Apesar de não termos os tais poderes, podemos fazer coisas grandiosas, tanto para o mal, quanto para o bem de outras pessoas. Cabe a cada um decidir.
    Seguindo.

    marciorgotland.com

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    1. Exatamente, Márcio. Compete a nós seguirmos o caminho mais adequado. Obrigado!

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  4. Possível fosse, Jaime, eu queria 'ler a mente' rs. Adoro seus escritos.

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  5. A ideia de ter um super poder instiga por 'n' motivos que você citou no texto, mas gosto muito da sua colocação de ser super na vida de alguém. Tivemos, temos e teremos muitos heróis: gente que ajuda o próximo, que sai do sofá e vai fazer algo para tornar sua cidade melhor. Esses são super de verdade, afinal, o objetivo do herói do quadrinho e da vida real é o mesmo: fazer o bem, os meios como fazem isso é que são diferentes ;)
    Ótimo texto, como sempre ;)

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    1. Perfeito, Nat! Os heróis estão por aí, todos os dias, em nossas cidades, em nossa rua, na praça perto de casa. Às vezes não os enxergamos. Muito obrigado, adorei sua visita por aqui! :)

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Nossa,esse Google tá louco...postou 3x o mesmo comentário.rs

    Eu queria ter três URGENTES superpoderes: acabar com toda desigualdade social deste planeta; dar um chute na buzanfa de cada político corrupto,mandando-os para o 'raio que los parta'; injetar amor nos corações dos seres humanos,que andam TÃO desprovidos de tal sentimento.Se bem que nem precisaríamos ter superpoderes para tais coisas se realizarem;é o que me deixa mais triste.Tudo isso é consequência de nossa inércia,egoísmo,indiferença e um crescente desamor ao próximo...
    Ah,como me esquecer...Queria também ter o superpoder de me teletransportar para Nárnia,quando eu começasse a escutar(por mais longe que estivesse) pagode,funk,sertanojo universitário,arrocha,pop lixo americano e por aí...

    Excelente e interessante texto,como sempre!

    Beijão!Dani.


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    1. Oh, Dani, quem dera ter poderes para todas essas coisas que você citou - embora, de fato, não precisemos deles. Mas esse poder de teletransporte eu também gostaria às vezes, principalmente aos finais de semana quando a vizinhança resolve compartilhar com o bairro o "bom gosto musical". rs

      Obrigado! :) Beijo!

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  8. Assim que li pensei logo que ler a mente das pessoas seria interessante, mas sabe que vc tem razão! Talvez seja melhor eu ficar quietinha aqui com meus botões, porque eu não acredito que todos pensem só bem de mim HAHAHAHAHAHA

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  9. Também acho melhor ficar assim mesmo, Camila, sem saber o que se passa em algumas mentes! hahahaha Obrigado! :)

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  10. Jaiminho, querido amigo!
    Voltei.
    Adorei teu texto que agora consegui ler com mais calma.

    Meu primeiro super-herói, ainda que não fosse um super herói no sentido de seus poderes, foi o Speed Racer! Sabe que personagem é esse? um corredor de carros, acho que o desenho é japonês. Adorava ele! destemido, valente, enfrentava tudo, e ainda tinha a velocidade, as corridas. Show!

    Se eu pudesse escolher ser algum super-herói ou ter algum poder extra, etc. Escolheria ter a capacidade de ter esperança, a esperança que o pai de família, de uns 10 filhos ou mais, que acorda de madrugada a umas 4 horas para pegar uns 3 ônibus e ganhar um mini-salário tem. Escolheria ter essa esperança, esse super-poder de quem quase nada tem, mas sobrevive. Não sei como fazem... sou esperançosa, mas existem algumas pessoas assim, nesse tipo de situação, e que também é feliz. Estes são os meus super-heróis, como eu gostaria de me sentir quando o 'mundo inteiro diz não'.

    Júlio Cortázar, em Rayuela, (jogo de amarelinha, de 1963, que outro dia tive em mãos..., mas pretendo comprar a verão espanhola: Rayuela, - você com certeza já ouviu falar desse romance, né? Em que se lê os capítulos aleatoriamente?), enfim, disse:
    "la esperanza es la vida misma defendiendose".

    Grande beijo!

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    1. Muito obrigado, Cissinha! Eis um poder muito interessante: a esperança, do verbo "esperançar" e não apenas "esperar", como dizia Paulo Freire. Acho que em parte somos muitos heróis com este poder. Conheço o Speed Racer, gostava dele; já Rayuela, do Cortázar, não conheço - apenas "Cronópios e Famas". Mas vou procurar saber mais. :) Beijo!

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  11. Ei Jaime, às vezes é complicado a vida dos heróis com super poderes, sempre causa algum dano, porque fere os princípios naturais, né? Mas é sempre bom sonhar com algo que nos parece incrível e distante. Vou confessar que tenho inveja das águias. Gostaria de poder voar e sentir o vento no rosto, além dos exemplos de superação de uma das mais belas aves de rapina. Gostaria também de ter o charme da mulher gata kkkkkkk Ou quem sabe o poder de ler pensamentos. Pensando bem, acho que não seria uma boa kkkkkkk Um beijo grande!!!

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    1. É verdade, Adriana: "grandes poderes trazem grandes responsabilidades". rs Olha, sobre o poder de "ler pensamentos"... eu também acho melhor não desenvolver, é melhor evitar problemas. kkkkkk Beijo!

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  12. Olá, Jaime.
    Bastante interessante e reflexiva esta postagem; creio que não há ser humano no planeta que não desejasse ter algum superpoder, o que faz parte da eterna insatisfação humana.
    Creio que, se pudéssemos ter acesso a eles, as coisas mudariam para pior, já que muitos os usariam para proveito próprio ou para fins egoístas, e se pessoas comuns cometem erros, superpessoas cometeriam supererros.
    Então acho que o melhor é exercitarmos nossos dons normais e deixarmos os poderes para uso exclusivo de nossa imaginação (ah, sim, e depois de 75 anos, finalmente Superman aprendeu a usar a cueca por baixo da calça) .
    Abraço e agradeço pelo teu inspirado comentário lá no blog.
    Até mais.

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    1. Oi, Jacques! Pois é, grandes poderes, grandes erros seriam possíveis também. Bem observado. É melhor mesmo procurarmos fazer a diferença com a nossa normalidade - pode demorar, mas dá certo: aí está o exemplo do Super Homem, que 75 anos depois finalmente aprendeu. :) Abraço!

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    2. Oportuno texto, Jaime.
      Concordo que nossas limitações, e a capacidade de aceitá-las, são o ponto de partida para a constituição de nossas fortalezas.
      Abraço.

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