Espírito crítico



Apesar de ainda estar em férias, não pude visitar os belíssimos canais marcianos e por isso fiquei por aqui mesmo no planeta Terra, mais especificamente no Brasil e vez em quando atento às notícias relevantes e absolutamente imprescindíveis, como BBB 12 e um tal “meme” que fez sucesso, o tal “menos Luíza, que está no Canadá”.

Tente explicar para a sua tia ou avó que assistiu aos telejornais o que significa “meme”, “twitter”, “trending topics” (TT) e por que raios uma estudante fazendo intercâmbio no Canadá virou celebridade com direito a entrevista em telejornal transmitido para todo o país. Difícil, não? Isso rendeu um comentário do jornalista Carlos Nascimento, do SBT – eu sei, a emissora que transmite o programa do Ratinho – dizendo que “nós já fomos mais inteligentes”.

Nas Redes Sociais foi possível acompanhar a saraivada de críticas (algumas exageradas) e piadas ao comentário do veterano jornalista. Mas a entrevista que vale a pena ser lida e comentada não mereceu grande destaque nas redes: é do jornalista Heródoto Barbeiro ao portal Terra.

Na boa entrevista o jornalista fala sobre o papel das redes sociais na difusão das notícias, sobre democracia, o papel do jornalista – e do jornalismo – e, claro, cidadania. E foi exatamente neste ponto que a entrevista chamou a minha atenção: “Infelizmente, nós por uma questão histórica, não temos ainda essa tradição, essa construção da cidadania. (...) Não temos, ainda, a formação desse espírito crítico.”.

Na verdade estamos começando a formar este espírito crítico (embora ainda timidamente) e as ferramentas de comunicação na internet são partes fundamentais neste processo – falam muito de twitter e facebook, mas os blogs têm papel muito ativo na construção deste espírito crítico. Não subestimo o papel que as redes sociais podem desempenhar, mas também não superestimo: de posse da informação é preciso saber o que fazer com ela. Este é o ponto central. 

Dois exemplos interessantes do uso da informação nas redes: o caso do suposto assassinato da criança indígena no Maranhão e a (vergonhosa) ação da polícia militar de São Paulo na desapropriação da área conhecida como“Pinheirinho”, em São Josédos Campos. Enquanto no primeiro caso a FUNAI finalmente se mexeu para pedir investigação da denúncia de assassinato após haver pressão nas redes e isso chegar à imprensa tradicional, no segundo caso as informações chegavam por fontes in loco e contavam o que realmente estava acontecendo – a PM limitou, em dado momento, o acesso a jornalistas ao local e liberou informações apenas para determinados veículos de imprensa. Isso não impediu, contudo, os relatos que contradizem as versões oficiais, principalmente do comando da polícia militar que considerou a ação “pacífica”. Aliás, uma coisa boa das redes sociais: a lembrança do nome de Naji Nahas, mega especulador que quebrou a Bolsa de Valores do RJ na década de 80 e envolvido em lavagem de dinheiro. Nahas é dono do terreno onde ficava a ocupação Pinheiro - terreno este com uma dívida de R$ 16 milhões em impostos atrasados. 

Eu comparo a internet a uma banca de revistas – sim, elas ainda estão por aí: existe uma seção de publicações fúteis e outra seção de publicações mais interessantes. Neste momento é que entra(ria) em cena o espírito crítico das pessoas para saber o que pode ser aproveitável em termos de informação. Por isso não adianta bradar contra Carlos Nascimento: provocadores são necessários para nos despertar de certa apatia e não cairmos nas fáceis armadilhas do “senso comum”. Também não adianta chiar muito com entretenimentos como Big Brother Brasil,( a não ser com um suposto estupro) Mulheres Ricas, Michel Teló ou memes que são criados diariamente nestas redes sociais. O que sustenta o sucesso de tais produtos é a importância que parte do público dá a elas – ou “audiência”. Aos poucos vamos formando distanciamento crítico através da educação, ascensão econômica e social. Contudo é preciso cuidado com posturas incoerentes: de certa forma é comum encontrarmos nestas redes manifestações contra a censura e ao mesmo tempo o patrulhamento de opiniões. O simples ato de dizer que “gosta” ou “não gosta” pode se tornar alvo de trolls e ofensas diversas.

Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas mesmo por algumas vias tortuosas e errando aqui e ali, talvez alcancemos o ponto que Voltaire proclamou, no século XVIII: “só somos felizes desde que cada qual goze livremente do direito de exprimir sua opinião”. É preciso haver liberdade – até para errar – para que possamos construir o tão desejado senso crítico e compreender o que é cidadania.  


( E para que continue havendo liberdade na internet, é preciso repudiar veemente o famigerado SOPA - Stop Online Piracy Act. É o SOPA no congresso dos EUA, é o PL 84/99  - mais conhecido como Lei Azeredo - circulando pelo congresso brasileiro. Todo cuidado é pouco com a Lei Azeredo: sob o disfarce de combate à pedofilia e pirataria, esconde um projeto que restringe a liberdade de expressão.)  

36 comentários:

  1. Olá! Vim aqui retribuir seu comentário em meu Blog e agradecer a indicação do Blog da Laura é otimoooo... rsrsrs.
    Bem, quanto a sua postagem, tudo estão certo e errado, as pessoas as vezes levam as coisas muito a serio e a midia aliena as pessoas, eu ri da historia da Luiza que está no canadá e ri mesmo, não faz mau rir um pouco e fiquei com a pulga atrás da orelha sobre o tal estupro que acabou dando em nada, temos que estar sempre de olho aberto isso sim, as redes sociais estão aí, pra falar, fofocar, debater, divertir e tudo mais, já fui muito criticada em meu Blog, por outros blogueiros que se dizem cultos e que meu Blog não tinham conteudo por isso e aquilo, horas, quer dizer que pra Bloggar tem que ser culto, como tbm que pra dar minha opinião ou critica eu tenho que ser culto? Eu acho que não, mas deixa quieto, eu tenho Facebook e uso ele pra rir e compartilhar pedidos de ajuda para animais, como doação, adoção e tudo mais, não vejo mau usar minha rede social pra isso e só está lá por que quer, não obrigo a ninguém ficar sem vontade propria! Gostei do Blog viu!! Nota 10!! Abraços e vamos lutar contra a SOPA que já está enchendo o saco viu!! Bjs

    http://www.artesdosanjos.com.br/

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    1. Oi, Jane! Obrigado pela visita e comentário! :)

      Ah, a história da Luíza é engraçada, até eu usei o bordão ( ou meme) "menos Luíza que está no Canadá". Mas daí a elevar a garota à celebridade, não sei...já vi algum exagero nisso.

      E o mais legal dos blogs e das redes é que ela (por enquanto) é democrática. Logo não precisa de erudição nenhuma para tal, ao contrário, longe disso. Mas sempre tem aqueles tentando patrulhar o que as pessoas escrevem ou postam. Isso cansa.

      SOPA só mesmo a da vovó! =D

      Muito obrigado! O seu blog também é muito legal, você desenha muito bem! :)

      bj!

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  2. Ótimo e irretocável artigo! Estou repassando.. para as redes sociais que acredito, sim podem ter utilidade real,mesmo que muitas vezes pessoas as usem para propagar memes e futilidades.

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    1. Muito obrigado, Marina! Bom que tenha gostado e tenha repassado! Tem muita futilidade mas também muita coisa que vale a pena nas redes sociais! :)

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  3. Como você mesmo diz, a vida é crônica. A situação crítica gera crítica auhau tem que gerar. É preciso filtrar tudo aquilo que há de desnecessário em nossa sociedade. Para as coisas fúteis que não deveriam ter tanta repercussão, porém parecem mais atrativas à maioria, filtro. Há um monte de opinião formada em redes sociais, que ficam ali, prontas, só pra serem copiadas. Filtro. E nada de SOPA, só da que a mãe ou a tia faz... rs

    bjs

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    1. Oi, Elisa! Obrigado pela visita e comentário! :)

      Eu gosto deste povo que provoca, sabe? Ao menos algumas polêmicas rendem debate e saem do "sendo comum" das opiniões formadas das redes sociais. O que aparecer como estímulo pro povo fazer essa filtragem, melhor! :)

      Ah, SOPA só mesmo da vovó, sacumé...tudo o que a vovó faz fica mais gostoso! rsrs

      bj!

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  4. Isso ta em toda a nossa sociedade!!
    Linkei, Jaime!
    Bjs e Ótima semana meu querido.

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  5. Concordo com a crítica do Nascimento num ponto: é preciso separar as coisas, alguns veículos estão misturando muito o q é jornalismo e o q é entretenimento (ou o jornalismo recreativo está tomando muito espaço do jornalismo informativo). Mas só. Aliás, nem sei se foi isso mesmo q ele quis dizer, talvez tenha sido só uma alfinetada na Globo (1ª na audiência) e na Record (2ª na audiência e primeira em explorar qq assunto ao extremo). E aí entra outra coisa na entrevista do Heródoto (gente, ele foi pra IURD TV... tô passada) que chama atenção: a mídia impressa parece ter mais interesse na investigação enqnto a mídia televisiva se preocupa mais com a audiência. Claro q ele não entra no mérito de que a televisão está mais interessada no IBOPE... E é aí q está o ponto: o q importa mais no jornalismo televisivo é a notícia em si ou a audiência (qnto mais gente assistindo, mais lucramos com publicidade)? E essa mídia televisiva não sabe ainda como reagir à Internet (até pq ninguém mais precisa esperar a noite para saber das notícias do dia, qndo chega a hora do jornal o assunto já foi debatido) e nessa busca desesperada pela audiência a menina que estava no Canadá vai parar na bancada de um telejornal invés de num Video Show. Mas pararei por aqui pq Tico e Teco já estão se confundindo.

    bjohnny!

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    1. Olá, moça Cabofriense!

      Sim, recentemente conversava com um jornalista no FB exatamente sobre isso: o jornalismo televisivo não estaria enveredando para o entretenimento? Eu citei o exemplo dos telejornais aqui de Salvador e como as "atrações musicais ao vivo" durante o telejornal tomam conta de um bloco inteiro. Que a emissora tenha interesses de marketing vá lá, mas depois da atração musical entra em cena uma matéria sobre os figurinos do verão. E só depois disso tudo vamos descobrir, em uma nota de alguns segundos, que o prefeito da cidade decretou uma nova lei de uso e ordenamento do solo que, dentre outras coisas, prevê o fim de algumas áreas ambientais onde é resquício de Mata Atlântica - a especulação imobiliária chegou forte na capital baiana já tem algum tempo. Um bloco inteiro para atração musical, metade de um bloco para figurinos de verão e alguns segundos para uma notícia que é de suma importância. E o restante do telejornal, claro, "notícias de polícia e esporte" (leia-se futebol).

      IBOPE, claro. Como relatou este colega: a emissora é uma empresa que lucra com as propagandas e marketing de seus produtos - no caso da TV Bahia, retransmissora da Globo, o Festival de Verão e jornais como "Correio da Bahia" - então o "interesse público" que se exploda. Ou então cria-se tal interesse. Abastece o público com o que eles acham relevante. A "nova atração musical" por aqui é um tal Magary Lord ( aguente no Carnaval!)que não traz nenhuma novidade musical, mas o cara está em todas as emissoras divulgando o seu trabalho, carnaval e etc. Showbusiness é isso aí!

      E é interessante também reparar como a internet - redes sociais - vem pautando certas matérias televisivas. A TV ainda vai continuar por algum tempo como principal fonte de informação ( e entretenimento) dos brasileiros, mas está tentando "colar" nos fenômenos de internet pra trazer este público de volta. Eu acho.

      Ufa! Tico e Teco cansaram por aqui também e eu nem almocei ainda rsrs

      Bjks!

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  6. Jaiminho,
    comentarinho para avisar que depois vem um comentário mais gordo, ok?
    Assim que der, sem falta!
    Beijinhosss

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  7. Oi Jaime!!!

    Parabéns pela sua bela crônica. Voce conseguiu de maneira clara "amarrar" tantos assuntos e prender a minha atenção na leitura até o ultimo parágrafo.
    Em relação a LUIZA, minha filha domingo ( 17 anos, entrou em duas faculdades de engenharia, a FEI e o Mackenzie, mas optou em fazer cursinho ), digo isso sobre minha filha como exemplo de pessoa que
    estuda e até certo ponto tem uma visão critica das coisas.
    Ela veio sorrindo com o notebooke na mão e disse, mãe veja isso:
    E mostrou alguns videos sobre a LUIZA. E sorrimos juntos.
    O Brasileiro tem a mania de achar tudo engraçado. E realmente é engraçado. Engraçado e triste ao mesmo tempo. Triste a dimensão
    que o fato acabou gerando.
    Mas virar noticia em telejornal? E o papel do JORNALISTA??? se sujeitar a fazer qualquer matéria para receber seu salario no final do mes?
    O Brasil realmente não é um pais sério. Não fomos EDUCADOS para sermos.
    O jornalismo hoje penso eu virou COMERCIAL. Noticias repetivas, cenas repetitivas e a propagação do CAOS que gera ibope.

    Mas não vamos exagerar. Muitos se propõe a fazer o seu melhor.
    Voce fez o seu melhor fazendo esta sua sua postagem de maneira a nos fazer refletir sobre tantos comportamentos.

    Te deixo meu carinho e minha admiração!!

    Dia de paz...

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    1. Oi, Ma!

      Muito obrigado por suas palavras! :)

      E parabéns por sua filha, a Luíza que não está no Canadá...rsrs Então, é engraçado o tal "meme", eu também brinquei com isso na internet, é normal. Mas daí a parar na bancada de um telejornal e ganhar esta proporção toda...achei exagerada. E é como falei ali no comentário para a Silvana: é uma empresa, antes de tudo. IBOPE acima do "interesse público" - ou o que deveria ser "interesse público", alguém poderia questionar.

      Mas entendo que nestes tempos líquidos - como gosta de falar um sociólogo que estuda essas coisas chamado Zygmund Bauman - não há mais "áreas determinadas". "Luíza está no Canadá" estaria melhor no programa de variedades ou humorístico, talvez; mas hoje público e privado se misturam, assim como notícia e entretenimento ( que é uma indústria e tanto!) e por aí vai. É o fim das divisões. Isso à primeira vista é saudável, é democrático...mas como ficará no futuro?

      Zoing! rsrs E eu vou tentar alimentar o Tico e Teco agora rsrs

      Muito obrigado mais uma vez! :)

      bj!

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  8. E como é difícil essa transparência, hein, poeta Satoru? Abraço!

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Também achei bastante estranho a menina ter virado celebridade. O engraçado é que até o Carlos Nascimento, com sua postura anti-Luiza conseguiu promovê-la.
    Eu fiquei triste quando vi várias postagens sobre a luiza, vários videos e montagens feitos para ela, enquanto pouquíssimas pessoas tomaram partido a respeito da SOPA. Algo que pode prejudicar tanto a gente sendo encoberto com um bordão tão sem conteúdo...



    Um abraço,
    Thiago Almeida
    O Filho do Vento
    visite: http://thiago-ofilhodovento.blogspot.com/

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    1. Oi, Thiago! Pois é, o Carlos Nascimento deu mais visibilidade para a Luíza, de certo modo...mas ele também "apareceu", já que estava sumido pelo telejornal da meia noite no SBT.

      Abraço!

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  11. Eu concordo com o Carlos Nascimento em partes, porque tampouco acredito que já fomos inteligentes e a ilustração usada neste post demonstra bem isto. O Brasil ainda carece de muito investimento em educação.
    Porém a respeito das redes sociais, eu não acredito que elas estejam no momento sendo muito úteis para propagar a cultura, em particular o Facebook, que tornou-se uma vitrine de futilidades, apelações quando se vai fazer uma campanha (não vejo necessidade de ficar expondo cenas de violência, animais esquartejados) e, quando se trata de campanhas sérias como maus tratos a crianças, ao menos em meu mural, ninguém se manifesta. E não. não sairei dali por causa destas pessoas, pois para mim há apenas uma utilidade, que é a divulgação de meus trabalhos literários, no entanto, por causa de uma prioridade, por vezes é cansativo ter que presenciar tanta burrice e ver o quanto nosso país afunda intelectualmente. Mas nem por isto eu vou ficar de mimimi, estou apenas relatando minha opinião pessoal aqui porque seu post deu liberdade para isto, porém, no cotidiano, apenas me desagrado e deixo passar batido. Não sou de bater em cavalo morto.
    Como citou a Jane dos Anjos, há muitos "cults" em redes sociais, exibicionistas que ficam arrotando o quanto de livros lêem por semana e, em suas atitudes, não demonstram ter absorvido nada de suas leituras. Agressividade contra os que curtem o BBB, acredito que uma atitude de "tanto faz" seja muito mais digna do que ficar se enaltecendo a falar mal de um programa que não lhes interessa em nada (ou querem fazer parecer não interessar, visto que se não interessasse mesmo, estariam indiferentes a isto) a não ser promover o "quanta cultura" possuem por detestá-lo. Isto está muito repetitivo.
    Eu achei simplesmente ridículo este caso da Luíza no Canadá, como o comentário de um pai pode gerar uma piada e esta inutilidade ficar sendo espalhada com tanta dimensão que chegou a fazer parte de um noticiário? Absurdo! Isto só demonstra a quantas vai nosso povo "cult". ¬¬
    Eu acho que senso crítico se desenvolve de forma muito pessoal, repetindo, não adianta ler, ler, ler se você não tem a capacidade de absorver o que está lendo e vai de encontro a qualquer modismo muitas vezes totalmente sem noção, que não contribuirá com nada em sentido cultural.
    Na internet há coisas boas, não posso discordar, no entanto, se formos colocar na balança o que há de útil e inútil...
    Minhas fichas eu aposto ainda na blogosfera. Há blogues bem fúteis também, contudo, até mesmo nos blogues mais pessoais podemos extrair alguma coisa para nosso crescimento, afinal, simplicidade nunca foi sinônimo de burrice.
    Parabéns pelo seu texto e SOPA, nem no prato. rs.

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    1. Olá, Christian!

      Ah, mas a Jane dos Anjos citou bem nesta questão dos "cults" sobretudo nas redes sociais. E hoje temos Clarice Lispector como "vítima" da galera, em breve será o Steve Jobs o próximo a se contorcer no túmulo - qualquer citação mais "profunda", digamos assim, hoje é de Clarice Lispector, amanhã é será de Jobs e por diante. É mais ou menos como acontecia com os e-mails, quando recebíamos as correntes com textos de "Arnaldo Jabor" e "Luís Fernando Veríssimo". O próprio escritor gaúcho fez questão de brincar com isso...

      Pois é, creio que a coisa toda passa por saber "filtrar" o que se vê nestas redes. Uma brincadeira aqui e outra ali é saudável, até eu entro nas "bobagens" às vezes, mas tem limites, não é? Tem coisas que nascem e deveriam morrer ali mesmo na internet, como os tais "memes". Entendo, por outro lado, o desespero da mídia televisiva que vem perdendo audiência com este formato atual.

      Sim, também prefiro a blogosfera. E há blogues muito bons por aí! Simplicidade é o que todos deveríamos buscar. Pablo Picasso, Eric Clapton e Fernando Pessoa pregaram ( no caso do Clapton, ainda entre nós, ele continua pregando) a busca pelo "simples" - mas, claro, sempre com o bom gosto e deixando o talento aflorar!

      Muito obrigado também pelo seu ótimo comentário! E nem SOPA e nem PIPA, que já passei da idade rs

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  12. Tudo que é engraçado na rede, até o comercial daquela construtora,vira grande destaque. Não me importo muito com os chavoes, só penso que talvez, com o tempo, assuntos importantes comecem a ser banalizados com as redes sociais...vc começa falando da importancia de tal coisa e depois de um mês não se comenta mais sobre isso.

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    1. Oi, Victor!

      É por aí: e de repente a notícia é misturada com entretenimento que então toma espaço maior e assim as questões mais sérias acabam ficando de lado.

      Não que eu seja contra o entretenimento e as brincadeiras, longe disso, mas estou percebendo um certo exagero com estes memes e web celebridades.

      Abs!

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  13. Olá, querido Jaime!

    Bem, não se falou em outra coisa essa semana do que o meme 'Menos Luísa que está no Canadá...'- É até divertido, um humor bobo de final de tarde.
    As redes sociais podem ter grande papel nessa formação crítica e ácida que não temos [que os americanos e os ingleses têm, por exemplo]. Só que não acredito em Facebook, por quê? Porque a maioria usa Face para fofocar, ver a vida alheia e assassinar o Português. Pode ser que o foco principal dessa ferramenta seja a divulgação de notícia em alta velocidade - não tiro esse mérito. Só que para opiniar, escrever e mudar algo é necessário que as pessoas tenham conhecimento para embasar as opiniões. Infelizmente, os nosso irmãos não têm paciência para escrever e daqui a pouco estarão falando só por emoticons. Acredito mais nos blogs.

    Abraços.

    T.S. Frank
    www.cafequenteesherlock.blogspot.com

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    1. Oi, T.S.Frank!

      Na verdade o Facebook, hoje, é uma espécie de "orkut" rsrs Confesso que nem levo tão a sério o que acontece lá no FB, mas o twitter, como ferramenta de divulgação e compartilhamento de informações, é excelente - claro, seguindo tweets interessantes.

      O que eu acho mais curioso é o tal "ativismo virtual". E citam o Egito, a Tunísia como exemplos do "poder das redes sociais". Menos, bem menos: a boa e velha TV ( Al Jazeera) teve um papel fundamental nos processos da "primavera árabe", até porque no Egito a maior parte da população vive em um estado de pobreza muito grande. Tal como aqui, a TV ainda é a principal fonte de informações. Ainda no "ativismo virtual": o que dizer das "causas" convocadas pelo FB? OK, 1 milhão de pessoas curtem as "marchas contra corrupção" (!) e no dia da marcha em si aparecem 100, 130, 200 gatos pingados. Curioso. Muito curioso. Nos EUA existe um termo para isso: "slacktivism" - algo como "ativismo de sofá". ( os estadunidenses, sempre ácidos! Mark Twain teria sérios problemas hoje! rs)

      Um abraço procê também! :)

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  14. Jaiminho, tudo bem?
    Você colocou um tanto de assuntos numa mesma crônica, fatos e fatos...
    vou pegar um pouquinho só... rsrs
    Quanto ao espírito crítico, ou senso crítico, é uma das coisas que mais falta no brasileiro. Aqui somos espertos, mas não críticos. Para sermos "alertas" nas coisas,o que não significa ser bom em passar a perna em alguém..., é muito, além de leitura, etc... convívio com pessoas assim. Se você vive num lar em que se assiste novela, BBB, o pessoal não lê, não incentiva ao estudo, não tem interesse pelas coisas que não seja as que não façam pensar... a chance de ser alienado é gigante.
    Se chegamos a uma escola que vai nos empurrar conteúdo, ou mesmo aquele ensino clássico que aponta a fala do Aristóteles, a fala de não sei quem, sem perguntar ao aluno... e para você? O que você pensa?
    Senso crítico é conjuntura.

    Jaiminho, tive que falar generalizadamente, pois realmente ficaria aqui falando e falando... até porque gaúcho adoro um papo-crítico, mas numa mesa de bar seria melhor rsrs

    Beijinhos!

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    1. Cissa, Cissinha, este "pouquinho" que você pegou do meu texto já está ótimo!

      Eu acho que o brasileiro - estou falando do BR porque não conheço a fundo demais povos - confunde um pouco o "senso crítico" com "crítica" e, pior ainda, mistura tudo em um balaio só e acha que "criticar" é "falar mal".

      Daí você lê aquele monte de coisas no FB, no twitter, no orkut. E mais: experimente dar uma opinião do tipo "Eu não gosto da música do Michel Teló". Prepara-se para comentários do tipo "isso é inveja" ou "ele é sucesso e você, quem é?" Há um patrulhamento de opiniões pelo senso comum e politicamente correto (elevado a doses cavalares de "moralismo" e hipocrisia) atualmente que isso me deixa assustado. Já recebi umas palavrinhas muito "doces" aqui no meu blog algumas vezes rsrs Tudo por exercer o direito de opinião.

      Bom, Cissinha, se eu falar sobre escola e este senso crítico que falta, vou passar o tempo todo aqui falando, falando e falando. Um dia desses conto uma história por aqui sobre como nossos alunos são condicionados e como é difícil quebrar resistências. Ou em uma mesa de bar, tchê, ficaria melhor! rs

      Beijinhos, minha nêga!

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  15. Jaime, realmente há uma onda de informações fúteis circulando dia apos dia, com uma rapidez fora do comum. Tanto na TV quanto na internet(nem entrarei no mérito das revistas, como a vergonhosa Veja)... fato é que as informações chegam e as pessoas em sua maioria não sabem lidar com elas... há algumas semanas assisti uma palestra, duma professora da faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Goiás, onde ela abordou justamente esses pontos que vc pontuou muito bem. Eu tenho um tantão de coisas para escrever aqui, a respeito de tudo o que vc escreveu, mas aí vou passar da conta. Curiosamente, eu estava escrevendo um texto que fala mais ou menos o que penso a respeito disso e acabei de publicar. Quando puder, confira lá! Claro que meu texto não ficou tão bom quanto o seu... mas, dá pro gasto! ;)

    Bjuu...zinhos JoicySorciere => Blog Umas e outras...

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    1. Oi, Joicy!

      Para nós, educadores, que estamos diante da geração ctrl C + crtl V, é fundamental que tenhamos a compreensão do que está acontecendo nos meios de comunicação e como isso tem alterado os "modos de aprender", digamos. Porque o aluno de hoje é bem diferente daquele aluno de 20 anos atrás: o professor era realmente o "centro", o detentor das informações. A competição (!) com a TV não era (ainda) tão acirrada e um professor conseguia dar seu tempo de aulas ( 50 minutos) com alguma tranquilidade.

      Hoje, o que é este "tempo pedagógico"? Sabe quando foi determinado que "50 minutos de aula" é suficiente para o aluno "pegar" os conteúdos? No começo do século XX, lá pela década de 10! Em um tempo absolutamente diferente do nosso. Por isso há esse descompasso: professores que devem NECESSARIAMENTE cumprir esta carga e alunos com aquele TÉDIO de aguentar uma aula de 50 minutos - a não ser que o professor utilize novas metologias, atrativas, utilizando as tecnologias e aquilo tudo que já sabemos.

      Mas aí você percebe o descompasso da ESCOLA - acusam aos professores de serem despreparados, o que é uma mentira: é um das categorias profissionais que mais procuram atualizarem seus conhecimentos, sem puxar farinha pro nosso lado. A Escola continua com o mesmo tempo de aula, a mesma carga horária aos professores, as mesmas diretrizes curriculares das décadas de 10, 20, 30 do século passado! Hoje o que acontece na China NESTE EXATO MOMENTO já está no Smartphone do aluno. Antes o que saía no jornal de amanhã era novidade.

      Então por isso mesmo temos que orientar aos alunos como lidar com essa caótica internet e toda essa gama de informações que ela despeja a cada segundo via redes sociais, sites, blogs, e-mails, vídeos, etc.

      É quase um trabalho de Sísifo para os professores, mas vamos tentando, não é?

      Bjks! Vou passar por lá sim! :)

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  16. Olá amigo Jaime,

    Eu compartilho da opinião de que o senso crítico do brasileiro ainda está em construção. E que também jamais vivemos um momento tão oportuno para exercer nossa cidadania, nosso protesto, nossa opinião e nossa indignação. Cada vez mais o monopólio da informação vai saindo das maõs dos grandes veículos oligárquicos e caindo na mão das pessoas, e é natural que, ainda inexperientes no assunto, sintamos dificuldades em usar a nossa própria liberdade de expressão. Mas eu considero que o papel das redes sociais e dos blogs nesse aspecto é muito importante, e este é um caminho sem volta. A partir de agora somos nós que decidimos que informação queremos destacar, para o bem ou para o mal.

    Um grande abraço e obrigado pelo comentário muito importante lá no Rama, o qual eu assino embaixo.

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    1. Olá, Almir!

      Nada, não há de quê...o seu texto está realmente fantástico! Muito obrigado por aquela aula, colega professor! É exatamente este espírito que anda em falta por aí.

      Ah, não sei se você viu: até o Guardian, do Reino Unido, citou neste exemplo do Pinheirinho a atuação destas redes como fontes mais confiáveis para se obter notícias do evento ao invés das tradicionais fontes de informação ( a "imprensa grande") aqui no Brasil. Claro que isso foi pouco repercutido nesta mesma imprensa, mas vi o link pelo twitter. Aos poucos vamos construindo esta cidadania.

      Um abraço e obrigado também por sua presença aqui no meu humilde bloguezinho!

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  17. Em primeiro lugar,parabéns pela sua crônica.
    Se olhássemos a vida com um olhar crônico,seríamos menos retardados.Eu sinceramente penso que estamos vivendo um momento de retardo intelectual absurdo(também por muitas vezes me pego retardada),parece uma doença que contagia todos nossos neurônios e e nos deixam bobos.Ficamos limitados,fechados em coisas desprezíveis.Temos preguiça de pensar,de opinar;enfim,ter um senso crítico que retire de nossos olhos a venda que nos impede de prosseguir.Estamos cegos,surdos e mudos..Temos que tirarmos de nossas frágeis cabeças a ideia que ainda vivemos no planeta dos macacos,pois enquanto tivermos esse arcaico pensamento,a nós,só irá ser oferecido bananas.
    Beijão,Jaime!Dani.

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    1. Dani, você viu que a tal Luíza está cobrando um cachê de R$ 15 mil para ir às festas, não é? E que cogitaram a moça nua em um ensaio da Playboy. Eu acho tudo isso inacreditável! Bom, ela alcançou a fama sabe-se lá como - internet e redes sociais, claro, mas mesmo assim um tanto injustificável, apesar de ser uma moça simpática e tal - e está tirando proveito disso. Igual a Geisy Arruda.

      Complicado. O caminho mais fácil é este mesmo...e opinar, analisar, ter curiosidade parece cada vez mais difícil. Mas felizmente não são todos e talvez tenhamos alguma esperança, não é? :)

      Beijo procê também, Dani!

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  18. Jaime, meu caro colega blogueiro, seu post me atraiu o interesse por completo e li atentamente todas as linhas desse bem elaborado texto. Não discordo de nada que colocaste. Concordo com todas as suas observações a respeito do tema abordado. As redes sociais exercem e exercerão uma importância maior ainda na formação do senso crítico de cada um de nós. A internet vem fazendo o jornalismo mudar a sua linguagem e sua forma de ser. O cidadão não é mais só um consumidor de notícias, ele é hoje uma das grandes fontes condutoras da notícia. Em resumo, nossa opinião tem peso. Para encerrar meu comentário nesse belíssimo post, quero atentar a todos para um perigo que um dia pode ameaçar essa força que a internet deu ao cidadão, que antes não tinha. Me refiro a grande ameaça que pode partir de forças ocultas em controlar a internet de tal modo, que possa tolher essa nossa liberdade por aqui. Um grande abraço e parabéns pelo post.

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    1. Obrigado, Paulo Cesar PC!

      Olha, até o Twitter vai passar a censurar mensagens que julga "ofensivas" em alguns países. Uma espécie de "filtro" no que os usuários postam. Isso não é por motivos tão ocultos assim: existe uma pressão por parte de alguns políticos que também são donos de tradicionais empresas de comunicação que estão acompanhando este fenômeno da internet como o cidadão não sendo apenas o consumidor passivo de notícias, como você bem relatou, mas também o protagonista, o cidadão ativo que confronta opiniões, notícias, que traz outras versões de fatos apresentados na TV ou jornal... o projeto de Lei Azeredo ( que leva o nome de seu autor, o ex governador de MG) é isso também: vigilantismo na internet! Esses grandes empresários do setor de comunicações e políticos não querem que as coisas mudem, querem deter o monopólio da informação. Mas é um caminho sem volta e se insistirem com isso vão se dar mal - olha o estrago que o ANONYMOUS fez a semana passada, nem o site do FBI escapou.

      Um abraço e obrigado!

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  19. Muito bacana essa sua critica Jaime!
    Sobre essa caso da Luiza eu não vi a mínima graça, diferente do Puta Falta de Sacanagem.
    Acho que o Nascimento exagerou afinal.se ele estivesse na Globo duvido que ousaria falar mal do BBB.
    Sobre as leis americanas..bom eu até pretendo fazer um post no blog sobre isso que é algo que me deixou revoltada. Ditadura em pleno Séc XXI/ É aquilo né...os EUA pode roubas petróleo de países pobres..já o mundo não pode fazer download de filmes americanos.
    Essas leis estão me cheirando teoria conspiratória do governo para alienar o povo enquanto o EUA rouba na surdina paises pobres para recuperar sua economia.
    bjs

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    1. Oi, Tsu!

      Ah, a Luíza teve lá seus 15 segundos de alguma graça, mas passou rápido, apesar dos "marqueteiros" tentarem capitalizar um pouco mais com essa história. E o Nascimento só deu um "fôlego" a mais para a menina...rsrs

      Não é? E você viu que o twitter vai passar por uma espécie de "filtro" de tweets em alguns países? Isso é censura mesmo! Eu não me engano: há interesses sobretudo por parte dos tradicionais meios de comunicação tentando acabar com a liberdade de expressão que a internet proporciona. Claro que há exageros, mas os veículos tradicionais de imprensa estão perdendo espaço.

      A Lei Azeredo aqui no Brasil é uma clara tentativa de afrontar e intimidar esse espaço democrático.

      bjs!

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