Futurologia


Levante a mão quem nunca teve ao menos uma leve curiosidade sobre como será o futuro! Pois é, desde consultas com as ciganas que lêem as linhas das mãos – uma velha cigana disse que viverei 100 anos! – à ficção científica, em algum momento imaginamos como será “o dia de amanhã”. Eu adoraria ter um carro voador e um robô que faz tudo em casa, e você?

Enquanto eu penso nos Jetsons, gente bem mais séria do que eu prefere pensar em possibilidades mais interessantes para o futuro. Por exemplo, o físico Michio Kazu. Depois de ter conversado com 300 cientistas, o físico arriscou previsões para este século e uma delas me chamou a atenção: “sensores microscópicos vão monitorar continuamente as células, a procura de sinais de perigo, aumentando a duração da vida humana”.

Um passinho à frente, por favor. Vem mais gente aí. A expectativa de vida em alguns países já vem aumentando, até mesmo no Brasil: hoje, os brasileiros que resistem à fila do SUS, balas perdidas, acidentes de trânsito e descasos governamentais vivem em média 73 anos. No Japão a expectativa de vida chega a 82 anos; em países como França e Espanha, 80 anos.

Na “outra ponta da tabela”, temos os países africanos. Na Suazilândia, que fica encravada na África do Sul, a expectativa de vida não chega aos 40 anos. Cenário parecido é encontrado em outros países africanos, com expectativas que não chegam sequer aos 50 anos.

Enquanto o avanço tecnológico possibilita novos tratamentos para a saúde nos países desenvolvidos e contribui para o aumento da expectativa de vida, a realidade em muitos outros lugares ainda é bem diferente. O que acontece no continente africano pode ser explicado em parte pela AIDS, guerras e fome. Falando em fome, a ONU vem chamando a atenção para a alta nos preços dos alimentos no mundo. Com a população do planeta aumentando, a produção precisaria acompanhar o ritmo. Temos 925 milhões de famintos no planeta – para uma população de 6 bilhões de pessoas. Estima-se que em 2050 teremos 9 bilhões de pessoas neste simpático planetinha azul. E daqui a 40 anos a água será escassa em muitos lugares pelo mundo. Marte é logo ali - e com água, é o que todos esperam.

Há muitos entusiastas tecnológicos que esbanjam otimismo para o futuro e falam até mesmo na relação homem-máquina como um salto na evolução humana. Não que eu seja exatamente um pessimista, mas recebo tais entusiasmos com bastante desconfiança. Ao longo da história podemos encontrar movimentos que prometiam melhorar a vida das pessoas e, no entanto, tais melhorias ficaram restritas a uma pequena parcela da população, ao menos em um primeiro momento.

Prefiro falar, então, sobre futuros: para uma parte do planeta, um futuro genial, com telecinesia, inteligência artificial, novos aparelhos que proporcionarão cada vez mais a comunicação entre as pessoas – ao menos de modo virtual, digamos assim – e aquelas crenças de que as máquinas tornarão nossas vidas tranquilas, embora continuemos trabalhando mais ainda do que antes; já para outra parte do planeta, talvez bem maior, o futuro ideal seria bem mais modesto: comida na mesa, assistência à saúde e paz, em prioridades. Parece simplista, reducionista, ingênuo, o que for. E acho até que seja, mas eu confesso ser um tanto idealista – o que de certa forma me coloca no rol dos otimistas, daqueles que ao menos mantém a esperança.

E uma dessas esperanças ainda é, quem sabe, ter uma Rosie em casa. Se bem que aquele teletransporte de Star Trek pode ser bastante útil...desde que meus átomos não se percam por aí!

8 comentários:

  1. Fenomenal! Sua visão de mundo extremamente sensata, crítica e realista e sua capacidade de expressão chega até a me "assustar"; e o senso de humor, então?!!...eu também queria ser assim!!! rs... PARABÉNS!!! Admiro-o demais da conta!!!

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  2. Olá, professor!

    Ah, o futuro! E não teve um psicólogo de uma universidade dos EUA dia desses dizendo q conseguiu "provar" a existência da premonição?
    Na minha remota infância (a época do "new wave") o hit era eu vejo a vida melhor no futuro, e, fazendo uma analogia babaca, isso só era pressentido qndo o "vidente" derrubava algumas barreiras. Essas barreiras continuam aí, um muro e um abismo separando interesses.
    Sou completamente ignorante sobre desenvolvimento de novas tecnologias e etc., mas me questiono se dispondo de todo aparato q temos hoje a tartaruga da oferta de alimento não poderia se transformar pelo menos, sei lá, num gatinho.
    Certo é q um estudante q desenvolve um aplicativo e coloca na AppStore tem muito mais chances de notoriedade (em vários sentidos q a palavras possa se encaixar)do que um outro que desenvolve um sistema de irrigação para áreas sem recursos hídricos com custo zero para a população. Me parece uma questão de valores (morais)onde outro$ valore$ tem mais destaque. O "desenvolvido" quer se desenvolver mais, deixando em segundo plano qq inciativa para que outros tbm possam se desenvolver tanto qnto ele.

    Prefiro pensar nos presentes do presente.

    bjohnny!

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  3. Jaime, você é demais, viu?

    Que visão, que ótimo texto! Não me surpreendo mais com suas criticas sempre muito bem feitas.

    Agora "Suazilândia" foi bem fundo! Rsrsrs...

    Penso bem parecido com você e como é previsto. Se a medicina avança tanto, elevando a expectativa de vida da raça humana, onde vai se enfiar tanta gente? E água, comida? Como vai fazer? É um puta problemão, hein?

    Mas enfim, gostei e me fez refletir bastante.

    Beijinhos!

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  4. Também não acho que as coisas vão mudar tanto assim em 50 anos apesar de todo o avanço tecnológico.

    Muitas oportunidades de crescimento são perdidas por causa da corrupção dos governos, além disso, existe aquele desejo segregador de manter os ricos, ricos e os pobres, pobres. Humanidade é apenas um substantivo no vocabulário de muita gente, e eles realmente não estão nem aí se a riqueza de alguns implica na pobreza dos outros.

    O muro que separa os ricos dos pobres continuará sólido enquanto os pobres não acordarem para a vida ou quando os ricos resolverem fazer uma "caridade", o que eu chamaria de JUSTIÇA SOCIAL.

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  5. A paradoxal vida de nossa modernidade, de nossa Modernidade mesmo, começada no avanço científico do séc. XVI. Bem exposta na charge. às vezes não sei se comento o tema, o jeito que vc nos passa ou os dois juntos. Kubrick já nos alertou o que a máquina pode fazer aos macacos que dominam as ferramentas e vão se aventurar no espaço. Podemos ser punidos da mesma maneira que o oráculo nos pune quando queremos saber o futuro. "comida na mesa, assistência à saúde e paz, em prioridades." acrescento a tolerância, o diálogo e algumas cervejas em geladas.

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  6. Boa tarde.
    Adorei a sua crônica.
    Posso até estar falando bobagem, mas acho que a fortuna que gastam para descobrirem novos planetas, poderia primeiro, matar a fome dos que estão aqui mesmo, nesse planeta que tem água, sol, lua...
    Só falta justiça e equilíbrio.

    Sei que essas pesquisas são importantes, mas a prioridade saberia enfileirá-las.

    Um grande abraço.

    Maria Auxiliadora (Amapola)

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  7. É, meu amigo, o futuro não me anima mais não! Isso porque eu também sou idealista como você. Já participei de "vários futuros". Lembra do Delfim, que dizia: "primeiro temos que fazer o bolo crescer para depois repartir." Pois é, tô aqui esperando a minha fatia até hoje. Esperando, não, lutei muito por ela e rapei alguns farelos, coisa pouca.

    Meu irmão teve um câncer recentemente, retirou um rim e agora entrou na fase da quimioterapia. Sabe quanto custa um comprimido? 500,00. E ele tem que tomar 28 por mês. Dizem que é medicamento de última geração e coisa e tal. Como você mesmo disse, o futuro chega rápido para alguns poucos, custa a chegar para outros tantos e nunca chegará para a maioria. Pelo menos enquanto o povo agir como gado em curral.

    Você me deu mais uma idéia para uma crônica sobre futuro, rsrs. Obrigado e o meu abraço. paz e bem.

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  8. Oi jaime. Adorei sua crônica. Parece que nossa grande aprendizagem será conviver eternamente com as contradições, e tentar minimizar as distâncias, pois diferenças existirão sempre.

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