Obviedades educacionais ( ou a descoberta da roda)

(sim, estas charges toscas são de minha autoria. Se quiser visualizar melhor, é por sua conta e clique)

Há muito tempo, em uma galáxia distante... não, isso não é Star Wars, mas vou começar mesmo com o universo: há muito tempo um sujeitinho chamado Nicolau defendeu a teoria de que a Terra gira em torno do Sol, e não o contrário, como pensavam os chefões e especialistas da época. Algum tempo depois, um outro cientista defendeu essa teoria do nosso Nicolau e quase virou churrasquinho na fogueira.

Demorou, mas depois de muito tempo os chefões e especialistas se convenceram que realmente a Terra girava em torno do Sol, a chamada teoria Heliocêntrica, que você estudou na escola e sempre fazia confusão com o Teocentrismo.

Voltando ao nosso século XXI neste grande país de dimensões continentais, digo que estou muito otimista, finalmente, com os rumos que a educação poderá tomar de agora em diante. Não, não é nenhuma proposta de político – aliás, votarei em POPÓ para deputado estadual, um candidato de LUTA! – ou alguma fórmula mágica para o setor. Estou otimista porque parece que, finalmente, os chefões e especialistas da época estão se convencendo de algumas obviedades na educação.

Tais descobertas equivalem mais ou menos ao descobrimento da pólvora ou da roda. Portanto preparem-se para duas notícias bombásticas que saíram nos jornais recentemente:

BUM! “Bons resultados no Ideb não garantem ensino de qualidade em todas as escolas”.

Impressionante. E mais impressionado ainda fiquei ao ler sobre a outra descoberta:

BUM! “Localização da escola também pode interferir na qualidade de ensino”.

Nada mais do que obviedades, certo? Em todos os municípios e estados há áreas mais favorecidas e outras onde o estado só aparece mesmo em época de (re)eleição.

Embora isso não seja uma regra e sempre há exceções, não se pode negar que uma série de fatores, como o entorno escolar, o acesso à unidade de ensino, a infra-estrutura das escolas, o poder aquisitivo e as condições sociais dos alunos faz (muita) diferença no processo educacional. É mais ou menos por isso porque provas como IDEB, ENEM e outros métodos de avaliação no país não revelam, de fato, um retrato fiel de nosso sistema educacional. Há quem diga que tais métodos são termômetros da situação em nossas escolas, mas como desconsiderar um grave problema como a evasão escolar, sobretudo no ensino médio? Evasão Escolar também está ligada a uma série de fatores que me traz um retrato bem mais fiel sobre as dificuldades encontradas em nossas escolas.

Por isso é bom que chefões burocráticos e alguns especialistas saiam um pouco de seus gabinetes. Muito cômodo responsabilizar o professor pela evasão escolar, por exemplo; bom seria ouví-los. Certamente essas notícias “bombásticas” não seriam novidades e não precisaríamos de IDEB e ENEM para descobrir o que está errado no modelo educacional brasileiro.

E o melhor de tudo: os professores não seriam condenados à fogueira. Já basta a educação renegada ao quinto dos infernos pelos governantes confortavelmente instalados em gabinetes com ar condicionado. É fogo!

Sem fogueira, me siga no twitter: www.twitter.com/jaimeguimaraess

6 comentários:

  1. Sabe o que mais me irrita, além do problema da obviedade? É que em tempos de eleição, quem está querendo entrar sempre tem a fórmula mágica, mas depois que entra põe tanto porém que nem sai do lugar. Daí, aquele que estava no poder e não conseguia fazer nada, quando sai, também descobre a fórmula mágica e fica tentando nos convencer a a colocá-lo lá novamente!
    Quero morrer com essa política brasileira e com o povo idiota que sempre acredita nisso.
    Aliás, outro dia travei uma discussão com Cristovam Buarque no Twitter falando sobre isso, pois ele dizia que sabia como resolver tudo. Eu questionei o fato dele não ter feito absolutamente nada do que dizia achar correto quando foi ministro da educação e ele (e seus puxa-sacos de plantão no Twitter!) caíram em mim com frases sem argumento, que não responderam ao que eu perguntava!
    Resultado: agora escrevo para ele, à vezes até elogiando algumas de suas ideias, e não recebo resposta alguma! Acho que ele me bloqueou no Twitter! kkkkkkkkkkkkkk

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  2. Realmente duvido que muitos deles tenham ideia de que acontece em muitas escolas públicas Brasil afora.

    Não há somente o problema da evasão escolar, da falta de estrutura física e falta de mapas, computadores, livros, e até merenda escolar, como também há o problema da violência onde existe casos de bulling e de professores sendo ameaçados.

    É mais fácil basear-se na escola onde os filhos deles estão matriculados. Elas são menos problemáticas.

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  3. Good dispatch and this fill someone in on helped me alot in my college assignement. Say thank you you as your information.

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  4. Ahhh, Jaime! Eu tenho que citar certo episódio ocorrido há pouco mais de um mês naquele município no qual você também já foi servidor, rs! Recebemos, durante o replanejamento, um texto para leitura e reflexão, como sempre, elaborado pela Secretaria de Educação do referido município, onde constava algo como uma dessas constatações 'bombasticamente óbvias' citadas acima: "enviar mais material para as escolas não garante por si só melhorias na qualidade do ensino." Grande descoberta, não acha? Até porque, meu caro, a qualidade do material que chega é precária. Sem contar o 'valor' que muitas famílias dá e o 'cuidado' que têm, acreditando piamente que estão, de fato, 'ganhando' esse material. A nossa querida Supervisora de Ensino foi nos visitar nesse dia, se reapresentando com um "sou psicóloga e o que sei de pedagogia aprendi com vocês, servidores". Ao ouvir nossos relatos sobre o que foi alcançado com os alunos e o que daríamos continuidade nesse semestre, bem como as dificuldades, rebateu com os clássicos discursos prontos sutilmente culpabilizando adivinha quem pelos insucessos? Sim, acertou. Quando cobramos os livros didáticos que estavam previstos para chegar em maio e até hoje não chegaram, rebateu com o clássico "o livro é apenas mais uma das várias ferramentas que vocês possuem, não a única." E eu resistindo pra não levantar a mão e dizer que qualquer educador de bom senso sabe disso, mas é UMA DAS ferramentas que está nos fazendo falta, por ter uma proposta condizente com o que estamos trabalhando, e que essa resposta dela não serve como justificatia pra passarmos um semestre inteiro sem livros. E no fim a culpa é dos correios, segundo a mesma. Desculpe a comparação e a prolixidade, mas foi só pra frisar mais uma vez o que ocorre quando pessoas que nunca pisaram por mais de cinco minutos numa sala de aula tomam as rédeas da situação. [Serve também para os que passaram por ela e sofreram algo como amnésia depois que a deixaram].

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. E se você está se perguntando se algum pai de aluno ligou na Secretaria para reclamar dos livros...a resposta é não. Já sobre material, uniforme e tênis...aqueles que têm menos necessidade dessas 'ajudas' são os primeiros a reclamar.

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