Rubens Barrichello e os brasileiros

(outra charge tosca – pra variar – do autor do blog)

Nunca liguei para automobilismo e nem para carros, apesar de depender de um para chegar ao trabalho. Pra mim, Piquet, Senna, Fittipaldi são apenas nomes de pilotos que arriscaram suas vidas pilotando carros a 300 km/h atrás de fama e fortuna. Para alegria dos fãs há quem os considere como ídolos e tentem imitá-los nas ruas e avenidas de nossas cidades.

Sem muito que fazer no domingo pela manhã assisti a parte final da corrida em que Rubens Barrichello venceu um grande prêmio de F1 depois de 5 anos. O tão ridicularizado “Rubinho Pé de Chinelo”, quem diria, foi o protagonista da 100ª vitória brasileira em GP’s.

Mas por que este sujeito é tão criticado? Fui procurar saber um pouco mais do histórico do nosso Pé de Chinelo, digo, Barrichello. E vi números interessantes:

- é o piloto que mais participou de grandes prêmios: 282;
- pontuou em 185 corridas, perdendo apenas para Schumacher;
- 4º maior pontuador da história da F1;
- 67 pódios ( quarto piloto na história da F1 que mais subiu ao pódio).

Ou seja, não é pra qualquer um. Não entendo nada desse negócio de automobilismo, mas não me parece que sejam façanhas fáceis de serem realizadas por aquele cunhado bebum que se acha o “Senna do volante”. Imagino que seja por conta destes dados que Barrichello é respeitado (dizem) no circuito da F1. Mas no Brasil o cara é motivo de chacotas. Por que?

Simples: porque ele não é o primeiro colocado. No Brasil só se dá valor a quem é o primeiro, o vencedor, aquele que ganha sempre, da mesma forma que em nosso dia a dia só é valorizado o “esperto”, o que se dá bem de qualquer jeito, mesmo com o “jeitinho”.

Recentemente, no campeonato mundial de atletismo disputado em Berlim, o atleta Jadel Gregório não conseguiu um bom salto na final do torneio. Ficou na 8ª colocação. Foi o que bastou para um site soltar a chamada: Jadel decepciona.

Eu acho certos comportamentos bizarros. Ninguém se preocupou com o histórico do atleta, o que ele passou e de como teve que se virar para treinar em um país que não valoriza o esporte (sim, há outras modalidades além do futebol). Se o cara vai lá e ganha, é “orgulho do Brasil”; se não conquista a vitória, é “decepção”.

É o velho complexo de inferioridade, o ufanismo do “com brasileiro não há quem possa” e da necessidade em ser o “melhor do muuuuundo”. Quer melhor exemplo do que a seleção brasileira de futebol? Quando a seleção perde uma Copa do Mundo, apontam-se mil fatores, desde teorias conspiratórias divertidas a desarranjos intestinais. Os brasileiros apenas se esquecem que do outro lado há um adverário que também almeja a vitória e que procura jogar melhor. Maradona, Zidane e Paolo Rossi viram “carrascos”.

Você acha que o Rubinho é um azarado, um chorão que só reclama do carro e rende boas piadas. Bom, as piadas até são legais, mas vamos dar uma chance ao nosso Barriquebra, digo, Barrichello. Afinal, quem insiste em dar chances a Collor, Sarney e tantos outros nobres representantes de nossa democracia, não tem muito a reclamar e cobrar do piloto brasileiro.

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13 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Fato é que a maioria dessas conquistas de Rubens Barrichello foi quando atuava pela equipe Ferrari, tempo no qual a equipe estava anos-luz à frente das demais em relação à performance do carro. Assim, não era difícil o piloto conquistar resultados bons, o que espantava é que mesmo com o carro melhor ele não conseguia chegar perto do nível de Michael Shumacher, o que gerou as diversas brincadeiras(com razão) à Barrichello.

    Abraços, Jaime.

    http://antenar-se.blogspot.com/

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  3. Falou, tudo meu velho!

    Eu, por exemplo, não sabia de todas essas conquistas do Rubinho, até porque não sou lá grande espectador de F-1.

    Agora, essa mania do brasileiro de querer se dar bem em tudo, de achar que só o primeiro lugar importa, é mesmo ridícula. Pelo visto, no esporte e na vida, a gente tem muito o que aprender sobre "espírito esportivo"...

    Collor? Sarney?! Vade retro, velhinho! Isso aqui traz más vibrações pra tão nobre blog...

    Uahhahhahahhahahhahahhaaaaaaa!!!!

    Abração, Jaimão!

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  4. Infelizmente no Brasil as pessoas só dão valor a quem chega em "primeiro lugar". Ainda bem que não sou igual a maioria burra e sempre valorizei o nosso querido Barrichello!

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  5. É verdade car amigo...
    As pessoas só valorizam a que estão no "topo", claro que op objetivo de qq pessoa ao entrr numa competição é ganhar, mas se só 1 será vencedor, quer dizer que todos os outros são meras decepções??? Como vc disse, n olham o hist da pessoas, os fatores, os obstaculos q tiveram q transpor p chegarem lá...

    COmo sempre, vc vem com assuntos pertinentes para fazerem a gente pensar!!!
    `

    Bjks e obrigada pelo seu blog! rss

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  6. Mas a questão do Rubinho já é uma chacota quase lendária. Culpa dele por ser tão passivo e redimido quando estava na Ferrari, ficou com esse estigma e sempre vai ficar. Mas, acho o contrário: a nossa cultura tende a passar a mão na cabeça daqueles que amarelam na hora H (tipo Olimpíadas) coisas que não acontecem em países como EUA e China, por exemplo.

    Abraços!

    http://tempo-horario.blogspot.com/

    http://twitter.com/brunobaxter

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  7. Nossa! Amei esse teu texto! Lavou minha alminha!
    Se um dia quiser, a gente senta juntos, e escreve um livro inteiro sobre o assunto, que tem uma conexão poderosa com 'conjunto da obra' do "meu" assunto: Masculinidades/Patriarcalismo/Patrimonialismo/ Filicídio...
    Pense no assunto!
    Vai que um dia eu estou na BA, ou você no RJ? A gente planeja; a continuidade poderá seguir graças aos poderes da internet...
    Bjs!

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  8. Oi Jaime!
    Belíssimo comentário.
    Concordo com vc. Pelo que observo em nosso país, o que vale sempre é o primeiro lugar, ou seja, vc tem de ser o melhor. Quando não chegamos a este patamar, pronto, perdemos nossa credibilidade e tudo vai por água abaixo. Uma pena não valorizmos os esforços de pessoas que lutam para conquistar algo, mesmo que não sejam as primeiras colocações. Ja tive oportunidade de ler sobre a história do Jardel Gregoria e ele é um exemplo de luta e perseverança.
    Quanto ao Rubinho, embora, não seja fã de fórmula 1, sempre admirei a força dele, pois mesmo sendo alvo de chacotas e críticas, nunca o vi se importar com isso. Pelo contrário, ele faz a parte dele e segue seu caminho de cabeça erguida. Isso é para se admirar.
    So que aqui admiramos outros exemplos, os piores possíveis, infelizmente.
    Obrigada pela visita em meu blog e pelo comentário.
    Um abraço.
    Cintia Carvalho.

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  9. Olha, é fato que Barrichello não tem o mesmo talento de outros pilotos brasileiros. Nem mesmo que Felipe Massa. Ele por duas vezes já teve o melhor carro da temporada e não conseguiu chegar ao nível de seu companheiro de equipe. Da primeira vez, tá bom que o companheiro era o melhor de todos os tempos (e ainda dão a desculpa que a equipe isso, a equipe aquilo) mas dessa vez não. A Brawn começou a temporada sem piloto nº 1. E só foi apostar em Jenson Button (quem mesmo?) dps de ele disparar a vencer. Agora eu pergunto: não foram dadas as msmas chances pra Button e Barrichello? Ele com sua vasta experiência deveria estar anos luz a frente do mediano Button...
    O q irrita, é a arrumação de desculpas: "a equipe me prejudica, o Lula me prejudica, o Zina, o Darth Vader, a Fafá de Belém..." é sempre culpa de alguem, nunca da sua própria incompetência.
    Barrichello ñ enfrentou as chamadas "dificuldades" dos outros atletas. Ñ existe piloto de F1 q tenha nascido em favela. São todos de família rica.
    Ele tem a meta de ser o piloto com mais GPs. Tb, tá no circuito desde 93 e como disse, em 2 oportunidades c/ o melhor carro. Pelo menos numeros ele tinha q conquistar...

    Abraço

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  10. Pois é, penso como você.
    Mas... somos poucos.

    Beijos.

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  11. AIIIIIIIIIIII porrada!!! Jaime você deu uma de Popó e deu um direto no queixo do brasileiro. O brasileiro nasce ufanista (deve ser porque é de outro planeta, né? huahuah). Jaime, eu tenho certeza de que se o Brasil fosse um país rico, não teria nenhuma diferença entre os EUA. Eu sempre disse isso, e é justamente por essas condutas. Um país que só valoriza o primeiro. Por que o Senna era valorizado? Chegava em primeiro, Seleção brasileira masculina? Chega em primeiro, a seleção feminina de futebol que foi a grande estrela das olimpiadas e do Panamericano aqui no Rio foi um diferencial, mesmo sem ganhar o suor das meninas fez o brasileiro gritar por elas! Eu senti orgulho delas mesmo, e depois que vi o histórico do esporte no Brasil e principalmente das meninas, quase morri. Imagina! Elas não tem o glamour dos homens. Só no Brasil mesmo. rrsrs E é por isso que o Brasil nunca vai ser a primeira potência do mundo, a não ser que matem todos e repovoem huauh (que horrror). rs

    Jaime, gostei da sua defesa ao Rubinho, eu adoro zoar o cara, mas reconheço que ele não é um piloto ruim. Mas vou te ser sincero, eu não gosto de F1 nem no videogame. Eu não vejo muito sentido. Aliás, qual esporte faz?

    Abração!!!!!

    http://renanbarretoonline.blogspot.com/

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  12. Como sempre, adoro suas críticas. Sempre muito bem construídas. Tô virando fã número 1 do teu blog, hein. Gostei e concordo com o que você diz sobre as críticas ao rubinho. Brasileiro é assi mesmo..

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  13. Mto Bom msm o Blog cara...Parabéns!

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