Che Guevara
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De graça? Solidariedade? Cê tá loco!
Durante um curto período trabalhei em um projeto que envolvia arte digital e educação para escolas públicas. A intenção era promover inclusão digital através de desenhos, textos, animações e vídeos, aproveitando a natural curiosidade da garotada, dos adolescentes e desenvolvendo potenciais através de mini-cursos e oficinas. Um trabalho bacana.
A equipe contava com um grupo de universitários, todos bem jovens e estudantes de cursos como design e análise de sistemas. Foram contratados como estagiários por um período de 3 meses. Eram bem falantes somente entre eles, e desconfiados e distantes com os de fora da ‘panela’.
Enquanto eu fazia uma pesquisa na internet, dois deles conversavam quase ao meu lado, numa pausa para o cafezinho. Falavam de séries enlatadas norte-americanas. Então um deles começou a contar um caso em uma escola onde ocorreu uma oficina:
- Ah, cê viu? O carinha lá queria que eu desse umas dicas pra ele no Corel Draw. É cada uma! Eu estudo pra caramba, pago a faculdade, compro livros e ainda tem quem queira dica! Ele que vá estudar, não tô na faculdade pra sair por aí dando diquinha pra qualquer um, não. Faço meu trabalho e pronto.
Eu não sou de ouvir conversa dos outros, mas o moleque falou alto, como se quisesse impressionar com sua nobre condição universitária. O sangue subiu e juro que tive vontade de virar e responder pra ele algo assim:
- Tomara que um dia tu tropeces e arrebentes a cabeça na calçada, sangrando feito um porco e pedindo ajuda até aparecer um médico, de folga e que passava por ali e diga: “Não estudei 8 anos de medicina pra dar ‘ajudazinha’pra qualquer um não. Passar bem”.
Sei lá porque eu acabei não falando isso. Talvez por ser muito covarde ou por não querer arrumar encrenca. Não que eu fosse bem mais velho que o moleque, lá pela casa dos 19, 20 anos. Eu também não estava muito distante disso aí. Me arrependo até hoje de não ter dito umas verdades pro cocôzinho universitário.
Lembrei-me dessa história porque conversava com um amigo sobre estes tempos malucos em que falar sobre “solidariedade” é quase uma babaquice, pois ainda há exceções. Mas pedir um favor, hoje, é quase uma ofensa. Um ajuda, então, é você é tratado como mendigo vagabundo. Lembro da frase magistral da Margarida em Fausto, de Goethe: “Tudo gira em torno do ouro. Pobres que somos”. Tio Patinhas, Sílvio Santos, Edir Macedo e Miriam Big Pig discordam.
Fui voluntário em um curso pré-vestibular para alunos carentes por 1 ano. Aulas quase todos os sábados, à tarde. Alguns colegas disseram que não fariam isso, pois não ganhavam nada - de fato, recebíamos apenas uma garrafinha d'água. Quando eu falei em “ganha satisfação, aquela sensação de ajudar alguém”, um desses colegas começou a rir. Ele falava mesmo era de grana e, com pena de mim, pagou a cerveja.
Uma coisa é uma grande empresa pedir um trabalho para o profissional “de graça”. É até ofensa; outra coisa é indicar caminhos, dar uma ajuda para pessoas que não tem condições, mas levam jeito e querem aprender determinado assunto ou técnica. Não é "peninha", não. As universidades estão mais para as normas da ABNT em monografias e teses das quais 98% serão arquivadas e esquecidas (mas ótimas para inflar muitos egos) do que o caráter social que elas deveriam manter.
A equipe contava com um grupo de universitários, todos bem jovens e estudantes de cursos como design e análise de sistemas. Foram contratados como estagiários por um período de 3 meses. Eram bem falantes somente entre eles, e desconfiados e distantes com os de fora da ‘panela’.
Enquanto eu fazia uma pesquisa na internet, dois deles conversavam quase ao meu lado, numa pausa para o cafezinho. Falavam de séries enlatadas norte-americanas. Então um deles começou a contar um caso em uma escola onde ocorreu uma oficina:
- Ah, cê viu? O carinha lá queria que eu desse umas dicas pra ele no Corel Draw. É cada uma! Eu estudo pra caramba, pago a faculdade, compro livros e ainda tem quem queira dica! Ele que vá estudar, não tô na faculdade pra sair por aí dando diquinha pra qualquer um, não. Faço meu trabalho e pronto.
Eu não sou de ouvir conversa dos outros, mas o moleque falou alto, como se quisesse impressionar com sua nobre condição universitária. O sangue subiu e juro que tive vontade de virar e responder pra ele algo assim:
- Tomara que um dia tu tropeces e arrebentes a cabeça na calçada, sangrando feito um porco e pedindo ajuda até aparecer um médico, de folga e que passava por ali e diga: “Não estudei 8 anos de medicina pra dar ‘ajudazinha’pra qualquer um não. Passar bem”.
Sei lá porque eu acabei não falando isso. Talvez por ser muito covarde ou por não querer arrumar encrenca. Não que eu fosse bem mais velho que o moleque, lá pela casa dos 19, 20 anos. Eu também não estava muito distante disso aí. Me arrependo até hoje de não ter dito umas verdades pro cocôzinho universitário.
Lembrei-me dessa história porque conversava com um amigo sobre estes tempos malucos em que falar sobre “solidariedade” é quase uma babaquice, pois ainda há exceções. Mas pedir um favor, hoje, é quase uma ofensa. Um ajuda, então, é você é tratado como mendigo vagabundo. Lembro da frase magistral da Margarida em Fausto, de Goethe: “Tudo gira em torno do ouro. Pobres que somos”. Tio Patinhas, Sílvio Santos, Edir Macedo e Miriam Big Pig discordam.
Fui voluntário em um curso pré-vestibular para alunos carentes por 1 ano. Aulas quase todos os sábados, à tarde. Alguns colegas disseram que não fariam isso, pois não ganhavam nada - de fato, recebíamos apenas uma garrafinha d'água. Quando eu falei em “ganha satisfação, aquela sensação de ajudar alguém”, um desses colegas começou a rir. Ele falava mesmo era de grana e, com pena de mim, pagou a cerveja.
Uma coisa é uma grande empresa pedir um trabalho para o profissional “de graça”. É até ofensa; outra coisa é indicar caminhos, dar uma ajuda para pessoas que não tem condições, mas levam jeito e querem aprender determinado assunto ou técnica. Não é "peninha", não. As universidades estão mais para as normas da ABNT em monografias e teses das quais 98% serão arquivadas e esquecidas (mas ótimas para inflar muitos egos) do que o caráter social que elas deveriam manter.
O terrível comunista, terrorista e sanguinário comedor de criancinhas ( eu leio VEJA e fui catequizado) Che Guevara já dizia: “um dos grandes deveres da universidade é implantar suas práticas profissionais ao seio do povo”.
Que babaca! Só podia ser argentino...
Que babaca! Só podia ser argentino...
Bom, mto bom
ResponderExcluirAceita Parceria??
http://coisasnaouteis.blogspot.com/
Gostei do modo como expôs a conversa do imbecil. Você devia mesmo ter dado uns cascudos na cabeça dele!
ResponderExcluirCara, muito bom o texto. Confesso que não gostei quando falou mal do Che Guevara, mas deixo passar já que a minha opinião sobre ele ainda não está definida (eu tbm leio Veja e fui catequizado).
Espero para aqui de novo qualquer dia desses.
Boa noite e até a próxima!
Grande texto meu caro. Realmente gostei do que escreveste, pois hoje em dia ajudar a alguém ou até mesmo dar um "bom dia", parece ter ficado careta ou fora de moda.
ResponderExcluirParece que seguimos para uma "sociedade individualista", paradoxal, não? Mas parece esta ser a verdade.
E então fica a pergunta, onde estão os valores que nossos pais e avós tanto cultivavam?
Grande abraço
Pois é, tem pessoas que eu não sei não. Acham que o centro do mundo é o dinheiro, e não fazem nada se não for por eles. Eu já passei por isso uma vez, quando disse que aceitaria qualquer estagio, mesmo que fosse de graça, para adquirir experiência. As pessoas, com as quais comentei isso, ficaram chateadas, me chamando de boba, besta, e tantos mil e um "adjetivos".
ResponderExcluirIsso é horrivel, e acho que a melhor forma de mudar as coisas é começar a falar, falar e falar sempre. Talvez se você tivesse falado o que achava, ele parasse para analisar na atitude tomada...
Um abraço, gostei do seu blog, já estou seguindo =)
Obrigado vc por retribuir a visita.
ResponderExcluirE então, aceita parceria?
Até mais!
muito bom^^
ResponderExcluirlegal d++
se puder
http://sonabrisa.nomemix.com/
comente as postagen mais antigas tabem,
e entre na comunidade dele
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23965519
atualização diaria.
kkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirJá pesnou em se candidatar a herdeiro do posto do Milôr?
É... Infelizmente ainda existem alguns (muitos) miseráveis como este maledito, que se gaba por estar em uma Universidade, mas não se orienta do verdadeiro sentido de estar lá ¬¬ Bando de hipócritas!
ResponderExcluirFala Groo, como é que tá? Olha vamos lá, prometo que falarei menos nos meus comentários rs Eu trabalhei em um projeto de inclusão digital também, que tinha como principal viés ensinar informática a quem não podia pagar. Por isso as unidades do projeto só estavam em comunidades carentes da cidade. Eu era o assessor de comunicação do projeto (e ganhava como estagiário porque não era formado. se bem que ainda vou me formar rsr) e devido a minha posiçaõ tinha que ir a todas as favelas. Subia mesmo, conheci pessoas fantásticas e ficava triste porque o que o projeto podia fazer por eles era o mínimo do mínimo. Muitas pessoas conseguiram empregos depois de aprender a mexer no Word e Excel. Eles contavam a façanha com uma felicidade de encher os olhos de lágrimas. Aquela sensação me dizia que o salário horroroso de estagiário valia a pena, porque naõ há maior pagamento do que ver alguém crescer na vida. Um dia eu conto (talvez em um post sobre essas experiências).
ResponderExcluirBem, como o projeto era da prefeitura e o novo prefeito é de outra corrente política (e mais marketeira) preferiu ajudar um time de futebol (uma empresa privada) do que ajudar todas essas pessoas que nao podem pagar por um curso de informática ou... uma cesta básica.
Enfim, esse babaca (perdão pela palavra) tem é que aprender a função social de um universitário de verdade que é ajudar com o conhecimento que adquirimos nos bancos da universidade. E depois de formado, um profissional, não podemos dar as costas às pessoas que precisam de nós. POrtanto, vc está certíssimo em dar aulas quando pôde, porque é ajudando o próximo que somos ajudados. Mas isso não significa que tenhamos que ajudar pensando na ajuda que teremos no futuro.
Falei demais. rsrs BEm, Valeu! E deixa que eu vou ver o "siasai" no meu "romi titi" rsrs
Post muito real mesmo, uma realidade mesmo, mas pensar diferente de um grupo egoísta já faz diferença, parabéns pelos serviços prestados .
ResponderExcluirQuerido amigo avassalador...
ResponderExcluirNão lembro mais quem disse mas... era algo assim: "conhecimento que não é multiplicado não tem valor!" e de fato... quanto mais dividimos com outros mais ganhamos em conhecimento... a unica coisa que não se perde!
é sua para sempre!
Sucesso! e parabens por ser voluntario... garanto que o retorno é maior que dinheiro.
Infelizmente solidariedade nos dias atuais só na base do dinheiro, isso quando em nome dela ele é roubado. Estamos vivendo um período onde o egoísmo e o *se dar bem* predominam.
ResponderExcluirGostei quando citastes a frase de Margarida em Fausto, porque ela também me marcou. Usastes perfeitamente bem.
ResponderExcluirEstes dias estava conversando com uma amiga sobre como esse mundo anda cada vez mais deturpado e desprovido de valores, aqueles que um dia esse povo cultivou melhor - ou nem?
Como a solidariedade, por exemplo.
Mês passado minha cidade sofreu uma enchente, principalmente na minha zona, pessoas perderam tudo o que tinham, e já tinham pouco. Foi a primeira vez em muito tempo morando por aqui que vi a população se unindo pra fazer algum bem sem buscar nada em troca. Doações, e até aparecendo nas zonas atingidas pra ajudar com o que pudesse.
São por raros momentos assim que eu ainda não perdi totalmente minha fé na humanidade.
Beijos!!
Enfim consegui virar seu seguidor. rs Uh hu! Olha tem um selo pra você lá no meu blog http://melhoropiniao.blogspot.com. Espero que goste. É de coração rsr
ResponderExcluirValeu!
Nossa realidade egosita e capitalista..
ResponderExcluirInfelizmente pode apostar que ele não é a minoria que pensa dessa forma..
Mas o lento que sofra lá pode sopra aqui .. então ... vai saber onde ele vai conseguir chegar pensando dessa forma...
abç.
O saber, Groo, é uma mercadoria como qualquer outra, embora, neste país, as pessoas pensem que o saber é gratuito. Tem de ser mercantilizado mesmo, embora, claro, seja possível partilhar essa mercadoria de forma menos capitalista e mais humana, solidária, como vc fez - e eu também já fiz - com pré-vestibulares para pessoas carentes.
ResponderExcluirMas é fundamental que as pessoas entendam que conhecimentos são commodities.
Abraço.
p.s. Che comia crianças? de que idade?
Eu estava pensando que estávamos vivendo uma transição na humanidades para reduzir a miséria (psico-emocional). Acho que tenho razão, dela vamos para o fundo do poço.
ResponderExcluirExcelente! Paz e bem
Outra perola do babaca argentino e comedor de criancinhas nas horas vagas:" O conhecimento nos faz responsaveis".Tem que ser muito "babaca" pra pensar assim!!!!
ResponderExcluirOlhe, concordo com você... Não que eu não seja egoísta, mas acho isso muito ruim pra sociedade. A tendência é que cada vez mais a sociedade entre em segregação. Daqui há uns tempos terá cidade pra pobre e cidade pra rico. O pior é que os universitários que tiveram uma "boa infância", bons estudos entendessem que é quase impossivel que um aluno que estuda na escola pública desde a infância, passe no vestibular. Sobre a Veja, sem comentários... Nem Veja nem leia =D
ResponderExcluiraté logo o/
http://pensooque.blogspot.com/
ResponderExcluirRegistrando visita
ótima lição!
ResponderExcluireu adoro dar "diquinhas" de farmácia, tem bastante coisa interesante!
e nem cobro por isso =P
hahaha