Notícias que "não importam"

Como agora nossa imprensa só tem olhos para dois assuntos ( crise apocalíptica e Obama X McCain), as notícias que vocês verão por aqui tiveram aquele box espremido lá no rodapé das páginas de jornais e não mereceram “análises minuciosas de especialistas econômicos”.

Vamos à primeira:




Governos vão ao STF para barrar piso do magistério
Os governadores de cinco Estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará) ajuizaram ontem, no Supremo Tribunal Federal, ação de inconstitucionalidade contra dispositivos da Lei 11.738/08, que estabelecem piso salarial de R$ 950 para os professores de escolas públicas e um terço da jornada de trabalho fora das salas de aula, para que aprimorem seus conhecimentos.

De acordo com os governadores do Ceará, Cid Gomes, e do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius , que fizeram questão de protocolar a ação pessoalmente, a lei federal, na medida em que tratou de questão da competência dos Estados, constitui "atentado à autonomia constitucionalmente assegurada".

Além disso, alegam que o aumento dos custos em virtude da necessidade de contratação de novos docentes para suprir a diminuição da carga horária dos atuais professores é estimado em "milhões de reais anuais".



É. Pois é. É um crime pagar R$ 950 para professor. Mas não acabou ainda...olha só essa notícia:
Câmara de Salvador aprova aumento para prefeito reeleito
A Câmara de Vereadores de Salvador aprovou um aumento de salário para prefeito, vice e secretários municipais. O aumento de 29,8% foi concedido três dias após o segundo turno das eleições, em que João Henrique Carneiro (PMDB) foi reeleito na disputa contra Walter Pinheiro (PT).

Com o reajuste, Carneiro, que havia vetado a proposta às vésperas do primeiro turno, passará a receber R$ 11.145,66. O salário anterior do prefeito era de R$ 8.586.
Vice-prefeito e secretários municipais também foram beneficiados. Com os 29,8% de reajuste, eles tiveram seus salários aumentados de R$ 7.155 para R$ 9.288,05. Na votação da proposta, apenas dois vereadores dos 35 presentes foram contra o reajuste.



Este assunto do piso e dos governadores tentando barrá-lo já foi tratado aqui neste blog, mas é sempre bom voltar à tona, mesmo que para 3 ou 4 corajosos leitores. Talvez estes disseminem estas notícias por aí.


Não é impressionante a canalhice? Veja o prefeito reeleito de Salvador, João Henrique: por conta das eleições, o prefeito vetou o aumento considerável para ele e secretários. Até porque ele não saberia se iria continuar lá e também pelo desgaste na imagem do candidato perante a população.


Já estes governadores até que foram coerentes: estão tentando barrar este piso nacional para os professores há algum tempo. Mas durante as eleições todo mundo ficou quietinho.


Bastou o período eleitoral terminar e volta tudo ao que era antes: o prefeito que rapidinho e sem problemas reajusta o salário ( dele e de secretários aspones) e governadores que consideram um “atentado à autonomia estadual” um piso de R$ 950. Gozado que sempre há dinheiro para reajustes como estes em Salvador e as coisas são votadas tão rápidas, ao passo que para se conseguir um piso nacional para o magistério da bagatela de pouco mais de 900 reais é uma luta, uma demora, são ações aqui e ali, justificativas de todos os tipos (contra, é claro)...


Ora, nem 5% do PIB Nacional é destinado à educação. O próprio ministro Fernando Haddad já dissera em várias oportunidades que o mínimo exigido para a educação deveria ser 6% do PIB.


Na verdade o ideal que é feito do professor por estes políticos e burocratas de plantão é o “professor-sacerdote”, aquele que se doa por uma causa e não mede esforços pela educação. O ensino público brasileiro é composto por professores com má-formação acadêmica (os cursos de pedagogia e vários de licenciatura são coordenados por mestres e doutores que, em muitos casos mas sem generalizar, nunca pisaram os pés em uma escola pública na periferia e desconhecem totalmente o cotidiano do professor), com carga horária elevada (não são poucos os professores que trabalham 60 horas semanais nas escolas), com condições de infra-estrutura muito ruins (apesar de alguns acharem que ter água e luz na escola já está de bom tamanho) e péssima condição salarial.


Claro que existem maus profissionais que ganham até muito pelo o que fazem ( ou não fazem), mas estes constituem-se em exceções diante do quadro geral de magistério, onde vemos boa parte dos professores tentando ( muitas vezes às próprias custas) conferir qualidade à educação.


Como se não bastasse, o professor ainda tem que atuar em várias frentes, pois a “educação integral” da criança e do adolescente deve ser de responsabilidade total e única dos professores, quando na verdade “educador” é tanto o pai, a mãe, o professor, o vizinho, o dono da birosca que não deveria vender pinga pro aluno com a camisa da escola, do político que deveria tomar vergonha na cara, do policial, da sociedade em geral.


Estas notícias acabaram passando “batidas”. Inclusive por muitos professores. Não é de surpreender. A imprensa, quando não tem algum Big Brother em apartamentos por aí, está mais preocupada com a crise apocalíptica quem vem aí ( embora a dona Dalva que vende salgadinho ali na esquina se pergunte “que diabo de crise é essa?”) e com Democratas e Republicanos do que com notícias mais relevantes para a vida real dos pobres mortais que não especulam em bolsas, não tem bancos falidos e não viajam todo o final de ano para Miami ou New York.


Enquanto isso, os canalhas pintam e bordam. E dá-lhe Obama contra a crise!

6 comentários:

  1. Eu acho que sim os professores merecem o aumento do salarios ,pois ela estudam bastante para ficar ganhando pouco coisa,eu acho um abessurdo os professores de escolas particulares ganharem mais do os professores das escolas publicas.
    pois os professores das escolas publicas tem a dificuldade de encentivar os alunos que não querem saber de nada.
    e ja nas escolas particulares os pais dos alunos estão pagando e sabem quando o filho quer realmente estudar.

    luana cristina 8ªD nº25
    E.E.Profªesther garcia.

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  2. Mereço aumento de salário.
    E, meus colegas de trabalho, idem.
    É verdade que uma parte (pouco expressiva) de nós, nunca pisou em uma escola pública, mas, isso não desmerece anos a fio de estudo e dedicação, né?
    Há de se contextualizar!

    Sabe que um dos meus conflitos é: "sair" da minha área e fazer doutorado em educação ou, encarar 4 anos de faculdade (de novo) e fazer pedagogia. Quase me matam quando falo sobre a segunda opção.
    Dúvidas.

    Estava conversando esses dias sobre a crise e sobre o quase endeusamento do Obama.
    Isso é tão preocupamente e primitivo... Será que a humanidade não aprende?

    Beijo.

    P.S. Eleger João Henrique... da última vez que fui em Salvador, a cidade estava um caos. Vamos ver fim de ano agora...

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  3. Groo, quanto tempo :)

    Se não tivesse lido seu blog, essa informação do aumento do salário do prefeito passaria abatido por mim. Não tenho lido e assistido jornais. Mas...
    Acho que não dá mais para se espantar com essas medidas de reajuste dos políticos baseados em nada. Por quê ele precisa de reajuste? Ele tem tudo que precisa de forma "gratuita" e mesmo que não fosse, tem um salário muito bom, sem reajuste! Ele ganha mensalmente o que muitos não ganham nem em um ano...

    Quanto aos professores, eu ainda acho que eles deveriam influenciar realmente na forma de pensar dos alunos. Além de todo conhecimento científico, acho que é um papel que é deles e dos pais. Mas, os professores que tenho tido, muitos me mostram, que não estão nem aí pra o que o aluno pensa ou deixa dee pensar. O colégio também, pouco se importa. Nós alunos, hoje, estamos jogados e apenas lembrados como contas bancárias em colégios particulares e como dado estatístico em escolas públicas.
    Ainda há muita muita coisa pra mudar...

    ;*

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  4. Olha achu q o pessoal acima disso tudo ^^

    ...

    Abçs

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  5. Bom dia!

    Primeiro, quero te agradecer pela visita a meu blog e pelo comentário inteligente.

    Segundo, quero te parabenizar pelo blog, que está ótimo e por essa postagem. Ultimamente parece que o resto do mundo programou o replay apenas para os acontecimentos que interessam a uma parcela bem abastada do mundo.

    Bjoks!



    http://garotapendurada.blogspot.com/

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  6. Thamires martins pessoa n*33
    Maria Patricia Cardoso Moreira n*16
    8*f

    Os professores deveriam ganhar um salário digno,como qualquer um outro professor.
    Não há muita diferença no trabalho dos professores particulares para os de escolas estaduais.
    Por terem se formado do mesmo jeito.E aprenderem as mesma coisas.
    Como se não bastasse, o professor ainda tem que atuar em vários papéis , pois a educação integral do adolescente deve ser de responsabilidade total e única dos professores e dos pais.Que querem nosso bem, e fazem o possivél para que possamos ter um futuro melhor, e capacidade de aprender coisas novas.
    Por isso o salario de todos os professores não devem ter diferenças, pois a capacidade vem de todos igualmente.
    E.E.Esther Garcia

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