A crise econômica e o futuro da humanidade (salve-nos, Carla Bruni!)

O presidente da França, o atlético e simpático Nicolai Sarkozy, fez uma declaração para encher de esperança a humanidade aflita com a crise econômica:

“A crise financeira põe em perigo o próprio futuro da humanidade".

Ou o esbelto presidente francês anda assistindo muito a Miriam Big Pig ( a porta-voz do apocalipse financeiro) ou a Carla Bruni está dedicando mais tempo ao seu violão.

Este humilde e tosco blog lido pelos seus 3 ou 4 corajosos leitores terá a petulância em mostrar ao Sarkozy o que realmente coloca em perigo o futuro da humanidade. Duas notícias que passaram despercebidas ao longo destas semanas em que “o mundo” só anda preocupado com a crise.

O Fundo Mundial para a Natureza ( WWF em inglês) alerta: mudança climática é mais rápida e mais grave do que se temia.

Outra notícia que passou batida:

Pobreza extrema atinge 1,4 bilhões de pessoas. São pessoas que vivem em extrema condição de pobreza ou com pouco mais de US$ 1 por dia.

Estas notícias não foram publicadas em algum jornaleco de esquerda em uma república de bananas qualquer. Tiveram sua gênese na Europa, continente onde situa-se a França, que o lar doce lar de Sarkozy.

O que leva um presidente a fazer uma declaração tão infeliz e apocalíptica como esta? Seria “realismo” ou ignorância mesmo? Ou seria desespero pelos amiguinhos especuladores pedindo ao estado “pelo amor de Deus, um dinheiro aí”?

Não deveria o Sarkozy se comportar como o "analfabeto e sapo barbudo" Luís Inácio Lula da Silva, que aparentemente se porta com tranqüilidade e otimismo diante da crise ( para desespero da Miriam Big Pig, Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo, Mainardi e demais reaças com PHD sem sei-lá-o-que)?

O mais interessante é que essas duas reais ameaças para a humanidade ( mudança climática e pobreza extrema) tem saídas para que sejam ao menos amenizadas, ao contrário da atual crise econômica.

O diretor da FAO (organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), o senegalês Jacques Diouf, já deu a receita: com US$ 30 bilhões atuais daria para recuperar a agricultura nos países pobres e com US$ 40 bilhões daria para comprar 250 quilos de grãos para quase 1 bilhão de desnutridos no mundo.

É muito dinheiro? Quanto foi que os EUA e a União Européia injetaram nos bancos falidos mesmo?

Mas isso é fácil entender, de certo modo. Mike Davis, em seu “Planeta Favela”, escreve:

“É claro que este é um mundo no qual as reivindicações dos bancos e credores estrangeiros sempre tem precedência sobre as necessidades de sobrevivência dos pobres rurais e urbanos; é um mundo no qual é considerado ‘normal’ que um país pobre como Uganda gaste per capita doze vezes mais com o pagamento da dívida de todo ano do que com assistência médica em meio à crise do HIV e da AIDS”.

Durante as décadas de 80 e 90 as cartilhas do FMI ditavam as receitas para o “crescimento” em países subdesenvolvidos ou “em vias de desenvolvimento”. Os países se atolaram na miséria e em crises dramáticas com dívidas impagáveis enquanto os grandes banqueiros e especuladores riam à toa:

"Durante os anos 1980, para cada US$ 100 adicionados na economia global, cerca de US$ 2,20 eram repassados para aqueles que estavam abaixo da linha de pobreza. Durante a década de 1990, esse valor passou para US$ 0,60. Essa desigualdade significa que para que os pobres se tornem um pouco menos pobres, os ricos tem que ficar muito mais ricos".

Esta afirmação interessante sobre o sistema atual é de Andrew Simms, diretor da New Economics Foundation, com sede em Londres (leia o artigo, é bastante esclarecedor e herético ao "deus mercado"). Note: em Londres. Não é bravata de algum ditador maluco que estatiza bancos...epa! E não é que agora estão estatizando bancos por aí?

Mas o que aconteceu com “a mão invisível do mercado” e a “auto-regulamentação financeira sem intervenção estatal”? Pois é. Um dos papas do neoliberalismo, Alan Greenspan, ex-presidente do FED (Banco Central norte-americano) e possivelmente o ator principal dos sonhos eróticos de Miriam Big Pig, soltou essa:

''Eu cometi um equívoco ao presumir que os próprios interesses das organizações, especificamente os bancos, entre outras, eram de tal natureza que as tornavam mais capazes de proteger os seus próprios acionistas e a sua equidade''.

Ora, mas é o fracasso do neoliberalismo. Fracasso em termos, porque funcionou durante anos e cumpriu seu propósito: enriqueceu um bando de espertalhões e mafiosos ligados à jogatina das bolsas e corporações.

Por isso o Sarkozy está desesperado: acabou a farra. Um novo modelo econômico deve se impor. O atual sistema só fomenta desigualdades e deixa mercados vulneráveis a mais crises.

Carla Bruni deveria cantar uma musiquinha de ninar pro Sarkozy. Aliás, não é só pro Sarkozy não. Muita gente por aí ( incluindo "especialistas econômicos") anda precisando.

Enquanto isso, no Brasil
A adolescente Nayara confirmou que o maníaco Lindemberg só atirou nas garotas no momento em que a polícia invadiu o apartamento em Santo André.

A blindagem ao governo José Serra continua: por que os vetustos jornalistas não questionam de onde partiu a ordem para tal invasão? E por que nenhum dos admiráveis órgãos de imprensa paulistanos não trata da grave crise na segurança pública em SP com a mesma profundidade que tratou do “caos aéreo”?

O projeto é claro: Nosferatu 2010. E a partir de terça-feira ( porque segunda é dia de “análise” das eleições) tome crise, crise, crise e mais crise.

7 comentários:

  1. Enquanto isso em Salvador-BA......

    Com a "espetacularização" da notícia mais um desequilibrado mental entrou na onda do Sequestro de Santo André, esta é a nossa mídia fazendo Escola e ensinando os caminhos para se desenvolver um sequestro e conseguir visualização no Plin-Plin.....

    Já para a crise Global eu queria dizer que.........que.........."sou apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no Banco (Graças a Deus!!!)hehehehehe"

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  2. Então, Fabrício, outro maluco mas desta vez em Salvador mantém a namorada como refém. A menina, com 18 anos, está grávida.

    A menina queria terminar o relacionamento e criar o filho na casa dos pais, já que o namoradinho está desempregado. Mas o cara não aceitou e agora tá aí, chamando a atenção.

    E sabe o que é pior? Isso acontece direto...malucos que se acham donos das esposas, namoradas e noivas querendo mantê-las acuadas e subservientes. Até o momento em que um parente ou vizinho intervém - a turma do "deixa disso".

    É uma pena que as queixas na delegacia da mulher sejam pequenas. E que ir lá e prestar queixa não represente necessariamente a solução do problema.

    Mas agora dramas passionais chamarão muito mais a atenção e serão explorados pela mídia.

    Ah, a crise global...Sarkozy devia seguir o exemplo do Lula e tomar uma cachacinha pra se acalmar. E olha que o baixinho francês tem adegas e...Carla Bruni.

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  3. Desta vez vai ser rápido. Só para agradecer, porque já estava começando achar que eu estava ficando (mais) louca de achar o mesmo (ou quase o mesmo) que você.
    Estava me sentindo meio solitária com tanto blá blá blá "mal-dito".

    Pior, esta semana, por obrigação no trabalho, ainda tive de assistir a uma palestra do Afif.
    Afif, meu amigo.
    Afif!
    Preciso dizer mais?

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  4. Essa cachacinha do nosso amigo "Lula molusco" é potente mesmo, porque ele nunca vê e nem ouve nada, mas agora que a "Crise" chegou no quintal de casa, ele que não tome cuidado que o "bicho papão" vai puxar o pé dele a noite.....
    (Sarkozy é o Collor versão Parisiense 2.0)
    Ahhhh, Carla Bruni.......:)........deixa minha esposa saber disso.......hehehehe

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  5. Vim agradecer pelo comentário elogioso no www.oultimoromance.wordpress.com e encontro um texto extremamente interessante. Por isso que gosto dessas coisas de blogs, que acabam ao contrário do que a maioria pensa, trabalhando de fato como um ponto de vista contrário ao da maioria manipulada pela imprensa. Isso é aliviante. Até entendo a atitude do Lula, o povo brasileiro em sua maioria é ignorante, se ele fizesse um declaração como a do Sarkozi o povo correria pra tirar o dinheiro dos bancos. Ae sim daria merda. A população brasileira não tem o conhecimento de como lidar com crises, afinal somos um "povo" novo. A derrocada do neoliberalismo até que me deixa com um sorriso de canto de rosto como disse no meu post no blog. Mas de fato, por mais que caia por terra essa concepção economica o estrago maior já foi feito. O abismo social da desigualdade já se alargou e hoje assume uma posição que é insustentável. É viver para ver !


    matheus


    www.oultimoromance.wordpress.com

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  6. Ah ! Sou eu denovo. Só pra dizer que adicionei o blog aos meus feeds ;]

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  7. Sarkozy é um imbecil, coragem teve o 1ª ministro inglês em declarar que o mundo já está em recessão.
    Aguarde! o grande guia se reunirá com governantes na 18 º cúpula ibero-americana (Chàvez diz que não irá por temer um atentado) quem sabe se dessa reunião sairá o milagre para o fim da crise mundial!
    Se prepare para a logorréia lulista!
    Dinheiro para o combate a fome sempre teve e muito foi dado, o problema está em quem gerencia, todos sabem sobre os desvios tanto de dinheiro como de alimentos doados

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