Eleições, demagogias e maluquices

É simplesmente relaxante assistir ao horário político com os candidatos a vereador nestes eleições. Quando penso que o candidato com um baita bigodão e sem dentes é o mais bizarro e o vencedor da noite, eis que aparece outro candidato com um terno azul claro e gravata verde lendo sofrivelmente que vai trabalhar pela educação. Muito bom! Deveriam fazer um documentário com esse povo.

Aliás, falando em eleições e educação, falta menos de 1 mês para conhecermos nossos nobres representantes municipais. E a educação é a menina dos olhos nas eleições. Só nas eleições e propostas, é claro. Como este GROOELAND já tratou, alguns governadores estão chiando com o tal “piso de R$ 950” para os professores e a gritaria só não é maior porque é ano eleitoral.

Mas voltemos às eleições. Aqui em Salvador tem candidato herdeiro do Coronel Grampo Chicote prometendo “educação em tempo integral”. A garotada passando o tempo inteiro na escola, afastando-se, assim, das drogas e em atividades de aprendizagem o dia inteiro.

Educação em tempo integral é um fetiche eleitoral. O tal candidato – e sei que muitos outros candidatos pelo Brasil têm a mesma proposta – diz que vai fazer o seguinte: aproveitar não só a escola como também espaços como teatros, praças, associações. Seria assim: pela manhã, o aluno estuda as matérias clássicas e durante a tarde, terá lazer, cultura, curso profissionalizante, música, esportes, internet, céu, paraíso.

Ora, vamos deixar de balela. Se os candidatos A, C, M ou N quiserem mesmo implantar educação integral em qualquer cidade, terão que investir na escola e nos professores. E investir muito. Vamos pensar em apenas um setor, a educação infantil, de responsabilidade municipal, para ilustrar. Será que os candidatos sabem que uma escola de educação infantil deve ter espaços bem característicos como uma brinquedoteca, por exemplo? É. Brincar também educa, ora pois! Talvez a brinquedoteca funcione nas praças detonadas e sem segurança da cidade - alguém acredita nisso, neste cenário atual? 

Aliás, a própria LDB (lei de Diretrizes e Bases) manda um recado interessante para os candidatos pensarem: a relação entre quantidade de alunos por sala e professores. Será que não precisaremos de novos prédios escolares? Ou as crianças vão se espremer em salas que caberiam no máximo 30 pequeninos, mas estão lá uns 40?

E será que as escolas públicas, do jeito que estão, oferecem o que está previsto nas Diretrizes Operacionais de Educação Infantil (caça no Google que você acha)? A saber:
localização, acesso, segurança, meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade, ventilação e temperatura, de acordo com a diversidade climática regional.

Embora pra Gustavinho Mauricinho Ioschpe as escolas do Brasil tenham boa infra-estrutura ( mais de 90% dos prédios escolares possuem energia elétrica e água encanada!), falta muita coisa ainda para que a educação tenha um mínimo de qualidade. E é só visitar uma escola na periferia ou mesmo no centro da cidade e verificar que muitas estão de pé por conta a)da ajuda da comunidade b) por conta de alguns professores que tiram "do próprio bolso" pra ajudar com material c) obras "me engana que eu gosto" neste período eleitoreiro.

Podia ter eleição todos os anos. Ao menos assim o Casseta & Planeta sairia do ar e daria lugar ao horário político.

Educação integral é uma boa? Educação, em geral, com projetos sérios e investimentos certos, é uma boa sempre. O que tem que acabar é com as demagogias (lucrativas para certas "consultorias educacionais") e oportunistas eleitoreiros. 

But...Who cares?Vez em quando algum doido cai aqui no grooeland graças ao Google e até lê um pouco ( tenho que aprender a ‘resume ae mano!!!’). Ou até algum mais ou menos lúcido conversa sobre essas coisas no ponto de ônibus ou na fila do banco ( "Baheeeeea minha poorra!").Mudar o mundo? Mudar o pensamento das pessoas? Mobilizar? Criar massa crítica? Mas nem...! Este blog não tem pretensão nenhuma. Só tentar ser um pouquinho inteligente e informativo. E não muito chato.




Olha aí o Ed Sonesto de volta...

Ed Sonesto é fichinha perto da galera.


4 comentários:

  1. Só consegui ver o vídeo de Leo Krete. Vou comentar logo sobre, ainda não tinha visto. Realmente seria engraçado se não fosse trágico. Ainda não há dúvidas de que ela possa ser eleita porque depois de Clodovil, Cadillac se candidatando e Gretchen também tudo é possível nesse país. Deu pra perceber a rima nada forçada da menina? Ignora, ignora...
    Mas, o povo realmente acha que voto é palhaçada e que não tem importância nenhuma, já ouvi gente dizendo que vai votar nela porque é humilde e merece receber um dinheiro. Como assim? Então agora política virou meio de sobrevivência para pessoas mais necessitadas? É óbvio que Leo Krete não aparenta querer fazer mudanças, só comer dinheiro mesmo porque nem propostas a criatura tem. Pior mesmo que ela, só o pessoal que vota nela.

    Educação é a solução pra todos os problemas mesmo, todos nós sabemos disso. É notável como nenhum candidato até os dias de hoje - sempre assisto os horários eleitorais teve coragem de falar de educação. Eles falam em criar escola de tempo integral, mas, nenhum deles teve a coragem de dizer como está o ensino público hoje e como mudar essa situação. Porque escola de tempo integral pra continuar do mesmo jeito que o ensino tá hoje não vale a pena.
    Quem tinha mania de falar que tudo era uma maravilha é o falecido, avô do demo. A cara-de-pau da criatura era grande demais. Acho até que já falei isso aqui...o ensino público era tão bom que netinho demo estudou em escola pública a vida toda e ia pro SUS quando tinha doença.

    Me lembro bem que há duas eleições atrás para presidente. A eleição em que Lula se tornou presidente, o que eu mais confiava era Cristovam Buarque porque até hoje é o único político de cara limpa que diz que o sistema de ensino do país é uma merda e só depois que ele for concertado que poderemos partir pra outros tipos de avanços.
    Precisa mudar muuuuuuuuuuuuuita coisa ainda, só é difícil com o pessoal votando em qualquer um, sem motivo. O pessoal diz que domingo é um martírio e ir votar nesse dia é pior ainda. Mas, como assim pessoal? Nós estamos realizando um direito nosso que só temos de 4 em 4 anos. Porque somos nós que mandamos no nosso país mesmo, eles só estão lá porque nós permitimos. Os políticos são a cara de um povo.

    Por um lado, eu sei que é fácil falar que os políticos têm a cara do povo, sendo que quem não tem educação nem de casa, nem escolar, não tem esse senso, não sabe ver a importância da política no nosso país e na vida da sociedade.

    Com relação a educação de casa e da escola. Acho que a escola deve complementar a educação dos pais e ensinar muita coisa. A escola hoje - qualquer uma, pública ou privada, não ensina ao aluno como se comportar como indíviduo e como ser pensante. Apenas como pessoas que decoram fórmulas, acontecimentos e datas. Os alunos não podem questionar nada, não são incentivados a questionar. Me lembro bem...já tive três provas que discordei do gabarito e pedi recorreção. As três foram ignoradas. Duas eu recebi de volta como resposta de que minha solicitação não foi aceita. Mentira pura, tanto é que o professor não sabe dizer porque não me deu o ponto das questões. Já uma terceira, que foi de marcar, até hoje não recebi de volta a prova, fui falar com a professora do ano passado, ela disse que eu tinha o direito de reclamar porque a questão estava totalmente mal formulada. Quem disse que eu recebi resposta? Nós começamos a lidar com o 'empurra com a barriga', com o comodismo e impunidade desde cedo, na nossa própria escola. Que é erroneamente chamada pelos diretos f*d*p de 'nossa segunda casa'.

    ;***

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  2. Só rindo, né?
    Pra não chorar.
    As bizarrices da vida pública...
    Sabe que aqui tem um tal que diz: "Corinthiano vota em corinthiano. É nóis".
    Vontade de chorar.

    Tudo tão fake, tudo tão armado que acho quase impossível que alguém não perceba a linguagem-pronta-e-armada.
    Mas, não percebe.
    Dureza, viu? Por isso ainda acho que pra se mudar esse país, só pela educação mesmo. Mas, quem vai fazer pela educação?
    Faço minha parte, mas é tão pouquinho...
    :(

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  3. Os políticos geralmente tratam a Educação em termos de números: o importante é um bom índice de aprovação. Não importa se os alunos apredneram ou não, mas sim que sejam aprovados. Isso significa melhor colocação nos rankings, mais verbas, etc.

    Uma piada.

    Vivemos no País das Maravilhas;

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  4. O post está excelente, não tenho nem o que comentar!

    Só que "Se os candidatos A, C, M ou N quiserem..." foi fantástico :)

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