SOBRE JOGOS OLÍMPICOS E SOBRE PAULO FREIRE, O DEMÔNIO

Terminaram os jogos olímpicos de Pequim. Um evento realmente grandioso e os chineses fizeram bem feito (apesar de toda a censura e do jogo de esconde-esconde da realidade chinesa - medalha de "ouro" aí também para os censores) e viraram uma potência olímpica nos esportes ( investir US$ 38 bilhões só para festa? Nada). E agora começa o "balanço do desempenho dos atletas brasileiros em Pequim". Prato cheio pros comentaristas de plantão - e este blogueiro também dá seus pitacos, mas sem a aura de "especialista".

O desempenho dos atletas brasileiros, no ponto de vista deste blogueiro (que escreve para seus 02 ou 03 corajosos leitores), foi muito bom. Não é fácil ser atleta no Brasil – com exceção dos jogadores profissionais de futebol da primeira divisão e daqueles que estão no futebol europeu.

Os programas esportivos certamente terão alguns desses atletas em seus estúdios por esta semana e logo depois tudo volta ao normal, ou seja, o “PROGRAMA ESPORTIVO” de qualquer TV vira “PROGRAMA FUTEBOLÍSTICO”, com técnicos comuns e pernas de pau adquirindo status de craques e celebridades.

Há muitas críticas por aí sobre o desempenho dos atletas. Críticas que vem não apenas do “povão” do qual este blogueiro se inclui, mas também dos “palpiteiros profissionais” que estão nas redações de jornais, sites e TV’s. Geralmente são pessoas que entendem tanto de judô quanto eu entendo de física quântica. E criticam com propriedade e exigem sempre “a vitória”.

No esporte, ganha-se e perde-se. O brasileiro não sabe ganhar e nem perder: quando algum atleta vence uma prova ou torneio, é um ufanismo nojento e irritante, em que as apresentadoras de TV adoram ressaltar a palavra “muuuuuundo” ( “Brasil é campeão do MUUUUUUUNDO”). Patriotada? Pataquada. Quando este mesmo atleta é derrotado (é esporte, sabem?) os comentários são lacônicos e os sites de internet já exibem logo enquetes do tipo “Fulano decepcionou nas olimpíadas”? O SIM é esmagador. E nos fóruns todos os termos possíveis para humilhar e ridicularizar o atleta derrotado. E na “imprensa especializada” a coisa é pior – gente despreparada emitindo “opiniões”.

Somo um povo muito carente e por isso muito exigente. Mas exigimos pouco de nós mesmos. Passamos muito a responsabilidade para “os outros” ( geralmente os outros são os “governantes”) . Analisar o comportamento do brasileiro diante de vitórias ou derrotas no esporte poderia render uma tese interessante, o que não é objetivo desse blog ( com posts longos e que quase ninguém lê, à exceção dos já habituais 02 ou 03 leitores).

Por isso eu gostei da Mari e de algumas jogadores do vôlei mandando alguns “críticos” calarem a boca e ficarem quietinhos. A Maureen poderia ter feito o mesmo e tantos outros atletas. Poderiam ter feito mais: ao invés de falarem que as medalhas conquistadas “são do Brasil”, poderiam dizer que a medalha eram deles mesmos e compartilhavam a vitória com os familiares, alguns amigos e quem os apoiou até Pequim.

Porque os aproveitadores estão aí, à espreita. Carlos Artur Nuzmann, o midiático presidente do COB ( Comitê Olímpico Brasileiro) , já anda atraindo os holofotes (e como gosta!) para falar do desempenho dos atletas brasileiros e Pequim e emendar a candidatura do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016. Certamente irá utilizar o exemplo dos jogos Pan-Americanos ( a 5ª divisão do esporte mundial). Pelé e Janeth já foram “eleitos” como “embaixadores”.

Falando em Jogos Pan-Americanos, qual a herança deixada pelo evento no Rio de Janeiro? Flávio Gomes em seu excelente blog dá a resposta:

“Quem mora no Rio sabe direitinho o que restou do Pan: um estádio para o Botafogo jogar, uma piscina abandonada, um ginásio que não é usado para jogo nenhum, um autódromo destruído e uma Vila Olímpica que está afundando. Pobre de quem comprou apartamento ali.”

Ah! E a mãe do Tiagoooooooo!

A “REVISTA VEJA” TEM A SOLUÇÃO PARA A EDUCAÇÃO!

A “revista” tem continuado com seu nobre propósito de melhorar a educação brasileira, abrindo nossos olhos para as "verdades", tentando comparar a realidade brasileira com a realidade finlandesa ( são muito parecidas, de fato) e descobrindo os porquês dos péssimos índices educacionais de nossos alunos.

A culpa, é claro, é dos professores, mas agora com um componente poderoso: o comunismo.

Não, não estamos em uma cápsula do tempo de volta aos anos 50 e 60. O grande problema da educação brasileira é a ideologia comunista, esquerdista retrógrada que “catequiza” nossos estudantes. Karl Marx e Che Guevara são criminosos ao lado de outro terrível ícone da esquerda xiíta: Paulo Freire.

É, Paulo Freire. O educador que escreveu um absurdo como este:

Me parece demasiado óbvio que a educação de que precisamos, capaz de formar pessoas críticas, de raciocínio rápido, com sentido do risco, curiosas, indagadoras não pode ser a que exercita a memorização mecânica dos educandos. A que “treina” em lugar de formar. Não pode ser a que deposita conteúdos na cabeça “vazia” dos educandos, mas a que, pelo contrário, os desafia a pensar certo (...), a pensar criticamente. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação

Terrível, não? Que perigo! Para a “revista” VEJA e as jornalistas Monica Weinberg e Camila Pereira isso tudo que Paulo Freire escreveu é uma bobagem. Gustavinho Mauricinho Ioschpe também acha isso tudo uma grande bobagem. O negócio é conteúdo. É despejar toneladas de fórmulas e regras tudo para que o país figure bem nos "PISA" que correm o mundo. Como se a educação de cada país, com suas particularidades, história e realidades pudesse ser qualificada através de uma simples prova.

Mauricinho e demais especialistas em educação da revista defendem a neutralidade do ensino. Mas é bastante interessante a neutralidade pregada pela ‘revista’. A ‘neutralidade’ da livre concorrência, da educação e dos alunos como mercadorias e das privatizações inconseqüentes ( melhorou a telefonia aí no seu estado? Quanto custa o acesso à internet? O atendimento do "call center" é bom?), além do consumismo fútil. Mas não é essa a bandeira neoliberal?Ops! Agora, certamente serei acusado de esquerdista xiíta amargo! Então voltamos no tempo! Capitalismo X Socialismo, Neoliberalismo X Comunismo! Genial! Tem coisas que só a VEJA faz por você.

Dos problemas históricos e verdadeiros da educação brasileira a “reportagem” não se ocupa. Mas na verdade este blogueiro não se preocupa com a revista em si. Preocupa-se, na verdade, com os leitores da revista sem espírito crítico (ops!) que lêem tal panfletagem e correm para escrever na secção de cartas que tal conteúdo “foi muito oportuno” (já repararam que este termo está sempre presente nas cartas dos leitores de VEJA? Por falar em adestramento...). Paulo Freire será bastante conhecido agora de um seleto grupo de leitores que se dizem "formadores de opinião" ( o instituto Paulo Freire publicou uma série de respostas à "revista". Clique AQUI e, de fato, veja).

Poderiam mudar para a Finlândia. E levar o staff de VEJA junto. Mainardi ( a anta), Mauricinho Ioschpe ( o especialista em educação), Moura e Castro ( o guru da educação) e tantos outros próceres geniais da “revista”.

9 comentários:

  1. =D

    Eu acompanhei alguns trechos da Olímpiada e te digo que só assisti os jogos de futebol: Brasil x Argentina e um pedaço de Argentina x Nigéria. E claaaaro, vi o volêi de praia que adoro, com o Brasil jogando.

    Hoje li uma materia num jornal falando de quanto o país investiu no esporte e do pouco retorno que o país teve, retorno financeiro no caso. Nem preciso dizer nada, né? O país não faz porcaria para incentivar nada e meio que reclama. Nesse país só futebol tem vez e ainda sim, sou totalmente contra esses jogadores que só ficaram famosos por causa dos clubes daqui, se picam pra Europa, largam esse país na merda - literalmente, fazem fundos e mundos de dinheiro e ainda têm a cara de pau de jogar na seleção brasileira e dizer 'eu sou brasileiro'. É, ele é brasileiro assim como a Globo não é manipuladora de informações.

    Vi um pedaço do volêi, com a Mari fazendo o tal sinal. Eu já interpretei de outra forma, porque acredito que aquilo ali não foi pros críticos. Os críticos (leia aqui emissora de televisão e editora Globo) são os que mais "apoiam" e colocam elas aí na mídia. Sinceramente, eu achei esse sinal delas de até muito mal gosto porque eu cansei desse ufanismo exagerado e até mesmo da parte de muitas equipes de achar que nós somos superiores no esporte e só perdemos por erros NOSSOS e não porque o outro time é realmente melhor.
    No caso do volêi de praia, a final, eu assisti. E com certeza, o Luís e o Márcio só perderam mesmo por culpa deles, por erro, os caras dos EUA eram bons jogadores, mas, não tão bons quanto eles. Agora, se for comparar jogo Argentina e Brasil no futebol, Argentina foi bem melhor...mil vezes. Por sinal,comentário inoportuno: engraçado é o povo falando como nossa seleção é maravilhosa e tem títulos mais importantes como o da Copa do Mundo e a Argentina é bicampeão olímpico só. O que me impressiona mesmo é que se nossa seleção fosse tão boa assim, nós teríamos medalhas de Olímpiada fácil fácil, né não?
    Mas, deixa pra lá. Se eu ficar falando muito disso, capaz de achar alguém na rua que queira me matar...

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  2. Quanto à parte da educação:
    Eu leio Veja quase nunca, só quando tô no médico. E geralmente, as matérias que leio não são das mais interessantes e nem tratam de temas que precisam realmente ser discutidos. Educação é um négocio muito 'solto' - acho que não só no nosso país, mas, no mundo. Estava comentando isso no final de semana com minha mãe...eu estava estudando para prova de português, mas, deu uma vontade danada de ficar debatendo sobre eleições na Bahia que estava rolando em uma comunidade do orkut. Mas, eu simplesmente não podia. Eu não podia porque tinha que ir pro conhecimento científico e decorar regras regras e regras de gramática. Eu quero dizer, não sou a favor de jogarmos os livros pela janela e dizer que nenhum daquele conhecimento é válido, mas, tudo tem que ser medido. O meu colégio prega o estudo de 4 horas por dia, ou 4 matérias como assim preferir. Eu chego em casa às 14h, começo lá pelas 16h e se for seguir o ritmo do colégio acabo lá pelas 20h e lá se foi meu dia, vou estar morrendo de sono no final. Repito, não acho que temos que ser vagais, mas, tudo tem limite. Porque se eu for estudar só pro colégio, só pra provas bestas semanais e o outro tipo de conhecimento? E a cultura? E a convivência? E meu papel na sociedade fica onde? Nós não temos esse tipo de base na escola, a escola pode ser a melhor que for, mas, não temos uma educação completa. Nós não somos educados a pensar como seres formadores de opinião e com pensamento crítico e que muitas vezes pode ser diferenciado da maioria. Esse tipo de coisa é escondido, jogado para fora da sala e cada um que se vire no dia-a-dia, quem não se virar, paciência. Afinal, nós tamos levando na barriga há muito tempo com brasileiros sem opinião formada, uns anos a mais, uns a menos não é muita diferença...

    Educação só vai deixar de ser uma coisa boa quando nós jovens, tenhamos a idéia e nos seja ensinado que conhecimento de todo o tipo é fundamental. Que é a base para que possamos ser melhores e o conhecimento é capaz de propagar nossa existência e prolongar o tempo de vida dos nossos descendentes por aqui. Temos que jogar fora esse idéia de que matemática é chata e não serve para nada. História são coisas fantasiosas e Geografia não existe. Temos sim, que aprender coisas IMPORTANTES e relevantes para o entendimento do assunto.
    Que nem hoje, teste fechado meu de geografia...o professor colocou lá, perguntando o que fazia do Canadá o principal exportando de celulose do mundo. Caraca, fiquei em dúvida de duas letras. A taiga canadense e a tundra canadense. Marquei a segunda opção, mas, depois vi que era a primeira. No caso, isso é informação palpável, tudo bem. Mas, isso influencia em quê no entendimento histórico do Canadá? Eu quero dizer, a resposta não é totalmente boba, mas, e o aprofundamento do assunto? E os eixos econômicos? E a história do povo? Sempre acho que o assunto tem outras maneiras mais aprofundades de ser cobrado e explorado em sala de aula...

    Fugi um pouco do post :\

    P.S: Vi seu comentário sobre a boa estréia de Roberto Cavalo! Só ouvi algumas coisas do jogo na rádio. Ponto positivo para o Bahia, claro. Na verdade, ponto positivo por ter tirado Adilson que não vem fazendo nada no campo há muito tempo, só ocupando lugar. Agora é melhorar e não achar que já tá tudo ganho só por causa da goleada no Marília. Mesmo assim, ainda sinto falta de Arthuzinho...


    ;***

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  3. ops, Educação só vai deixar de ser uma coisa ruim*

    ops, goleada no América-RN*

    ashahshas ;D

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  4. Sabe o que me revolta?
    Brasileiro quer ser primeiro em tudo. E esquece do caminhar. A importância de ter de vencer TODOS os dias para viver. Esses atletas já são vencedores. Quantas vezes eles não têm de pagar para treinar? Quantas?


    E quanto a Veja e ao Paulo Freire...
    Difícil até comentar.
    Paulo Freire dizia que "o mundo não é, o mundo está sendo", por isso, todos os dias, todos, faço o possível para melhorar um tiquinho que seja, a educação nesse país.

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  5. Mas que ótimo seu blog, li sobre o caso 'Veja', que tem como campanha 'Você e Veja, indispensáveis para o país que queremos ser'.
    A revista realmente não comenta sobre os verdadeiros problemas da educação brasileira. Como a maioria de seus textos, são todos ele superficiais e maquiados.
    Paulo Freire é outra coisa...
    Mas ninguém ainda estudou ele na escola...talvez seja esse nosso problema...
    Valeu
    All3X

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  6. É triste ver que as pessoas não entendem o "perder" como um possível "aprender". O esporte deve, junto com a educação ser um incentivo na vida de jovens que não possuem opções. Mas, do jeito que a coisas andam distorcidas por aqui, penso que qq coisa do tipo seja um pouco mais que complexo! :)
    *Qto ao seu coment no meu texto, putz, foi trash... :| Descobri que ele ficou num temporário, quem sabe, agora com mais tempo eu não re-edito! Hihihi... pena não termos falado mais aquele no msn. SORRY! Bjos e bom final de semana!

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  7. E nadador brasileiro ganha medalha olímpica se treinar aqui? NÃO.
    Esporte é educação, não temos política para isso, temos muita maquiagem para sediar jogos, só (made in china).
    Aliás, a maioria entende mesmo sabe de quais jogos? Vídeo game.
    Gro, como gosto de ler vc...

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  8. Meu cumpádi! Jamais se canse de escrever suas opinões! Adorei a conexão Educação e Esporte, pois o Brasil e países vítimas do imperialismo europeu ainda insistem em criar instituições onde juntam Ministérios e Secretárias de Esporte, Cultura e Lazer. Não quero dizer que Cultura e Lazer não podem constituir um dos predicados do Esporte, mas creio que seria muito bom incluir o esporte e sua disciplina, solidariedade e competição lúdica sadia no âmbito da Educação, como, por exemplo, fazem os Estados Unidos e Canadá, que nos é é proibido de imitar seus sucessos, ou mesmo adaptá-los. Somente pegamos exemplos do que é condenado lá, para aplicarmos aqui como grande "evolução", vide os grupinhos nas escolas particulares que se dedicam a bater diariamente em alunos escolhidos para serem segregados.
    Pensar e criticar sempre foi crime na sociedade moderna.

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  9. Ai, ai! Mais uma da Veja (um dos Cavaleiros do Apocalipse Brasileiros, junto com Globo, Folha de São Paulo etc). Justamente pela educação sem qualidade (não falo nos moldes da Veja), é que o brasileiro é tão manipulável por esse tipo de repostagenzinha.
    Ah! Quanto aos atletas, é tudo problema psicológico!kkkkkkk
    Parabéns pelo blog, cara! Muito bom!

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