EU CARNAVAL,TU CARNAVAIS...
Mal terminou o carnaval e outro já começou. A venda de abadás para o Carnaval 2006 está a pleno vapor. Cerca de 5.000 abadás para o ano que vem foram vendidos somente hoje, 10/02. Para quem pensava que a forte chuva que caiu em Salvador nos dois últimos dias de folia fosse desanimar os foliões, eis aí a resposta.
Carnaval é diversão e também um grande negócio, ao menos na capital baiana. Não sou fã da folia, mas gosto do feriadão e suas possibilidades.
Senta que lá vem história:
UM CAUSO GROOTESCO DE CARNAVAL
Foi há 04 anos em uma cidade do interior da Bahia. Este Groo que vos escreve e seu primo foram a uma festa de Carnaval promovida pela prefeitura local. E festa promovida por prefeituras do interior seguem esse modelo: um palco montado na praça central da cidade, com um monte de bandas regionais e uma grande atração. No caso desta festa a atração principal era o grande cantor Lairton e seus teclados ( quem não se lembra: Ai ai ai ai ai aiaiai é amooooorrr....aiaiaiai é amooor.....).
Groo e seu primo estão lá no meio da bagunça, com a praça lotada de foliões da cidade e muita gente de cidades vizinhas. E amigos juntam-se a outros amigos e Groo tá só na dele, sorvendo a cervejinha e jogando conversa fora. Até que o primo grootesco apresenta um amigo ali mesmo da sensacional Miguel Calmom:
- Bicho, esse cara jogava vôlei contra a gente e depois sumiu!
- É, trabalho, estudo...aí teve que levar a vida mais a sério, né?
- Só. Rapaz, a seleção daqui era páreo duro!
E o Groo entra na conversa:
- Ah, você era da seleção daqui?
- É, a gente formou um time que diziam que era a seleção. A gente jogava contra os times daqui da região e ganhava muito jogo, sabe?
-Ah, certo. E jogou muitas vezes lá contra o time do Mundo Novo?
- Rapaz, já jogamos algumas vezes...mas sabe o que era bom nesse negócio? Era sair e conhecer esse monte de gente e lugares. Hoje não faço mais isso. Procê ver, a última vez que fui pro Mundo Novo foi quando minha vó morreu!
- É mesmo? Quem era sua vó, desculpe perguntar.
- Não, não, tudo bem...era Anerina, conhecida como Nerina.
Groo e seu primo se espantam. Talvez um pouco surdo pelo barulho do “aiaiaiaiai é amoooorrr”, Groo pergunta:
-Como é?
- Nerina.
- Nerina...Guimarães?
- Isso! Conhece?
-Se conheço? Bicho, tu sabe quem é o Véio Dú?
-Oxe, o véio Dú é meu tio, porra, irmão da minha finada vó!
-Pois é! E o véio Dú é meu vô!
-Rapaz...então a gente é primo???
-Puta merda!
- Não acredito! E a gente jogava vôlei, vinha pra cá sem saber que tinha parente, disse o primo grootesco.
E foi um tal de mostrar a identidade do outro, pra conferir os sobrenomes Guimarães e Lopes... e o “novo primo” do Groo já foi sentenciando:
- Rapaz, peraí que cês vão conhecer mais primos!
E o “novo primo”tinha um irmão e uma irmã e foi apresentando para seus dois “novos primos”. Foi primo pra lá, primo pra cá que até confunde. Mas o melhor desse “novo primo” que Groo e o primo grootesco conheceram,além da simpatia, é que o cara é daqueles que conhecem TODO MUNDO da cidade! E foi uma beleza! O cara andava dois passos e parava uma menina conhecida dele:
- Olha, esses são dois primos meus, um de São Paulo outro de Salvador....
E foi assim. Groo e seu primo grootesco já conheciam QUASE TODO MUNDO que estava presente na praça. E cerveja, e novas amizades, e camaradagem... Groo não se arrependera de jeito nenhum em ter percorrido uns 50 km de estrada ruim de terra e aguentar Lairton e seus teclados ( aiaiaiaiai é amoooorrrr!). Para Groo um carnaval assim valia a pena, pois não é sempre que se conhece novos parentes perdidos por aí.
E já eram 5 da manhã quando Groo e seu primo grootesco resolveram ir embora. Os novos parentes e novos amigos não queriam deixá-los irem embora. “Dorme aí,pô, tem lugar!” “Lugar é o que não falta” foram as expressões que utilizaram para convencer Groo e seu primo grooteco a ficarem por lá. Mas não ficaram. Decidiram ir embora para pegar a festa de Mundo Novo também. Afinal, era apenas o começo do Carnaval. Despediram-se e prometeram voltar. Só que não voltaram, mas viram os novos primos em outras ocasiões, em outras cidades. A Groo ficou a lembrança da descoberta dos parentes e aprendeu algo: preste atenção com quem conversa...pode ser seu parente.
EPÍLOGO
Groo e seu primo grootesco enfrentam os 50 km de estrada ruim na volta e chegam ao destino por volta de umas 06, 06:30 da matina. Com aqueles olhos vermelhos de sono de uma noite na farra, nem notam um senhor passando em seu jegue com os litros de leite que ele acabara de tirar:
- ‘dia!
Um tanto atrasado e meio abestalhado, Groo responde:
- Ô...’dia!
Duas senhoras, a caminho da Igreja, passam e comentam:
- Esses jovens de hoje...só querem saber de farra!
Ah, como o tempo é implacável!
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