2020, o ano que não terminou

2020, o ano que não terminou


E cá estamos, em janeiro de 2022, às voltas com um novo crescimento de casos de covid-19 em uma pandemia que ainda não acabou, embora o comportamento das autoridades governamentais e de parte da sociedade levasse a crer que estávamos retornando a uma “vida normal”.

A vacina tem cumprido com louvor a sua função: apesar dos alarmantes e preocupantes casos crescentes, os óbitos são reduzidos e a maioria (80%) dos mortos pela covid é de pessoas não vacinadas. Mas o imunizante, sozinho, não dá conta do desleixo das medidas preventivas e displicência dos poderes públicos. Todas aquelas medidas divulgadas à exaustão pelos médicos sérios e cientistas nos últimos dois anos são consideradas “prejudiciais à economia” e vistas como “exagero” ou “coisa de gente paranoica” porque há pessoas que ainda não entenderam: a vacina não vai conceder a imortalidade ou super poderes, e sim prevenir contra as formas mais graves da doença.

É bem verdade que estamos fatigados com esta pandemia que parece não ter fim, mas isso demonstra que não há como retomar a normalidade como praticávamos enquanto a crise sanitária continuar em curso. O grande problema é que esta “normalidade” da qual fomos condicionados não apenas despreza as recomendações da ciência, mas também contribui para que novas variantes do coronavírus apareçam e prolonguem a pandemia: a desigualdade na distribuição e aplicação das vacinas nos países pobres em um mundo com altíssimo fluxo de viagens e circulação de pessoas levará a novas ondas e possivelmente novas variantes.

Resumindo: quanto mais gente infectada, maiores chances do vírus passar por mutações e desenvolver variações mais agressivas. A coação pela produtividade e recuperação econômica não se importa com isso: infelizmente, mesmo passados dois anos em que a covid-19 ceifou mais de 5 milhões de vidas em todo o mundo, o apreço pelo dinheiro tem sido maior do que a vida.

E como se não bastasse ainda há o inacreditável discurso antivacina que encontra ecos e grande aderência em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil — embora o perfil do antivax brasileiro seja muito parecido ao de nosso lastimável e bizarro chefe de estado: brada contra os imunizantes, espalha fake news e teorias conspiratórias nas redes sociais e aplicativos de mensagens, mas toma a vacina escondido.



O descaso para com a comunicação eficaz durante a pandemia relaciona-se à falta de campanhas objetivas e atualizadas por parte das instituições governamentais e mesmo privadas. Por exemplo, os tais “protocolos” de volta às aulas em 2021 são completamente defasados com o que se descobriu sobre a transmissão do vírus — e iniciaremos o ano letivo de 2022 com os mesmos problemas. Os cientistas parecem pregar no deserto sobre máscaras adequadas (PFF2 ou N95 para lugares fechados), ventilação, espaços arejados e aglomerações. Condicionar tais medidas simplesmente como responsabilidade individual, abandonando a população ao "cada um por si" não é eficiente e nem muito inteligente para um problema global, ainda mais em um país com profunda desigualdade e grave crise econômica das quais o governo faz pouco caso.

E não esqueçamos a omissão criminosa das empresas de mídias digitais em coibir e banir perfis com postagens antivacinas e demais discursos perniciosos não apenas sobre o coronavírus, mas temas diversos de modo geral — as redes sociais estão repletas de manifestações racistas, nazistas, etc., e muito pouco é feito porque gera lucro para tais empresas.

Como se vê, ainda temos muita coisa para resolver antes de decretarmos o “fim da pandemia” e baixar a guarda com os cuidados preventivos. Pelo visto, mesmo com a vacina, levaremos um bom tempo para sairmos de março de 2020.


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