O ano que vem

 


É a reta final de mais um ano, mas não um ano qualquer: 2021 entra para a história do brasil como o mais tétrico e devastador deste ainda curto século XXI. E mais uma vez apostamos nossas fichas em um ano novo melhor, como se um simples salto na data no calendário produzisse mudanças significativas.

Isso é algo natural, pois desenvolvemos a ideia de ciclos e o chamado réveillon indica o fim de um período e renovação para o próximo que virá. É importante, de certa forma, acreditarmos neste ritual, pois renova esperanças e fortalece a resiliência, que é a capacidade de reagir a traumas e adversidades diversas.

Haja resiliência aos brasileiros. Um ano marcado por uma pandemia sem o menor controle até meados de maio com mais de 600 mil óbitos, a fome e a miséria assombrando milhares de famílias, aumentos sucessivos de alimentos e combustíveis, a destruição insana do meio ambiente. Este foi apenas um brevíssimo resumo de 2021 e ainda temos um chefe de estado desprezível com postura desdenhosa a todos estes problemas juntamente aos seus milhares de cúmplices — e não estou falando apenas dos fanáticos medíocres nas redes sociais, mas também de pessoas que detém poderes e destaque na sociedade, imprensa e mídias sociais.

A pandemia, ao contrário do que muitos dizem, não traz lições, e sim constatações. Fica muito claro que a crise sanitária reproduz um problema de desigualdade não apenas no brasil, mas no mundo inteiro. A OMS (Organização Mundial de Saúde) alertou desde o início deste ano sobre a distribuição dos imunizantes aos países mais pobres para que todos pudessem ser vacinados. O mundo, mais uma vez, deu de costas aos apelos dos cientistas e o que se viu foi a tônica da humanidade frente à pandemia: cada um por si, “farinha pouca, meu pirão primeiro”. O resultado é uma nova variante preocupando o mundo no fim de 2021 e a pergunta sobre quando isso vai acabar.

Enquanto insistirmos na manutenção de uma “normalidade” onde predomina tamanha desigualdade, egoísmo, depredação da natureza e desdém pela vida, isso nunca vai acabar: teremos novas pandemias em que os pobres e assalariados serão as maiores vítimas para que o sistema baseado na exploração e destruição seja mantido em prol de algumas centenas de milionários.

A mudança de ano deveria vir acompanhada da mudança de atitudes e ideias. É difícil, mas não impossível, afirmou o grande Paulo Freire. Por isso juntemo-nos aos inconformados que não se rendem ao fatalismo do “não tem jeito”. Este, sem dúvida, é o primeiro passo para um ano novo real.

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