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As estrelas e os meus devaneios
Imagem: NASA.
Alguém já afirmou que viver é um deslumbramento com o que nos cerca, sobretudo pela natureza e com os chamados pequenos gestos. É difícil, por exemplo, não se “encantar com o encantamento” de uma criança diante de uma descoberta. Na fase adulta, porém, perdemos muito daquele encantamento – e comigo não foi diferente, mas mantenho o deslumbramento que é observar as estrelas em uma noite límpida e recheada destes corpos celestes.
Em meus devaneios ao observar aquela grande quantidade de estrelas, ainda me
lembro das aulas de Ciências e de como eu fiquei deslumbrado ao descobrir que
várias estrelas das quais vemos no céu deixaram de existir – o que enxergamos é
a luz daquele corpo celeste que ainda viaja pelo espaço. É bem curioso imaginar
que aquela estrelinha para a qual detenho o olhar não exista mais e o que eu
esteja enxergando seja apenas o seu passado.
E o que vejo nas noites límpidas (principalmente no interior, longe das grandes
cidades) é apenas uma parte muito pequena das estrelas que existem em nossa
galáxia – apenas na Via Láctea há mais de 100 bilhões de estrelas*. Inútil imaginar
(e mensurar) a quantidade de planetas existentes apenas nesta parte do universo
e mais ainda das estrelas pelo cosmos.
Novamente perdido em meus devaneios, imagino a possibilidade de vida
inteligente nesta imensidão sem fim que é o universo. E embora nosso simpático
planetinha azul seja um mero pontinho perdido dentre infindáveis planetas e
estrelas, penso se alguma forma de vida inteligente extraterrestre sabe de
nossa existência. Será que estes seres extraterrestres não ficariam
deslumbrados caso descobrissem que “não estão sozinhos” no universo? Creio que um
ser extraterrestre ficaria encantado com a diversidade de vida que existe em
nosso planeta – e, talvez, demonstrasse algum desapontamento com o modo que os
seres humanos tratam a Terra. Ou, quem
sabe, demonstrasse admiração pelo desenvolvimento técnico e científico
alcançado pela humanidade.
A partir deste ponto a minha imaginação viaja para lugares tão distantes quanto
onde estão as estrelas. O que seria uma “inteligência extraterrestre”? Nossa
humanidade - que encontra tantas dificuldades para aceitar até mesmo aos seus
iguais independentemente de raça, cor e sexualidade - estaria preparada para
descobrir novos padrões de inteligência e formas de vida? É um exercício curioso fazer essas conjecturas e eu adoraria viver o bastante para conferir os
primeiros seres humanos em Marte – um planeta que sempre despertou bastante
curiosidade e boas histórias de ficção científica. Ou expedições mais
reveladoras sobre Titã, uma das luas de Saturno.
As futuras gerações assistirão a isso. E talvez consigam chegar até as estrelas
e demais planetas, descobrindo coisas novas e mesmo formas de vida - primitivas
ou inteligentes. Isso acontecerá desde que a humanidade não perca a curiosidade
e o deslumbramento. Este foi um dos dois desejos que eu fiz para uma estrela
cadente – o outro, não conto.
(sim, eu sei que uma “estrela cadente” é na verdade uma rocha proveniente do
espaço; mas deixemos algo para a poesia e a fantasia – tal como nos versos de Olavo Bilac.)
*Sagan, Carl. Variedades da experiência científica: uma visão pessoal da busca
por Deus. Tradução Fernanda Ravagnani – São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Também adoro me perder olhando para o céu estrelado! Adoro a Lua, mas nada como um céu sem Lua, no meio do mato, sem luz elétrica, com todos aqueles pontinhos de passado. Mas será mesmo que um dia vamos habitar outros planetas? Valerá a pena? abraços, Groo!
ResponderExcluirComo o nosso Sol "morrerá" daqui a uns 5 bilhões de anos, quem sabe até lá a humanidade não encontre um cantinho por esse universo, né, Cris? :) Abraços!
ExcluirSagan escreveu muita coisa boa que nos faz pensar até hoje.
ResponderExcluirMuito bom texto primo.
Sagan é ótimo, primo! Obrigado! :)
ExcluirOlá, Jaime.
ResponderExcluirCreio que a divagação sobre o que existe ou não nesse Universo afora sempre foi e sempre será uma eterna dúvida humana e também algo que é parte inerente do ser humano seja qual for sua nacionalidade ou crença.
Sobre o fato de as únicas coisas que vemos de estrelas extintas serem apenas sua luz (e não elas próprias), li sobre isso pela primeira vez em Watchmen (e até hoje quebro a cabeça matutando sobre aquela genial hq).
Uma outra série que sempre lidou com o desconhecido foi a Star Trek original que, com orçamento de palito de fósforo avulso, conseguiu levar ficção científica de (na maior parte do tempo) boa qualidade aos cidadãos comuns estadunidenses (que, ironicamente, se acham o centro do Universo).
Abraço e até a próxima, Jaime.
E ainda há quem desdenhe das HQs, né, Jacques? Um abraço!
ExcluirGrato, poeta Satoru!
ResponderExcluirOlá Jaime,
ResponderExcluirFeliz, e mais feliz em te ver por lá.
Some não, visse menino das estrelas? Risos!
Estava aqui pensando que esse texto tem um pouco de mim, Gosto observar as estrelas, faço muito isso... Que curiosidade essa! Será! Ou é verdade... Aquela estrelinha que gosto de observar não exista mais, e o que eu esteja enxergando seja apenas o seu passado. Nossa! É complicado pensar assim... Há certos momentos na vida, que acaba sendo registrado como se fosse uma fotografia, a gente nunca esquece, acho que não!!!. Gostei da forma como lapisou esse texto... Super inteligente.
Uma ótima semana!
Beijokas!
"Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta, e uma época com você.” (Sagan)
Adoro!
Oi, Smareis! Não andei pelas estrelas, mas estive com a cabeça no mundo da lua rs. Muito obrigado e adorei a citação do Sagan! Bjks!
ExcluirNão faz muito tempo e eu era fascinada pelo espaço. Lembro-me ,perfeitamente, que por muito tempo, fiquei com medo de dormir à noite com medo de um E.T vir me pegar. Chorava com vontade.
ResponderExcluirUm fato muito curioso também é que por um tempo significativo eu tinha o mesmo sonho: sonhava que estava sentada em algum planeta(penso que era Júpiter) e ficava cantando “This is the dawning of the age of Aquarius..the age of Aquarius.. Aquariuuuuuuuuus” E eu gritava no espaço.rs O mais traumatizante é que eu contava para minha família e amigos e virava motivo de piada. Não me levavam a sério. Hoje já não sonho mais com isso. Algo bem estranho..Sei lá,deve ser porque eu tenho um lado meio mítico..Sinto saudades desse sonho..
Eu tenho(tinha) uma luneta astronômica, dos tempos de escola mesmo, mas a usei pouco, porque eu ficava com medo de olhar para o espaço e um E.T me encarar. kkkkk Coisa doida.. Na boa, sou bem de cabeça não.. Mas eu a quebrei,porque a lancei em direção ao meu irmão durante uma briga ridícula.Claro que não o acertou, mas em compensação.. a bichinha se ferrou. Guardo os seus destroços até hoje. Uma forma de respeito.rs
Muito bom esse seu fascínio por esse mistério que é o Universo..É algo muito pueril, coisa de menino mesmo, né? Devanear é algo que mantém as mentes sempre jovens e audaciosas..Mentes estreladas..Isso é lindo!
Tem um trecho de uma música do Jorge Vercillo que diz: “seres de luz e humanos de outras estrelas inspiram novas ideias por nossa evolução..” E deve ser isso mesmo! Quem pensa que somos a única raça inteligente desse vasto mundo,está blefando..Penso que dever ter raças bem mais superiores a nossa.Estão só nos observando..
Lindo o seu texto,Jaime! Chega até ser poético.Na verdade,devanear é fazer poesia..
Beijão,Dani!
hahahaha Gritar no espaço foi ótimo, Dani, só mesmo em sonho rsrs. Também acho que devanear, de certa forma, é lidar com poesia. Obrigado! :) Bjs!
ExcluirJaiminho, querido amigo!
ResponderExcluirFiz uma primeira leitura, mas te aviso que retorno com calma para comentar ou tentar comentar :)
Grande beijo e ótimos dias!
Beijo, Cissinha! Muito grato! :)
ExcluirOlá, professor!
ResponderExcluirQuando era criancinha, passava todos os meus finais de semana na casa da minha avó, num lugar longe de tudo chamado Perynas. Foi lá q dona Leonor me ensinou a olhar o céu à noite para observar as estrelas e identificar as constelações (claro q boa aluna q sou só sei onde estão Órion, Escorpião e o Cruzeiro do Sul), mas deixo minha nostalgia para outra hora.
É interessante, no mínimo curiosa, a ideia q a gente, de modo geral, tem sobre a vida fora da Terra (caso haja) ser "mais evoluída". Caso seja mesmo, acho q teriam vontade de manter distância de nós, tão pequenos.
bjohnny!
Moça cabofriense, também tive um momento de nostalgia, pois lembrei do meu avô. :) Bjks e obrigado!
ExcluirJaiminho, voltei!
ResponderExcluirExcelente texto!
Fiquei viajando por aqui... pensei que se as estrelas que vemos já acabaram ou coisa parecida, será que outras coisas que vemos não estão na verdade em outra dimensão, apesar de interagirmos visualmente com elas? Enfim, nem tudo ainda foi descoberto, por que ainda não foi explorado ou instigado.
E creio que esse "instigar" é uma coisa típica do nosso lado criança, quando nos desperta as curiosidades, todas aquelas possíveis e as que parecem impossíveis também. É na curiosidade, aliada à imaginação e/ou encantamento que surgem as inquietações que podem ser comprovadas ou não. Os cientistas bem o sabem. Que nosso lado criança nem sempre significa imaturidade; pode significar descoberta.
Beijos e ótimos dias, amigo!
Obrigado, Cissinha. Bom, há como o universo é algo que continua em expansão e ainda há a possibilidade de existir um "multiverso", então... pode ser possível, não é? Bjs! :)
ExcluirOi Jaiminho,
ResponderExcluirTudo bem? Tenho um proverbio que fala algo mais o menos assim: não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado. Quando penso em estrelas, sempre penso em esperança em um mundo diferente, um lugar em que poderia adormecer.
Quando criança me encantava com a ciência que explicava que os planetas se chocam e do caos nasciam as estrelas. Então pensava nesse mundo das estrelas como um lugar em que poderia fugir da minha escuridão.
Então, amigo, o seu texto nos faz pensar nas estrelas como um lugar para sonhar.
Beijos e saudades!!!!
Oi Jaime,
ResponderExcluirPassei pra ver se já tinha novidades, e desejar uma ótima semana!
Já tem atualização, passa lá quando puder...
Beijos!
ótima semana!