E vai rolar a festa da "democracia"!

No próximo domingo, dia 03 de Outubro, teremos aquilo que o William Bonner e demais paladinos do showrnalismo tupiniquim adoram dizer: "a festa da democracia"! O pleito eleitoral que definirá o futuro do Brasil nos próximos 4 anos! ( toca a vinheta celestial “ohhhh”)

Uma festa da qual eu, você e o povão em geral não é convidado e sim forçado a comparecer, sob pena de multa e diversas outras retaliações que só um regime democrático como o nosso pode conceber. E neste ano de 2010 compareça à seção eleitoral com toda a paciência do mundo, pois teremos que “escolher” presidente, senador, governador e deputado estadual e federal. É isso mesmo que você imaginou: filas, filas e mais filas. Mas não desanime, olhe para aquele mesário e pense que poderia ser pior o seu domingão.

Neste sábado eu resolvi tomar uma boa dose de coragem e assisti ao horário político – que de gratuito não tem nada – na TV. A intenção era dar boas risadas com os candidatos bizarros que botam a cara (de pau) na televisão para pedir votos e descolar uma boquinha na política. Claro, para que serve um horário político na TV senão observar este lado ridículo de que hoje a política virou uma espécie de trampolim para a ascensão social de qualquer Zé Mané candidato? As propostas, quando são exibidas, são pífias e demagógicas – e não estou falando dos palhaços, transformistas, cantores e atores rebaixados ao mundo das sub-celebridades, estou falando daqueles políticos considerados “sérios”.

Cito como exemplo a disputa para governador no estado da Bahia de Todos os ex-Magalhães. Como trabalho na área de educação, presto mais atenção às “propostas” para este setor e quando tomo conhecimento do que “nossos” candidatos pensam sobre o assunto só fortalece a minha tese que discorda do grande filósofo Tiririca: pior do que está, ficará, pequeno gafanhoto!

Vejamos: o atual governador, candidato à reeleição, defende continuar com o modelo que fez o país avançar, blábláblá. Para os professores o recado é claro: vai continuar tudo do jeito que está e o que já era ruim conseguiram piorar; outro candidato, o segundo colocado nas pesquisas, promete o “ensino médio em tempo integral”. A escola em tempo integral é o fetiche de vários candidatos e não aparece um jornalista com os culhões para perguntar: “Que escola, candidato? Essas escolas com problemas de infra-estrutura, salas lotadas, com profissionais desvalorizados, uma escola que ninguém aguenta mais?”.

Mas a “melhor proposta” de todos vem do terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para governador da Bahia: uma poupança estudantil anual no valor de mil reais a ser concedida aos melhores alunos do ensino médio. Ao saber dessa “proposta”, meu tio Zé deu um pulo e exclamou: “Quero voltar a ser aluno! Chega dessa miséria de aposentadoria!”.

Se vocês repararem no discurso de vários candidatos aí do seu estado, sejam eles de “esquerda”, “direita” ou seguidores do Enéas, sempre há propostas vinculadas a incentivos financeiros pro povão. Não considero que o bolsa família seja um mau programa - e eu o defendo por se tratar de um país com profunda desigualdade histórica e programas de transferência de renda são necessários; no entanto quando mais propostas atreladas ao aspecto financeiro chegam à área educacional, o pensamento que não sai da minha cabeça é o seguinte: “salve-se quem puder, quero é grana, a escola e o aprendizado que se danem”.
É verdade que tanto alunos como professores não aguentam mais o modelo atual de escola – com honrosas exceções – e justamente por isso o olhar destinado à educação deveria ser bem mais amplo, em um projeto consistente a médio e longo prazo resgatando a função da escola. O incentivo ao estudo através de bolsas tem a sua importância ( lembre-se do ensino superior e pesquisas) e é claro que dinheiro é importante e necessário, sobretudo para a valorização do profissional de magistério, mas é apenas um fator dentre tantos que para se atingir uma educação de qualidade. E todas as propostas apresentadas pelos candidatos para o setor são demagógicas, genéricas ou sobretudo assistencialistas.

É por isso que não dá para se animar com esses programas políticos na TV. Só vale mesmo pelo lado cômico. E não dá para se animar também com essas eleições. Não me surpreenderia nem um pouco com a vitória do Tiririca, do Romário, do Kiko do KLB, Popó, Mulher Pêra, Léo Kret do Brasil, Netinho de Paula, Moacyr Franco ( medo!) e outros candidatos bizarros para seus cargos. Não estamos mais falando de política, estamos falando de entretenimento – e disso eles entendem.

Então ficamos assim: esses candidatos oferecem o circo e os candidatos “sérios” oferecem o pão. E nos veremos na semana que vem numa festa de arromba... e nem queira saber o que arrombarão caso não confirme a vossa ilustre presença!

Por saúde, educação, emprego, renda e moradia, siga-me no twitter: www.twitter.com/jaimeguimaraess

9 comentários:

  1. Só tenho uma coisa a dizer sobre isso: odeio período de campanha! Não aguento mais ouvir as mesmas besteiras de todo ano e ver os abusos que os candidatos cometem.

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  2. Sabe o que tenho observado? Que muita gente dita "esclarecida" vai votar no Tiririca...

    OK, talvez o problema nem seja ele, coitado, mas o sistema de voto proporcional que vai levar mais gente, rebocada pelo "abestado"...

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  3. Pois é....como bem disse o Douglas aí em cima (ou embaixo...não sei como fica a ordem nesses comentários) já ouvi que muita gente vai tiriricar na urna !!!

    Acho que um sujeito que faz isso com seu voto deveria ser banido do país !

    O pior de tudo é que, passadas tantas eleições ditas democráticas, ainda não votamos em projetos ou em partidos....simplesmente porque não há mais ideologia por trás deles.

    O culto é à pessoa...e cultos à pessoa já sabemos onde nos levam.

    Abração Jaime...e boa sorte com os Tiriricas soteropolitanos.

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  4. Sabe, professor? É tanto candidato q tem como única proposta se posicionar contra a descriminalização do aborto e do casamento homossexual num país com tantos problemas sociais... Acabo achando isso tão mesquinho q não consigo condenar um Romário (se vc achava q o Netinho comunista era dose, o Romário socialista é dose pra leão) da vida dizendo q vai lutar por políticas inclusivas para portadores de deficiência, mesmo demonstrando não ter a menor noção de como fazer isso na prática.

    Você toca num ponto importante: políticas de longo prazo. Mas essas esbarram na ambição partidária. Qual partido seria capaz de lançar uma semente hoje q só viria brotar daqui há uns 15 anos, qndo outro partido estaria no poder e, consequentemente, ganharia os louros? É uma fogueira das vaidades onde quem se queima somos nós.

    Mas, no domingo, qndo eu for votar olharei para aquele pessoal todo e pensarei q estão bem memlhores q eu, vão ganhar umas folguinhas no trabalho por conta desse dia.

    bjohnny!

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  5. Ô Jaime, em você eu votaria de olhos fechados. rsrs.

    O negócio chegou num nível tal que eu imagino o seguinte: os caras sérios que lá estão ninguém acredita mais. Se antes eles eram maioria, hoje já são exceção. Os sérios que a gente gostaria que lá estivessem não querem nem saber, pois podem ser desmoralizados. É um dilema dos brabos.

    E Já que eles oferecem tantos abonos, recompensas por resultados, que tal um sistema onde eles também seriam avaliados (antes de novas eleições) por metas e os que não cumprissem não pudessem sequer recandidatar? Tipo assim: só receberá (o gordo ) salário aquele que cumprisse uma agenda mínima. Não resolveria mas creio que dava uma melhorada boa.
    Abração, meu amigo! Paz e bem.

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  6. Excelente post Jaime! Muito bom mesmo!

    São tantas coisas absurdas e sem fundamentos (ou a falta delas), que vira um período pré eleitoral totalmente sem direção... Mas do que os que querem se eleger, impressionante mesmo é a falta de informação e desinteresse com nosso futuro político, dos candidatos e dos eleitores. Como disse o Cacá, aqui em cima, os sérios que a gente gostaria que lá estivessem não querem nem saber, pois podem ser desmoralizados...

    Vejo muito candidato falar de escola em tempo integral, de escola técnica, disso e daquilo, mas não vejo ninguém falando em formar cidadãos pensantes e informados, de pagar bem os professores, da falta de tudo que se tem em uma escola em tempo normal, imagina integral?
    Aqui no Rio temos o exemplo do Governador Sergio Cabral que fez bulhufas pela saúde e educação, mas exige sua propaganda eleitoral como no "Fantástico mundo de Bob" , dizendo que fez e aconteceu, mas ninguém viu foi NADA!!! E provavelmente vai ser reeleito no primeiro turno, por que quebrou uns barracos e vive como um papagaio de pirata ao lado de Lula.
    Falar é fácil, fazer é que ninguém faz...

    E quando achamos que já vimos de tudo, eis que surge: Os Tiriricas eleitoreiros e os Tiriricas votantes...

    E Brasil...

    Beijos

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  7. O horário político vende ilusões em troca de votos. Estive acompanhando o debate entre Serra, Dilma, Marina e Plínio ontem pela Record.

    Tudo é possível nessas horas. Fico impressionado com o Serra e o PSDB que desaprendeu a fazer propostas. O Serra ficou falando "eu vou fazer" o tempo todo! Parece que ele é a primeira vez que ele se lança candidato para qualquer coisa. A Dilma não transmite segurança quando ela fala.

    Mas valeu a pena pelos ataques do Plínio e as ironias dele ao questionar "como" os candidatos irão tornar os projetos deles viáveis.

    Enfim. Os outros candidatos que tenham para votar não me convencem, embora eu vote nos mais convicentes. Quem realmente quer fazer alguma coisa pela cidade/estado/país quase nunca se elege, e quando se elege, não consegue fazer muito porque a mudança depende de uma maioria que está mais preocupada em criar dossiês contra os adversários...

    Para finalizar, indico este vídeo do Alexandre Garcia que fala sobre a importância da educação e porque ela não é levada a sério pelos políticos e pelo povo brasileiro: http://www.youtube.com/watch?v=WjUNUoad7Vg

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  8. Eu fico deprimida com tantos candidatos ruins!
    A única que serve, na minha opinião, é a Marina!
    E não posso deixar de admitir que sempre que vejo o Tiririca, dou muita risada... mais ainda de escárnio... esse cara não deveria nunca ganhar, mas está esculhambando, mostrando o que nossa política realmente é: uma palhaçada!!!

    Beijos!!!!

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  9. E o pior de tudo é que passa eleição e o país continua na mesma. Promessas de campanha são bonitas só nessa época e nada saí do papel. Acho incrível como a população ainda não se conscientizou.
    É triste, mas chega a ser irônico, que muita gente pense como a segunda mulher da ilustração.

    Vanessa Sagossi
    comentandoofilme.blogspot.com

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