Obama rules!

O mundo conheceu o novo presidente da nação que ainda sustenta o poderio mundial: Barack Obama é o novo presidente dos EUA (para desespero da KKK e simpatizantes reaças).

O mundo, aliás, assiste nos últimos dias a ascensão de dois negros em situações onde havia uma espécie de hegemonia que parecia não ter fim: Lewis Hamilton foi o primeiro negro a sagrar-se campeão mundial de F-1( a categoria mais cara e "elitista" do automobilismo) e agora o negro Obama é o presidente dos EUA, coisa que o Monteiro Lobato já escrevera em 1926.

Mas por que o clima de festa, esperança e até de entusiasmo pela vitória de Barack Obama nos EUA, derrotando o republicano John McCain?

A resposta está aí. Em primeiro lugar, só pelo fato do mundo livrar-se do imbecil fundamentalista do George W.Bush já é digno de comemorações entusiásticas. A eventual vitória do republicano implicaria numa continuidade da política suicida de Bush para o mundo.

Em segundo lugar, abrem-se novas perspectivas ao retorno da diplomacia entre EUA e América Latina, cada vez mais progressista. Veja que Hugo Chavez, da Venezuela e Evo Morales, da Bolívia, já se mostram animados a retomar as boas relações com os EUA. Para entender um pouco melhor essa geopolítica, indico um excelente artigo do Eduardo Guimarães AQUI.

Na verdade, não apenas a América Latina, mas o mundo. Os EUA precisam rever suas relações para com os outros países. Os líderes de todos os países felicitaram Obama pela vitória, mas também já deram suas "cutucadas" clamando por mudanças. O presidente Lula deu suas felicitações e já mandou seu recado sobre os subsídios agrícolas e bio-combustíveis.

Até pelo discurso, a eleição de Obama mostra um avanço. Reconheceu que o planeta está em perigo, que há guerras em curso e uma crise econômica. Ora, discursos qualquer um pode fazer, mas já vemos um discurso bem diferente do fundamentalista George Bush, o qual contribuiu progressivamente e decisivamente para que o mundo se tornasse mais árido, aterrorizado e em crise ( e não apenas financeira).

Obama terá um caminhão de problemas para resolver. Desnudado sob o marketing hollywoodiano, os EUA constituem-se em uma nação doente, onde os mais pobres não possuem acesso a saúde de qualidade, com graves problemas educacionais (até o modelo da bolsa-família estão tentando viabilizar por lá) e habitacionais. Além disso, há a questão ambiental, onde os EUA são responsáveis por 20% da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, o aquecimento global, há a questão de Israel ( aliado) e da palestina, o Oriente Médio, Cuba e a América Latina.

Se vai mudar algo ou não é outra história. O sonho permanece até Janeiro, que é quando Obama assumirá de fato a Casa Branca. Grandes expectativas, às vezes, geram também grandes frustrações. Mas não custa manter algum otimismo.

Cotas
E já surgem aqueles que enxergam Obama presidente dos EUA como “fruto do sistema de cotas”e utilizam tal feito como justificativa para a implementação total do sistema no ensino superior brasileiro.

Ora, vamos devagar. Não devemos tratar de forma simplista a questão das cotas e principalmente relacionar o que é feito nos EUA com o que é feito no Brasil, até porque a miscigenação brasileira é muito maior e a questão da própria identidade não é definida por aqui.

Aliás, o próprio Obama prefere não tocar muito no assunto das cotas. Preferiu falar não apenas dos negros, mas dos pobres ( independente da “raça”), dos hispânicos, do norte-americano em geral. O posicionamento de Obama quanto às cotas é dúbio: em 1990 escreveu uma carta em que dizia ter sido beneficiado pela política de ação afirmativa, mas dez anos depois afirmara que não sabia, de fato, se sua cor ajudara no processo de admissão na faculdade.

Nos EUA esta política de ação afirmativa começa a ser questionado.

Educação de qualidade é direito universal de todos. Vários grupos de comunidades afros lutam pelo sistema de cotas nas universidades públicas brasileiras, mas em que isso efetivamente vai ajudar a educação de forma geral? Se há quem enxergue Obama como fruto de tal política, enxerguem também Condoleezza Rice e Colin Powell, representantes de uma “elite negra”, ao passo que milhares de negros norte-americanos continuam à margem dos direitos civis – e, ironicamente ou não, vários negros integram as linhas de frente de soldados que são enviados ao Afeganistão ou Iraque em guerras fabricadas por interesses econômicos diversos.


A educação básica brasileira tem sérios, seríssimos problemas para se resolver. E é preciso envolvimento de professores (se bem que estes são os últimos "bastiões" que tentam manter a escola com alguma dignidade - mesmo sozinhos e sem uma boa formação e que seja continuada), pais, sociedade e governo. O que adianta promover um sistema de ação afirmativa se a educação básica continua de péssima qualidade? Adianta destinar uma cota de vagas para alunos afro-descendentes se muitos zeram em exames vestibulares?

Cotas é sempre um assunto polêmico. Voltando à educação como direito universal, se muitos desses grupos que promovem a “conscientização” para uma política de cotas que não deixará legado algum para filhos e netos promovessem a conscientização pela melhoria do ensino público universal gratuito e de qualidade, seria uma luta nada polêmica, muito pelo contrário: todos apoiariam, diferentemente das cotas. Demore o tempo que for, mas é preciso deixar ao menos a esperança para as futuras gerações.

10 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, tb concordo sobre o sistema de cotas...

    ah, não podemos esquecer de citar que nosso novo campeão de F1 Haminton, também ganhou pelo sistema de cotas... rs!

    abraços!!!
    Larissa Guimarães

    www.larissaguimaraes.com.br

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  2. repudio o título que o deram: primeiro presidente negro a ghegar a presidência. Ainda existe o apartheid?O que importa não é a pele...e sim a cabeça

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  3. Olá Groo..........

    Incentivei alguns alunos a comentar seus textos, espero que, aos poucos, eles tomem consciência sobre a importância de uma leitura e reflexão constantes, peço desculpas se alguns escreveram coisas que não tinham nada a ver, mas ainda é preciso conscientizá-los que as palavras são armas de extrema importância para o futuro deles, a luta é árdua, mas vale tentar, né.
    Realmente me sinto feliz em ver que estamos vendo a História ser escrita bem na frente de nossos olhos, essa eleição norte-americana nos dá um sopro de esperança em relação a política externa americana, que durante a ditadura BUSH colecionou "cagadas" internacionais intervencionistas, e como bem citado por você, suas guerras políticas em busca do "ouro negro"........me veio a cabeça aquela frase "Quem viver, verá!"......estamos vendo e espero sinceramente que isto inspire outros líderes mundiais....

    grande abraço.....

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  4. well ..... agora veremos se Obama será um lider ou somente um falastrão
    vestibular é um exame para avaliar conhecimento, distribuição de cotas é uma hipocrisia

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  5. Alguem poderia explicar todas essas manifestações de felicidade da mídia hipócrita brasileira e de gigantesca parte da direita e seus cumplices,com a vitoria do Obama?.
    Hoje eu vi em alguns telejornais varios entrevistados serem podados ao comparar a eleição de Obama com a de Lula,logico isso não interessa a ninguem e por falar em interessar,´parece que ja aumentou a venda de velas pretas,consta que Serra encomendou varios pacotes pedindo que as mudanças e surpresas eleitorais tenham acabado de vez,seu maior medo? a eleiçao da primeira mulher presidente do Brasil,hauahauahau.
    até mais ver .....

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  6. Oi, Groo.

    Bem por aí? Aposto que Salvador está ardendo em calor.

    A ilustração está muito engraçada.

    O Presidente Negro é um livro excelente, né? Lobato era mesmo um homem visionário. E, muitíssimo bem humorado. Amo isso. Não imagina o quanto...

    Quanto ao sistema de cotas, sabe, posso até ser apedrejada, mas não creio ser tão simples assim. Há de se ponderar, porque há situações e situações. Há contextos que não vivenciamos. Ou, que eu não vivenciei, portanto, o que me parece injusto, pode, em algum lugar, ser o justo de "alguéns".
    Sempre, sempre, fico com a liberdade, o direito de escolha e a superação. Torço pelo talento, pelo merecimento e pela igualdade de direitos. Mas também torço pelo fim da hipocrisia. Mais do que qualquer outra coisa. É fácil ser contra, quando não se precisa e a favor, quando se é minoria. Mas e depois? A igualdade não é senso comum. Impõe, normalmente, sacrifícios, de ambos os lados. "Dominantes" e "dominados".
    Cá no meu mundo, gostaria de presenciar o dia em que vencerão os que têm boa vontade, verdade e talento, independente de etnia e credo. Talvez a partir daí, sejamos todos vencedores, de um jeito ou de outro.

    Beijo, viu?

    P.S. Tive de rir com seu comentário sobre os mestres e doutores. Ah, vá. Não é tão ruim assim. Você me colocou na "baciada". ;)
    E, já que não gosta muito dessa vaidade intelectual, que tal ser um mestre ou um doutor, que não precisa disso, hum?
    Precisamos de gente que faça, ao invés de gente que só fala. Titulados que amem a sala de aula. Talvez por isso, Groo, a gente rale tanto, né?

    Beijinho.

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  7. Groo, meu grande amigo. Não falei disso no meu espaço pq esperava a sua opinião, e mais uma vez vc favoreceu a minha preguiça e como sempre, melhor que meus pensamentos. Não creio em grandes mudanças, mas Obama lá é um passo a mais para não termos que valorizar tanto as eleições dos EUA!

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  8. eu torci pro Obama e estou feliz com a candidatura dele, mas enfim sei la nao entendo mto de politica, e as cotas sao um assunto mto alem da minhca capacidade argumentativa.

    Mas nao sou mto fã do etanol. Justamente pq sou meio ambientalista e pq vi uma palestra estes dias q me deixou pensativa, quem sabe eu escreva sobre isso.

    beijao

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  9. Em primeiro lugar, parabéns pelo blog! Artigos reflexivos e muito bem escritos.

    Fiquei feliz pela vitória de Obama, peincipalmente pela guinada que ele representa na política externa (e interna!) dos Estados Unidos, que têm ido para o buraco sob o comando do demente George Bush.
    Também ressalto o fato histórico de Obama ser o primeiro negro a alcançar a presidência daquele país, onde há menos de 50 anos havia uma odiosa segregação racial, equivalente à da Africa do Sul dos velhos tempos. Se até o apartheid caiu...
    Claro que nem tudo serão rosas. A crise braba está aí, e Obama terá enormes desafios pela frente. Torço para que ele tenha serenidade e sabedoria para tomar sempre a melhor decisão.

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  10. É verdade, vamos ver se grande parte da população agora consiga enxergar que a leitura e a reflexão são importantes para o nosso futuro.
    Vamos ver se Obama fará diferente de Bush.
    Agora é a chance de Obama fazer diferente e mostrar e ele sim estará ajudando.Esperamos que ele faça o melhor.

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